26 dezembro 2016
A Espiral do Tempo
O futuro é a repetição cíclica do passado, mas numa oitava acima. Andamos infinitamente ao longo do tempo 4D, do passado em direção ao futuro, em um presente eterno. Desse modo, vemos uma dinâmica que permeia todo o Universo em vários níveis: da Atração Máxima à Separação Total, do EROS ao CAOS, ou de pequenos ciclos de construção como desmontar e montar, num incessante ritmo que faz girar toda a roda do Tempo e do Universo.
Agora estamos entrando naquele momento em que um círculo se fecha e um novo começa a se desenhar. Feliz Ano Novo (seja isso o que quer que signifique na vastidão do Tempo Cósmico).
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21 dezembro 2016
Ó Árvore...
No inverno, toda a vegetação das florestas temperadas perde suas folhas e a paisagem se torna escura e sem vida. Juntamente com o declínio da temperatura, a diminuição do período luminoso do dia e o desaparecimento dos animais silvestres, que entram em hibernação, estes sinais eram interpretados pelos antigos como um afastamento da Deusa Mãe, uma morte da Natureza. Pairava no ar o medo de que a Grande Mãe não mais retornasse e de que o mundo caísse num período de "Trevas Eternas". Esta longa noite ameaçadora provavelmente rondava o Inconsciente Coletivo como uma reminiscência perdida do último período glacial, vivido até há aproximadamente 12 mil anos.
Porém, um tipo específico de árvore insistia em manter suas folhas verdes mesmo neste período nefasto: o pinheiro. Os pinheiros eram portanto considerados sagrados e símbolos máximos da persistência da Natureza que, apesar da aparência e contra todos os indícios, continuava viva em seu recolhimento secreto no fundo da terra. Desta forma, quando encontravam um pinheiro verde na floresta, estes povos antigos festejavam ao seu redor e o enfeitavam com objetos coloridos e brilhantes, celebrando a esperança do renascimento da Deusa, numa nova Primavera que viria. Esta esperança era simbolizada por uma estrela, já que era pela observação do céu noturno que as velhas sábias diriam quando seria esta época de ressurreição.
O dia mais frio e escuro do ano é o dia 21 de Dezembro, no Hemisfério Norte, de onde provém toda a nossa tradição cultural. A partir deste dia, as noites se tornam progressivamente menores e o frio tende a diminuir muito lentamente. O festejo do Solstício de Inverno, esta longa e fria noite, deu origem ao conceito de Natal, bem como, a celebração da esperança no verde pinheiro deu origem à Árvore de Natal. O renascimento da Natureza se dá no Equinócio de Primavera do Hemisfério Norte, que ocorre em 20 de Março e era festejado pelos antigos com ovos pintados com cores fortes, simbolizando a ressurreição da Deusa, vinda do Mundo Inferior de volta à superfície. O coelho, um dos animais que hibernam, reaparecia na floresta e dizia-se que ele trazia a vida no verde novo que se espalhava. Nestas celebrações, tem origem a ideia da Páscoa.
31 outubro 2016
Halloween
Não se deve usar o termo
"bruxa", pois ele tem origem no verbo italiano "bruciare",
que significa "queimar". Quando pessoas condenadas pela Inquisição seguiam
para o Auto de Fé, onde seriam queimadas na fogueira, a população encolerizada
gritava "brucia, brucia!", ou seja: "queima, queima!".
Portanto, chame as mulheres audazes, capazes e independentes de
"feiticeiras" e os homens sensíveis e com uma boa ligação com o
próprio inconsciente de "magos". A palavra "magia" provém do Persa magus
ou magi, que significa "sábio". Da palavra magi, também
surgiram outras tais como magister, magista, "magistério",
"magistral" e "magno". Já a palavra Feitiço vem do Latim: facticius, significa artificial ou
fictício é um artefato ou objeto fabricado. Assim, "feitiçaria" é
"saber fazer".
Magos e feiticeiras precisam
sempre de uma "vara de condão". Estes objetos têm o poder mágico de
criar o círculo sagrado, que repete em sua geometria as formas dos ciclos da
Grande Mãe, a Natureza, dentro do qual a magia pode se processar. Magos,
ligados naturalmente aos céus e seus ciclos planetários, desenham com longas varas
círculos no ar, sobre suas cabeças. Com a perseguição à Religião Antiga, como
era chamada a fé matriarcal, eles disfarçavam essas varas mágicas sob a forma
de cajados de apoio. Já as feiticeiras usavam suas varas disfarçadas em forma
de vassoura: prendiam em uma das pontas várias ervas medicinais e aromáticas e
desenhavam no chão, telúricas como eram, os ciclos da Natureza que eram vistos
na terra. Dentro destes círculos sagrados, a magia podia se processar. Já o
chapéu pontudo é muito utilizado porque a forma do cone é considerada como a
pirâmide perfeita, de base circular ou elíptica que diminui uniformemente seu
diâmetro, terminando em ponta. As energias que se colocarem dentro desta forma
geométrica serão elevadas a um só ponto, o que faz com que se elevem às
vibrações e com isto a capacidade de comunicação com os seres etéreos. A magia
assim processada era eminentemente psíquica e muitas vezes consistia num
transe, numa espécie de viagem astral, onde feiticeiras e magos
"voavam" fora de seus corpos e descobriam as verdades da Natureza.
