por José Félix
Nefertite repousa nos meus olhos...
Ao leve toque dos papiros no jardim
mantém a beleza que Tutmósis realçou
para que vivesse trinta e quatro séculos,
honra dada por Áton a quem serviu.
Ptah em Mênfis terá enviado o boi Ápis
a Tel-el-Amarna para que fizesse eterna
a beleza polícroma da mulher de Icunáton
nos sinais efêmeros, olhar longo.
A serenidade interior do rosto de Nefertite
que o artesão amarniano prolongou
faz mais simples a pressa da existência.
O que fica são os lábios no início do sorriso...
Por enquanto Nefertite é que lembra
Icunáton no governo do povo do Egito.
Após outro olhar pelo jardim palimpsesto
saberei se a rainha sobreviveria sem Icunáton e a protecção de Áton.
Ambos foram levados por Anúbis
para a eternidade das sombras.
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