31 outubro 2016

Halloween





Não se deve usar o termo "bruxa", pois ele tem origem no verbo italiano "bruciare", que significa "queimar". Quando pessoas condenadas pela Inquisição seguiam para o Auto de Fé, onde seriam queimadas na fogueira, a população encolerizada gritava "brucia, brucia!", ou seja: "queima, queima!". Portanto, chame as mulheres audazes, capazes e independentes de "feiticeiras" e os homens sensíveis e com uma boa ligação com o próprio inconsciente de "magos".  A palavra "magia" provém do Persa magus ou magi, que significa "sábio". Da palavra magi, também surgiram outras tais como magister, magista, "magistério", "magistral" e "magno". Já a palavra Feitiço vem do Latim: facticius, significa artificial ou fictício é um artefato ou objeto fabricado. Assim, "feitiçaria" é "saber fazer".

Magos e feiticeiras precisam sempre de uma "vara de condão". Estes objetos têm o poder mágico de criar o círculo sagrado, que repete em sua geometria as formas dos ciclos da Grande Mãe, a Natureza, dentro do qual a magia pode se processar. Magos, ligados naturalmente aos céus e seus ciclos planetários, desenham com longas varas círculos no ar, sobre suas cabeças. Com a perseguição à Religião Antiga, como era chamada a fé matriarcal, eles disfarçavam essas varas mágicas sob a forma de cajados de apoio. Já as feiticeiras usavam suas varas disfarçadas em forma de vassoura: prendiam em uma das pontas várias ervas medicinais e aromáticas e desenhavam no chão, telúricas como eram, os ciclos da Natureza que eram vistos na terra. Dentro destes círculos sagrados, a magia podia se processar. Já o chapéu pontudo é muito utilizado porque a forma do cone é considerada como a pirâmide perfeita, de base circular ou elíptica que diminui uniformemente seu diâmetro, terminando em ponta. As energias que se colocarem dentro desta forma geométrica serão elevadas a um só ponto, o que faz com que se elevem às vibrações e com isto a capacidade de comunicação com os seres etéreos. A magia assim processada era eminentemente psíquica e muitas vezes consistia num transe, numa espécie de viagem astral, onde feiticeiras e magos "voavam" fora de seus corpos e descobriam as verdades da Natureza.

Toda a magia é baseada na união dos quatro elementos a um quinto elemento: o Éter. Terra, Água, Ar e Fogo encontram sua transcendência no Éter e formam o símbolo da estrela de 5 pontas, o Pentaclo, também típica de feiticeiras e magos. O caldeirão une em si estes quatro elementos e abre as portas dimensionais para o quinto elemento. Magos e feiticeiras podem utilizar a energia de minerais, cristais (Terra); fazer poções, alquimia (Água); utilizar palavras mágicas,  mantras (Ar) ou se valer de energias puras (Fogo). De toda forma, atinge-se, unindo estes elementos ou utilizando-os separadamente, o encantamento representado pelo Éter. Para criar esta harmonia, a música era peça fundamental e muitas vezes a harpa ou instrumentos de percussão eram utilizados em rituais e encantamentos.

Desta forma, a magia nada mais é do que a soma dos segredos da Natureza e a sua relação com o humano, criando, assim, um conjunto de teorias e práticas que visam ao desenvolvimento integral das faculdades internas espirituais e ocultas, até que se tenha o domínio total sobre si mesmo e, consequentemente, sobre a Natureza. A magia é então um longo processo de autoconhecimento e auto-aprimoramento. A concentração em tarefas repetitivas, como fiar, bordar, tecer ou fazer contagens, ajudava a atingir o estado meditativo e a se conseguir um perfeito autocontrole. A respiração era modulada por longas "palavras mágicas" e exercícios respiratórios específicos. A dança era outro ingrediente importante.

O calendário utilizado por feiticeiras e magos é evidentemente baseado em ritmos femininos, como a Lua e as estações do ano. Desta forma, as datas mais sagradas sempre são os Equinócios e os Solstícios, bem como as datas intermediárias entre estes pontos cardeais do tempo. A qualidade de qualquer magia é sempre modulada pela fase da lua, onde a Crescente aumenta, a Lua Cheia revela e a minguante diminui (seja o que for que se esteja trabalhando), enquanto na Lua Negra (chamada pelos patriarcais eufemicamente de "Lua Nova"), pede recolhimento e interrompe a magia. A utilização dos pontos cardeais do espaço também é necessária e uma feiticeira ou um mago sempre se orienta pelo nascer do Sol (Oriente) e se norteia pela Estrela Polar (Norte).

Acredita-se então que muitas das tradições do Halloween originaram-se do antigo festival celta da colheita, coincidente com o auge do outono do Hemisfério Norte: o Samhain, e que esta festividade gaélica foi cristianizada pela Igreja primitiva. No Samhain se comemora a passagem do ano dos celtas. Nesta época acreditava-se que as almas dos mortos retornavam a suas casas para visitar os familiares, para buscar alimento e se aquecerem no fogo da lareira. Era também a época em que o Sídhe deixava antever o outro mundo. O nevoeiro mágico que separa os mundos, dispersava no Samhain e os elfos podiam ser vistos pelos humanos. A fronteira entre o Outro Mundo e o mundo real desaparecia.

Halloween segundo as crenças cristãs atuais é uma celebração que ocorre no dia em 31 de outubro, véspera da festa cristã ocidental do Dia de Todos os Santos. Ela começa com a vigília de três dias do All Hallow Eve, o tempo do ano litúrgico dedicado a lembrar os mortos, incluindo santos (hallows), mártires e todos os fiéis falecidos; continua com o Dia de Todos os Santos e termina com o Dia dos Finados.





Samhain – 31 de Outubro
A Noite Sagrada

Rainha das Sombras
Ciclos infindáveis da árvore de prata,
Da infinita alegria à triste lembrança,
Um tempo passado e repassado,
Que jamais volta atrás
Caminha pela estrada da vida
Verde esmeralda dos ancestrais,
Festejando a escuridão de Samhain
Pois a Roda gira sem parar
Rumo ao novo despertar
Awen, Senhora Mor Rioghain!



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