Toda a magia é baseada na
união dos quatro elementos a um quinto elemento: o Éter. Terra, Água, Ar e Fogo
encontram sua transcendência no Éter e formam o símbolo da estrela de 5 pontas,
o Pentaclo, também típica de feiticeiras e magos. O caldeirão une em si estes
quatro elementos e abre as portas dimensionais para o quinto elemento. Magos e
feiticeiras podem utilizar a energia de minerais, cristais (Terra); fazer poções,
alquimia (Água); utilizar palavras mágicas, mantras (Ar) ou se valer de energias puras
(Fogo). De toda forma, atinge-se, unindo estes elementos ou utilizando-os separadamente,
o encantamento representado pelo Éter. Para criar esta harmonia, a música era peça fundamental e muitas vezes a harpa ou instrumentos de percussão eram utilizados em rituais e encantamentos.
Desta forma, a magia nada mais
é do que a soma dos segredos da Natureza e a sua relação com o humano, criando,
assim, um conjunto de teorias e práticas que visam ao desenvolvimento integral
das faculdades internas espirituais e ocultas, até que se tenha o domínio total
sobre si mesmo e, consequentemente, sobre a Natureza. A magia é então um longo
processo de autoconhecimento e auto-aprimoramento. A concentração em tarefas repetitivas, como fiar, bordar, tecer ou fazer contagens, ajudava a atingir o estado meditativo e a se conseguir um perfeito autocontrole. A respiração era modulada por longas "palavras mágicas" e exercícios respiratórios específicos. A dança era outro ingrediente importante.
O calendário utilizado por
feiticeiras e magos é evidentemente baseado em ritmos femininos, como a Lua e
as estações do ano. Desta forma, as datas mais sagradas sempre são os
Equinócios e os Solstícios, bem como as datas intermediárias entre estes pontos
cardeais do tempo. A qualidade de qualquer magia é sempre modulada pela fase da
lua, onde a Crescente aumenta, a Lua Cheia revela e a minguante diminui (seja o
que for que se esteja trabalhando), enquanto na Lua Negra (chamada pelos
patriarcais eufemicamente de "Lua Nova"), pede recolhimento e
interrompe a magia. A utilização dos pontos cardeais do espaço também é necessária
e uma feiticeira ou um mago sempre se orienta pelo nascer do Sol (Oriente) e se
norteia pela Estrela Polar (Norte).
tradições do Halloween
originaram-se do antigo festival celta da colheita, coincidente com o auge do
outono do Hemisfério Norte: o Samhain, e que esta festividade gaélica foi
cristianizada pela Igreja primitiva. No Samhain se comemora a passagem do ano
dos celtas. Nesta época acreditava-se que as almas dos mortos retornavam a suas
casas para visitar os familiares, para buscar alimento e se aquecerem no fogo
da lareira. Era também a época em que o Sídhe deixava antever o outro mundo. O
nevoeiro mágico que separa os mundos, dispersava no Samhain e os elfos podiam
ser vistos pelos humanos. A fronteira entre o Outro Mundo e o mundo real
desaparecia.
Samhain – 31 de Outubro
A Noite Sagrada
A Noite Sagrada
Rainha das Sombras
Ciclos infindáveis da árvore de prata,
Da infinita alegria à triste lembrança,
Um tempo passado e repassado,
Que jamais volta atrás
Caminha pela estrada da vida
Verde esmeralda dos ancestrais,
Festejando a escuridão de Samhain
Pois a Roda gira sem parar
Rumo ao novo despertar
Awen, Senhora Mor Rioghain!
Da infinita alegria à triste lembrança,
Um tempo passado e repassado,
Que jamais volta atrás
Caminha pela estrada da vida
Verde esmeralda dos ancestrais,
Festejando a escuridão de Samhain
Pois a Roda gira sem parar
Rumo ao novo despertar
Awen, Senhora Mor Rioghain!
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04 agosto 2016
Tudo sobre as OLIMPÍADAS
As Origens
A origem das Olimpíadas data de há aproximadamente dois mil
e quinhentos anos. Pouco se sabe sobre seu começo, envolto na aura de lenda que
sempre cerca os grandes acontecimentos ou façanhas de seus heróis. A mais
famosa tem Hércules como personagem principal. Hércules foi um dos heróis da
mitologia grega, cujo deus supremo, Zeus, era justamente seu pai. Sendo seu
filho, ele nasceu com muita força e muitos poderes. Hércules, num acesso de
loucura, acabou por assassinar sua própria esposa e seus filhos. Para expiar
seus pecados, o herói foi obrigado a executar 12 trabalhos tidos como
impossíveis. Depois de muitas aventuras o herói conseguiu concluir todas as
suas tarefas, e insatisfeito com as recompensas que recebera, resolveu criar os
Jogos Olímpicos para homenagear Zeus e a si mesmo.
Outro
belíssimo mito que nos fala das razões para que os Jogos Olímpicos ocorressem é
o mito de Apolo e Dafne. Apolo, o orgulhoso e pomposo deus do sol, certa vez
estava treinando o arco com suas flechas douradas que simbolizam os raios
solares. Por ali perto passava Eros, o deus do amor, trazendo também
seu arco e suas flechas. Apolo, muito
arrogante, disse a Eros que o melhor seria qu Eros desistisse de usar o arco,
pois todos sabiam que o melhor arqueiro do Olimpo era ele mesmo: o próprio
Apolo. Bastante chateado com a provocação, Eros nem se deu ao trabalho de
responder, mas subiu até o alto de uma colina e de lá mirou bem o corção de
Apolo, flechando-o com uma flechas da paixão. Como passava ao largo uma bela
ninfa chamada Dafne, Apolo por ela imediatamente se apaixonou. Porém, o
ardiloso Eros tomou o cuidado de flechar o coração de Dafne com a flecha da
indiferença. Apolo, vendo-se então rejeitado pela ninfa, passou a persegui-la
por toda a Grécia. Cansada e desesperada com tamanho assédio, Dafne pede à
deusa da Justiça para que pusesse um fim ao seu suplício. Penalizada, a Justiça
transformou Dafne em uma bela árvore: o loureiro (“dafne” em grego significa
“loureiro”). Vendo sua amada irremediavelmente afastada de sua paixão, o grande
Apolo sentou-se à sombra do loureiro e chorou, curvando-se ao poder do amor.
Mais tarde, Apolo colheu algumas folhas de louro e faz para si uma coroa
trançada para levar sempre consigo uma lembrança de Dafne. Ainda ordenou aos
mortais que naquele local, ao redor do loureiro, fossem realizados, a cada
quatro anos, jogos desportivos em honra de Dafne, como era costume que se
fizesse na Grécia Antiga para celebrar os mortos. Aquele local era a cidade de
Olímpia e os jogos a Dafne ficaram conhecidos como Olimpíadas. Os maiores
heróis da Grécia antiga sempre rumaram para Olímpia a fim de testar suas
habilidades esportivas e competir. Aos vencedores era oferecida uma coroa de
louros, os louros da vitória, como símbolo do reconhecimento do deus Apolo.
A História
Existem
indícios de que, durante muito tempo, os Jogos Olímpicos deixaram de ser
disputados. Conta-se que, no ano 884 a.C., algo muito grave ocorreu na região grega
de Élida: uma peste assolou toda a área. Desesperado com o que estava
acontecendo, o rei Ífito foi consultar a sacerdotisa Pítia e foi nesse ponto
que a lenda novamente se confundiu com a história: os deuses só fariam cessar a
peste se voltassem os Jogos Olímpicos. Assim, os jogos retornaram e passaram a
ser realizados regularmente, de quatro em quatro anos. Oficialmente, porém, as
provas se contaram a partir de 776 a.C., quando se iniciou o registro dos nomes
dos campeões.
Quando
se fala em Jogos Olímpicos, é preciso deixar claro que as competições atuais,
com o mesmo nome e realizadas a cada quatro anos, guardam determinadas semelhanças
e diferentes com os eventos gregos de 2.500 anos antes. No primeiro caso, pelo
sistema grego de divisão de tempo, o espaço no calendário entre os jogos era de
quatro anos. Este método de contar o tempo tornou-se comum por volta de 300
a.C. Todos os eventos eram datados a partir de 776 a.C., o início da primeira
olimpíada conhecida. Por volta de 775 a.C., os reis de Pisa, Esparta e Ilía
firmaram um tratado de paz (o Ekeheiria). Esse acordo foi consagrado meses
depois em Olímpia, quando se reuniram os principais atletas dos três feudos.
Num disco de pedra, foram inscritas as regras básicas desse acordo, com a
assinatura dos três reis. E é nessa pedra que é encontrada a frase: “Jogos
Olímpicos de Ekeheiria”. A partir desta data, os demais feudos começaram a
organizar atividades internas, para selecionar seus melhores atletas. Em 724 a.
C., foi programado então, além da corrida a pé, uma prova em dois estádios, ou
seja, duas voltas na pista. Mais tarde, foi organizada uma prova de
resistência, com 24 voltas. Em 708 a. C, o Pentatlo era disputado, consistindo
de uma corrida de velocidade, duas disputas de arremesso de dardo e disco,
salto em distância e uma luta. Em seguida, esses jogos começaram a atrair
atletas de outras colônias da Grécia, da África e das costas do mar
Mediterrâneo. Foi quando os jogos passaram a contar com um programa e conceitos
rigorosos.
Assim, eles passaram a ter uma
cerimônia de abertura, com o juramento dos atletas sobre o sangue do sacrifício
de animais. No segundo dia, eram disputados o Pentatlo, as corridas de
charretes de quatro rodas (puxadas por dois ou quatro cavalos). No terceiro
dia, era a vez das corridas. No quatro, as lutas livres ou com punho. No
quinto, a distribuição dos prêmios durante um banquete.
Inicialmente,
as competições eram estritamente masculinas, mas acabou-se permitindo que as
mulheres passassem a organizar um torneio paralelo, chamado de Heraea, na
metade de cada intervalo de quatro anos. A primeira participação das mulheres
em competições ocorreu em 750 a. C., durante uma festa de casamento. Seis anos
depois, essas mulheres conseguiram autorização para participação integral nos
jogos. Como a participação nos jogos era considerada uma homenagem monumental,
só podiam se inscrever nas provas atletas de passado limpo e de caráter
inabalado. Os escravos e aqueles que tinham uma "marca" negativa em
seu currículo eram impedidos de participar das competições. Os prêmios para os
vencedores eram uma folha de palmeira e uma coroa de ramos trançados de
oliveira: os famosos louros da vitória.
Em
456 a. C., Roma invadiu a Grécia, que perdeu sua independência, mas os romanos
procuraram manter viva a tradição dos jogos e passaram a estimular seus jovens
a desafiarem os helênicos. Foi quando os
Jogos da Paz acabaram se transformando em jogos da discórdia e da corrupção.
Para superar os helênicos, Roma profissionalizou seus atletas e, quando estes
não conseguiam vencer os gregos nas disputas, procuravam subornar seus
adversários. A influência do dinheiro aumentou então a ira entre invasores e
dominados. Em 17 a.C. o imperador Tibério e seu sobrinho Germânicus não
pouparam esforços (inclusive a sedução) para vencerem a quadriga dupla. Em 67
a.C., o louco imperador Nero ganhou o prêmio da quadriga, depois de ter
ameaçado seus adversários. Ele ainda exigiu ganhar o prêmio de poesia. Com
isso, os jogos perderam todo o conceito que tinham de ética e moral.
No
século 6, um terremoto arrasou parte de Olímpia e seu estádio. Depois, uma
avalanche, seguida de inundação, atolou as ruínas embaixo de seis metros de
terra e pedras. Por muitos anos, Olímpia ficou esquecida.
As Olimpíadas Modernas
Em 23 de junho de 1894, foi criado em Paris o COI
(Comitê Olímpico Internacional). Seu objetivo: reviver as competições da
Antigüidade. O principal fator deste renascimento foram as escavações, em 1852,
das ruínas do templo de Olímpia onde aconteciam os Jogos nos tempos ancestrais.
A redescoberta da história das olimpíadas provocou um renascimento dos valores
esportivos do gregos antigos. A iniciativa partira do historiador francês Charles
Louis de Feddy, Barão Pierre de Coubertin. Dois anos depois, 295 atletas de 13
nações disputavam em Atenas os primeiros Jogos Olímpicos da Era Moderna. Tratava-se de uma mistura de
amadores, esportistas de segunda categoria e equipes improvisadas - sem
mulheres. Inicialmente, os Jogos Olímpicos da Era Moderna não foram levados a
sério pelas entidades esportivas nacionais. Mas os jogos seguintes, em Paris e,
sobretudo os de Londres, em 1908, ajudaram a consolidar a competição. A
competição havia sido idealizada anos antes, mas foi necessário transpor uma
série de obstáculos.
Coubertin por pensar numa medição de
força corporal no estilo da Olimpíada grega, ele era ridicularizado e, na
maioria da vezes, ignorado. O jovem barão era um patriota profundamente
preocupado com a situação de sua "grande nação". Na sua opinião, a
França, no final do século 19, estava enfraquecida pelas constantes trocas de
governo e derrotas militares. Seu objetivo, portanto, era "arrancar os
jovens indolentes dos botecos e torná-los pessoas de caráter e fisicamente em
forma". Ele almejava um equilíbrio entre treino corporal e formação
intelectual. Para concretizar suas idéias, o Barão de Coubertin criou um Comitê
de Propagação dos Exercícios Físicos na Educação. Ele procurou patrocinadores,
sob o argumento de que o futuro da França estava em jogo. Para o historiador, o
cenário ideal para incentivar o fisiculturismo seria uma competição à moda dos
Jogos Olímpicos, que já não eram mais realizados há 1500 anos. Longe dos
nacionalismos mesquinhos, os povos deveriam participar de uma competição
pacífica, como na Grécia Antiga. É daí que vem a máxima "o importante é
competir", ou seja, o importante é que países que se odeiam, raças que se
discriminam, aceitem os mesmos critérios de excelência física, de rivalidade
corporal. A Bandeira Olímpica, desenhada pelo Barão de Coubertin em 1913, com
os cinco círculos coloridos entrelaçados, simboliza os cinco continentes em
uma harmonia global: o azul representa a Europa, o amarelo Ásia, o preto a
África, o verde a América e o vermelho a Oceania. O fundo branco, bem como o
símbolo da pomba, representam a paz.
O
poder do esporte e, principalmente, das Olimpíadas foi logo reconhecido pelos
nazistas. Os Jogos de 1936, em Berlim, transformaram-se em instrumento de
propaganda. Nos anos seguintes, passaram a ser meio de pressão política. Hoje o
espetáculo conserva apenas tênues lembranças da filosofia olímpica original, de
confraternização entre os povos. Em 1896, pensou-se que guerras, conflitos,
rivalidades e uso da violência seriam deixados de lado durante as Olimpíadas.
Imaginava-se que, durante a competição, reinariam o entendimento, a cooperação,
o conhecimento mútuo e a solidariedade. Justo ao contrário do imaginado, foram
os Jogos Olímpicos que foram cancelados por 3 vezes, devido aos acontecimentos
da Primeira e da Segunda Grandes Guerras. Igualmente lastimável e anti-olímpica
foi a iniciativa dos Estados Unidos de boicotar os Jogos de Moscou em 1980.
O
mercantilismo, como sempre, tomou conta dos Jogos Olímpicos, que se tornaram um
negócio multimilionário: a publicidade dos acessórios esportivos transformam os
atletas em homens-sanduíche, cobertos por anúncios. O marketing associa, descaradamente, o consumo de certos produtos aos
Jogos. O olimpismo era sinônimo de
amadorismo, uma espécie de amor pelo esporte. Contudo, o profissionalismo dos
competidores virou regra geral. As "fraudes" contra o amadorismo
remontam aos tempos da Guerra Fria. No bloco soviético, os atletas eram
funcionários do Estado. Do lado americano, o atleta recebia uma bolsa de uma
universidade qualquer e também se dedicava integralmente ao esporte. O idealismo
e a pureza que o Barão de Coubertin desejava imprimir à competição, no mesmo
espírito da Olimpíada grega que, além do caráter competitivo, possuía também um
significado religioso, mas a ideia morreu ao
longo dos anos.
Oficialmente a partir de 5 de Agosto de 2016 estão abertos os 31º Jogos Olímpicos da Era Moderna no Rio de Janeiro, Brasil. Os próximos Jogos Olímpicos ocorrerão em Tóquio, Japão, em 2020. Os Jogos Paralímpicos envolvendo pessoas com deficiência, incluem atletas com deficiências físicas (de mobilidade, amputações, cegueira ou paralisia cerebral), além de deficientes mentais. Realizados pela primeira vez em 1960 em Roma, Itália, têm sua origem em Stoke Mandeville, na Inglaterra, onde ocorreram as primeiras competições esportivas para deficientes físicos, como forma de reabilitar militares feridos na Segunda Guerra Mundial. Atualmente ocorrem em seguida aos Jogos Olímpicos e sua 15ª edição terá início em 7 de Setembro, no Rio de Janeiro, Brasil. Os Jogos Olímpicos de inverno são também disputados a cada quatro anos desde 1924 e os próximos a se realizarem, serão os 23º Jogos Olímpicos de inverno em Pyeongchang, Coréia do Sul, em 2018. As Paralimpíadas de Inverno de 2018 serão celebradas no mesmo local.
Oficialmente a partir de 5 de Agosto de 2016 estão abertos os 31º Jogos Olímpicos da Era Moderna no Rio de Janeiro, Brasil. Os próximos Jogos Olímpicos ocorrerão em Tóquio, Japão, em 2020. Os Jogos Paralímpicos envolvendo pessoas com deficiência, incluem atletas com deficiências físicas (de mobilidade, amputações, cegueira ou paralisia cerebral), além de deficientes mentais. Realizados pela primeira vez em 1960 em Roma, Itália, têm sua origem em Stoke Mandeville, na Inglaterra, onde ocorreram as primeiras competições esportivas para deficientes físicos, como forma de reabilitar militares feridos na Segunda Guerra Mundial. Atualmente ocorrem em seguida aos Jogos Olímpicos e sua 15ª edição terá início em 7 de Setembro, no Rio de Janeiro, Brasil. Os Jogos Olímpicos de inverno são também disputados a cada quatro anos desde 1924 e os próximos a se realizarem, serão os 23º Jogos Olímpicos de inverno em Pyeongchang, Coréia do Sul, em 2018. As Paralimpíadas de Inverno de 2018 serão celebradas no mesmo local.
23 junho 2016
Androginia
"Inventemos um Imperialismo Andrógino reunindo as qualidades
masculinas e femininas; um imperialismo alimentado de todas as sutilezas
femininas e de todas as forças de estruração masculinas. Realizemos Apolo espiritualmente.
Não uma fusão do cristianismo e do paganismo, mas uma evasão do cristianismo,
uma simples e estrita transcendência do paganismo, uma reconstrução
transcendental do espírito pagão"
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Fernando Pessoa
O termo "androginia" vem do grego "andros", homem, masculino e "gimnos", mulher, feminino e foi pela primeira vez utilizado, que se tenha notícia, por Platão no texto "O Banquete". Lá nos conta Platão, através do discurso de Aristóphanes, que o Ser Humano possuía originalmente três sexos e não dois como hoje em dia. Isso era assim, pois os deuses o criaram inspirando-se na Lua, criando os seres femininos, no Sol, criando os seres masculinos e na Terra, criando os seres andróginos. Temeroso de que o Ser Humano pudesse vir a destronar os deuses, Zeus ordenou a Hefésto e a Apolo para que descessem e cortassem os humanos na metade, para que assim eles passassem o resto da eternidade procurando suas metades perdidas e não se lembrassem de tomar o poder do universo das mãos dos deuses. Desta forma, foram criados homens e mulheres e aquelas mulheres que são oriundas de cortes de seres lunares, passam a vida a buscar a completude em outras mulheres, bem como os homens que são oriundos de cortes de seres solares, buscam completarem-se em outros homens. Os que foram um dia parte de um andrógino, buscam completarem-se no sexo oposto e, tal como a Terra, ao unirem-se conseguem criar uma nova vida.
Esta idéia de que os deuses têm medo de que um dia o Ser Humano possa lhes destronar é arquetípica e pode ser facilmente encontrada em todas as religiões. Na Bíblia, no Gênesis Yehovah teme que Adão e Eva venham a se tornarem deuses e os proíbe de comer do fruto da árvore do conhecimento do Bem e do Mal. Porém, tentados por Lúcifer, Adão e Eva acabam lançando mão do fruto proibido e seus olhos se abriram e eles viram. “eis ai que está feito, Adão como um de nós, conhecedor do Bem e do Mal”. Para ter certeza de que o Ser Humano também não lançaria mão do fruto da Árvore da Vida e adquirisse a Vida Eterna, tornando-se definitivamente um deus, Yehovah expulsou então ambos do paraíso e colocou à sua porta um querubim com uma espada flamejante para impedir o seu retorno. Da mesma maneira e compartilhando do mesmo medo, a Mitologia Suméria nos mostra os Anunnaki: estes deuses, também têm muito medo de que o Ser Humano pudesse vir a se independizar e a tornar-se livre de seu jugo.
Uma grande exceção no que diz respeito a este medo arquetípico da divindade em relação a uma possível independização humana é a postura cristã. Cristo se apresenta como o Salvador (“Sóter”), como o segundo Adão que vem redimir a queda da Humanidade, trazendo o caminho para a Vida Eterna, sendo ele mesmo o fruto da Árvore da Vida, transformando a existência mortal em uma existência divina. Cristo é então o redentor, aquele que apresenta um Deus superior, feito de perdão e amor e não mais de ódio, vingança e egoísmo. Cristo aceita a todos no mundo do Pai (“Abbah”), cada qual como é, sem exigências, sem regras e funda uma religião universal (“Katholike Eklesia”) que se coloca acima das nações e dos povos, dos interesses políticos e econômicos.
Deste ponto de vista, superando-se então uma visão sexista embutida nas religiões patriarcais, entende-se a imagem de Deus (Imago Dei) como uma figura andrógina por excelência. Na tradição hebraica Deus tem um lado masculino, Yehovah e outro feminino: Sheknah. Evidentemente o lado masculino acabou sobrepujando o lado feminino, como reflexo da postura machista da própria religião judaica. Com reflexo da Imagem de Deus, os anjos são igualmente andróginos e por isso costuma-se dizer que os anjos não têm sexo. Na verdade os anjos têm os dois sexos! No Cristianismo o famoso “Deus Pai” seria originalmente “Deus Pai-Mãe”, um deus-deusa, superior a esta divisão sexista. No Budismo se há o Buddha, há também Cannon, seu lado feminino. Se há um deus do céu, há sempre uma deusa da Terra. Deus seria, portanto, andrógino. Mesmo na Biologia e na teoria da Evolução das Espécies admite-se que a origem de toda a vida provém de seres unicelulares andróginos que se reproduziam (e ainda se reproduzem) de forma assexuada.
Na Babilônia, o deus Lua Sinn era invocado como “Ó, Mãe-Útero, geradora de todas as coisas, Ó, Piedoso Pai que tomou sob seus cuidados o mundo todo”. Assim como T’ai Yuan, mulher sagrada de antigos mitos chineses, conjugava Yang (o princípio masculino) e Yin (o princípio feminino). No taoísmo, os princípios se unem para formar o Tao manifesto. No hinduísmo, Shiva e Shakti, os primeiros deuses de certas versões da cosmogênese hindu, formavam, no início, um só corpo, na manifestação chamada Ardhanarisha, o “Senhor Meio Mulher”. Entre os antigos persas, Meshia e Neshiane formavam um só indivíduo. “Ensinavam também que o homem era produto da Árvore da Vida e crescia em pares andróginos, até que estes pares foram separados devido a uma subsequente modificação da forma humana”. No Talmud e no Zohar a androginia também está explícita: O nome Adão foi compreendido como englobando macho e fêmea (Adam Kadmon). “A fêmea estava atada ao lado do macho e Deus mergulhou o macho em um profundo torpor e ele ficou estendido sobre o terreno do Templo. Então Deus separou-a dele e paramentou-a como uma noiva”. No Gênesis, aparece de forma mais implícita: “E Deus criou o homem à sua imagem, na Divina imagem Ele os criou; macho e fêmea os criou”. A mais respeitável obra judaica sobre a interpretação do Gênesis, o Midrash Rabbah, diz textualmente: “Quando o Sagrado, Abençoado seja Ele, criou o primeiro homem, Ele o criou andrógino”.
Seguindo-se o mesmo raciocínio, sabe-se que o Espírito Humano é igualmente andrógino. Todos nós temos em nós nossa porção masculina e nossa porção feminina. Carl Gustav Jung percebeu isso e denominou Ânima a porção feminina que os homens guardam no profundo de seu Inconsciente e Ânimus a porção masculina das mulheres, igualmente guardada no fundo do Inconsciente. O estudo que Jung fez sobre Alquimia revelou que esta antiga tradição já há muito compreendia a verdadeira natureza andrógina do Ser Humano e preconizava que a transmutação dos metais e a descoberta da Pedra Filosofal se fizesse necessariamente através de uma fase que se conhece como União dos Opostos (Mysterium Conjuctionis), onde o masculino se funde ao feminino, seja nos metais (o chumbo se une à prata, o estanho ao mercúrio, o ferro ao cobre), seja no Ser Humano (o Andrógino Alquímico) seja no Universo (Ouroborus).
Na “Antropogênese”, terceiro volume de “A Doutrina Secreta”, Helena Blavatsky, após várias explanações e citações de antigos textos, diz que “o ponto em que insistimos no momento é que, seja qual for a origem atribuída ao homem, a sua evolução se processou na seguinte ordem: 1º ele foi sem sexo, como o são todas as formas primitivas; 2º depois, por uma transição natural, converteu-se em um ‘hermafrodita solitário’, um ser bissexual; e 3º deu-se finalmente a separação e ele se tornou o que hoje é”. Como em toda a grande obra exposta por Blavatsky, as considerações são sempre seguidas de comparações entre as diversas filosofias, religiões e ciências, mostrando que, ainda que de forma diferente, elas sempre têm a mesma base e, portanto, chegam à mesma conclusão. “A Ciência ensina que todas as formas primitivas, embora sem sexo, ‘possuem, contudo, a faculdade de passar pelo processo de uma multiplicação assexual’”, e indaga, “por que então seria excluído o homem dessa lei da Natureza”? Rudolf Steiner também percebeu esta androginia do Espírito Humano e afirmou que para mantermos um equilíbrio entre nossas porções masculina e feminina, alternamos nosso sexo físico ao longo das encarnações.
Sendo então o Espírito Humano andrógino por natureza e em sua essência e origem e a separação dos sexos apenas uma ilusão criada pela materialidade e pela existência do corpo físico, com o processo evolutivo da Humanidade, no qual mais e mais do Espírito vai-se aos poucos conseguindo trazer para a existência, seria (e é) inevitável que uma consciência desta androginia mais cedo ou mais tarde aparecesse. Pois é exatamente isso que vem acontecendo na Humanidade. Até há alguns anos a definição de gênero era uma definição simples e dualista: homens e mulheres compunham a espécie humana. Os papéis e as posturas sociais de cada gênero eram muitíssimo claras e definidas. Com o avançar do Século XX e, mais ainda, com o início do Século XXI, uma nova visão sobre os gêneros e a sexualidade humana aflorou e veio confrontar a instituição moral vigente na sociedade. Os gêneros humanos se multiplicaram, frutos de uma nova consciência sobre a própria sexualidade e frutos da tecnologia aplicada. As formas de relacionamento assumiram facetas plurais e fluidas. Como resultado desta mudança, emergiu o conceito da “pansexualidade”, múltipla e mutável e, em última análise, tão diversa quanto diversos são os indivíduos humanos.
Vivemos uma era pós penicilina, pós pílula, pós liberação da mulher, pós liberação gay, pós AIDS e pós Viagra. Todos os tabus possíveis de serem superados em relação ao sexo já o foram ou têm possibilidade de o serem. Isso quer dizer que cada qual pode, se quiser, viver plenamente sua própria sexualidade seja ela qual for e se não o faz, está apenas perdendo seu tempo. No entanto, vivemos igualmente uma época em que há uma superestimação sexual que nos é imposta pelos meios de comunicação e pelas campanhas de marketing. O Marketing usa atualmente o desejo pela realização sexual para impulsionar suas vendas e desta forma é a única força que atrapalha a plena realização da mesma. Se por um lado a monogamia heterossexual nos é apresentada em todos os filmes, em todas as novelas e em todas as campanhas publicitárias como sendo a forma “normal” e “correta” de relacionar-se, por outro lado, somos bombardeados com infinitos apelos sexuais que nos lembram das possibilidades inúmeras de realizações alternativas. Este parece ser o paradoxo da sexualidade deste início do Século XXI.
Mesmo se analisarmos os relacionamentos na questão de escolha de sexos, veremos que há uma variação enorme de condições sexuais humanas, tendo em vista que a homossexualidade tem conseguido um espaço crescente na luta por sua aceitação na sociedade. Há autores que chegam a afirmar que atualmente os gêneros humanos giram em torno do número de doze opções/condições sexuais possíveis. Sendo assim, teríamos os “tradicionais” gêneros masculino e feminino heterossexuais; os já usuais gêneros homossexuais masculinos e femininos (indivíduos que preferem o sexo com parceiros de seu mesmo sexo); os bissexuais masculinos e femininos (indivíduos que praticam sexo com ambos os sexos, indiferentemente), os transgêneros masculinos e femininos (pessoas com definições de gênero intermediárias entre os sexos, desde de transformistas e travestis, até transexuais que realizam a mudança completa de sexo); os inovadores FTMs (do Inglês: “female to male”, ou seja, mulheres que trocam seus sexos para se tornarem homens homossexuais) e MTFs (do Inglês “male to female”, ou seja, homens que trocam de sexo para se tornarem mulheres homossexuais), que apesar de transgêneros apresentam um comportamento totalmente diferente dos demais e, finalmente, os hermafroditas de ambos os sexos, que apresentam gônadas ambíguas ou híbridas (hermafroditas verdadeiros) e/ou genitália ambígua (pseudo-hermafroditas). Apesar dos sexos biológicos continuarem a ser somente dois (ou quase isto), cada uma destas categorias inclui indivíduos com características físicas e psíquicas totalmente diversas das dos que se incluem nas demais categorias e, mesmo assim, há diferenças por vezes grandes entre um indivíduo e outro da mesma categoria, constituindo propriamente gêneros diferentes e não apenas variações de gênero. Frente a uma descrição deste tipo, onde vão parar os gêneros humanos duais? Se a essas variáveis de relacionamento e gêneros, somarmos as variáveis em relação aos estilos de relacionamento, levando em consideração preferências tais como práticas sexuais não genitais, o sadomasoquismo, o fetichismo, o sexo tântrico, o onanismo, o voyeurismo/exibicionismo, o sexo virtual, o sexo cibernético e robótico e tantas outras possibilidades de relacionamento sexual inter-humano, chegaremos a uma variedade enorme de possibilidades de expressão sexual, criando uma situação que nos aproximará da pansexualidade. Pensando-se assim, podemos chegar a compreender que as expressões sexuais são tantas quantos são os indivíduos humanos estudos.
Porém, a verdadeira androginia está muito além da pansexualidade: a verdadeira androginia é muito mais espiritual do que física e consiste em descobrir dentro de cada um de nós nossas verdadeiras essências masculina e feminina de forma clara, precisa e profunda, a ponto de podermos realizarmos no em nosso Inconsciente o Casamento Sagrado (“Hierogamos”), e, ao recriarmos em nós o Andrógino Primordial, (Adam Kadmon), percebendo que sempre esteve conosco a “metade perdida”, possamos nos lembrar de que somos na verdade deuses. Finalmente assim, e somente assim, se dará a tão esperada libertação dos “deuses” Anunnaki e o Ser Humano poderá ser verdadeiramente Humano, provando do fruto da Árvore da Vida, como nos oferece o Salvador.
Sendo então o Espírito Humano andrógino por natureza e em sua essência e origem e a separação dos sexos apenas uma ilusão criada pela materialidade e pela existência do corpo físico, com o processo evolutivo da Humanidade, no qual mais e mais do Espírito vai-se aos poucos conseguindo trazer para a existência, seria (e é) inevitável que uma consciência desta androginia mais cedo ou mais tarde aparecesse. Pois é exatamente isso que vem acontecendo na Humanidade. Até há alguns anos a definição de gênero era uma definição simples e dualista: homens e mulheres compunham a espécie humana. Os papéis e as posturas sociais de cada gênero eram muitíssimo claras e definidas. Com o avançar do Século XX e, mais ainda, com o início do Século XXI, uma nova visão sobre os gêneros e a sexualidade humana aflorou e veio confrontar a instituição moral vigente na sociedade. Os gêneros humanos se multiplicaram, frutos de uma nova consciência sobre a própria sexualidade e frutos da tecnologia aplicada. As formas de relacionamento assumiram facetas plurais e fluidas. Como resultado desta mudança, emergiu o conceito da “pansexualidade”, múltipla e mutável e, em última análise, tão diversa quanto diversos são os indivíduos humanos.
Vivemos uma era pós penicilina, pós pílula, pós liberação da mulher, pós liberação gay, pós AIDS e pós Viagra. Todos os tabus possíveis de serem superados em relação ao sexo já o foram ou têm possibilidade de o serem. Isso quer dizer que cada qual pode, se quiser, viver plenamente sua própria sexualidade seja ela qual for e se não o faz, está apenas perdendo seu tempo. No entanto, vivemos igualmente uma época em que há uma superestimação sexual que nos é imposta pelos meios de comunicação e pelas campanhas de marketing. O Marketing usa atualmente o desejo pela realização sexual para impulsionar suas vendas e desta forma é a única força que atrapalha a plena realização da mesma. Se por um lado a monogamia heterossexual nos é apresentada em todos os filmes, em todas as novelas e em todas as campanhas publicitárias como sendo a forma “normal” e “correta” de relacionar-se, por outro lado, somos bombardeados com infinitos apelos sexuais que nos lembram das possibilidades inúmeras de realizações alternativas. Este parece ser o paradoxo da sexualidade deste início do Século XXI.
Mesmo se analisarmos os relacionamentos na questão de escolha de sexos, veremos que há uma variação enorme de condições sexuais humanas, tendo em vista que a homossexualidade tem conseguido um espaço crescente na luta por sua aceitação na sociedade. Há autores que chegam a afirmar que atualmente os gêneros humanos giram em torno do número de doze opções/condições sexuais possíveis. Sendo assim, teríamos os “tradicionais” gêneros masculino e feminino heterossexuais; os já usuais gêneros homossexuais masculinos e femininos (indivíduos que preferem o sexo com parceiros de seu mesmo sexo); os bissexuais masculinos e femininos (indivíduos que praticam sexo com ambos os sexos, indiferentemente), os transgêneros masculinos e femininos (pessoas com definições de gênero intermediárias entre os sexos, desde de transformistas e travestis, até transexuais que realizam a mudança completa de sexo); os inovadores FTMs (do Inglês: “female to male”, ou seja, mulheres que trocam seus sexos para se tornarem homens homossexuais) e MTFs (do Inglês “male to female”, ou seja, homens que trocam de sexo para se tornarem mulheres homossexuais), que apesar de transgêneros apresentam um comportamento totalmente diferente dos demais e, finalmente, os hermafroditas de ambos os sexos, que apresentam gônadas ambíguas ou híbridas (hermafroditas verdadeiros) e/ou genitália ambígua (pseudo-hermafroditas). Apesar dos sexos biológicos continuarem a ser somente dois (ou quase isto), cada uma destas categorias inclui indivíduos com características físicas e psíquicas totalmente diversas das dos que se incluem nas demais categorias e, mesmo assim, há diferenças por vezes grandes entre um indivíduo e outro da mesma categoria, constituindo propriamente gêneros diferentes e não apenas variações de gênero. Frente a uma descrição deste tipo, onde vão parar os gêneros humanos duais? Se a essas variáveis de relacionamento e gêneros, somarmos as variáveis em relação aos estilos de relacionamento, levando em consideração preferências tais como práticas sexuais não genitais, o sadomasoquismo, o fetichismo, o sexo tântrico, o onanismo, o voyeurismo/exibicionismo, o sexo virtual, o sexo cibernético e robótico e tantas outras possibilidades de relacionamento sexual inter-humano, chegaremos a uma variedade enorme de possibilidades de expressão sexual, criando uma situação que nos aproximará da pansexualidade. Pensando-se assim, podemos chegar a compreender que as expressões sexuais são tantas quantos são os indivíduos humanos estudos.
Porém, a verdadeira androginia está muito além da pansexualidade: a verdadeira androginia é muito mais espiritual do que física e consiste em descobrir dentro de cada um de nós nossas verdadeiras essências masculina e feminina de forma clara, precisa e profunda, a ponto de podermos realizarmos no em nosso Inconsciente o Casamento Sagrado (“Hierogamos”), e, ao recriarmos em nós o Andrógino Primordial, (Adam Kadmon), percebendo que sempre esteve conosco a “metade perdida”, possamos nos lembrar de que somos na verdade deuses. Finalmente assim, e somente assim, se dará a tão esperada libertação dos “deuses” Anunnaki e o Ser Humano poderá ser verdadeiramente Humano, provando do fruto da Árvore da Vida, como nos oferece o Salvador.
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