O Mito
A noite sempre foi o maior dos
mistérios para o Ser Humano e seu maior medo. Qual criança nunca sentiu medo do
escuro? Para mostrar que a noite não é algo tão ruim assim, os gregos antigos
criaram um belo mito sobre a deusa Nix (que em grego quer dizer “noite”). Nix é
uma deusa-mãe muito antiga que habita o espaço conhecido como “nível telúrico”
(este espaço terrestre onde vivemos) ao lado de Heméra (o dia), Éter (os
espaços aéreos) e Deméter (a Natureza).
Os gregos diziam que a luz é
eterna e jamais se apaga nas alturas dos montes sagrados e dos céus. Porém,
nós, os mortais, não conseguimos nos manter acordados todo o tempo, como fazem
os deuses. Nós necessitamos de descanso... É exatamente por isso que
diariamente no fim da tarde Nix, bondosa e cuidadosa para com seus filhos, os
mortais, estende por sobre todo o mundo seu enorme manto de veludo azul-escuro:
o manto de Nix. Este manto é noite que nos aquece, protege e propicia
tranqüilidade e conforto para dormirmos em paz. De manhãzinha, a filha querida
de Nix, Aurora, com seus belos dedos cor-de-rosa retira lentamente o manto de
Nix e traz novamente a claridade ao mundo. No entanto, este manto está sendo
usado há muito tempo e já está velho e puído. Durante a noite pode-se ver os
pequenos furinhos que este manto tem e, através deles, perceber que por trás do
veludo a luz brilha eternamente. Estes furinhos são as estrelas.
Há quem considere o povo grego
como que um gênio que realizou o milagre do nascimento da Razão. Há quem pense,
no entanto, que não há mais que um eterno retomar, sempre fundamentado na
origem ocidental. Há quem considere que deste gênio, simplista, harmônico e
luminoso, emergiu a Filosofia, como culminância de um povo. Há, no entanto,
quem imagine que os gregos sempre estiveram imersos em guerras contínuas e em
desespero, “dilaceramento trágico e desmedido, de tal forma que a Filosofia
exprime a obscuridade do gênio helênico”. A Razão é então um libertar da
obscuridade mítica, “libertado do mito, como as escaras caem dos olhos do
cego”, ou seria ela tão-somente a continuação do próprio mito e da religião,
como herdeira inevitável?
Oriente e Ocidente
Sobre o tema, introduz-nos
Pessanha: “durante muito tempo o problema do começo histórico da Filosofia e da
Ciência Teórica foi colocado em termos de relação Oriente-Grécia. Desde a
própria antiguidade, confrontaram-se duas linhas de interpretação: a dos
orientalistas, que reivindicaram para as antigas civilizações orientais a
criação de uma sabedoria que os gregos teriam depois apenas herdado e
desenvolvido; e a dos ocidentalistas, que viam na Grécia o berço da Filosofia e
da Ciência Teórica. (...) As disputas continuariamindefinidamente em termos da
relação empréstimo ou herança entre Oriente e Grécia, examinada freqüentemente
com bases apenas conjeturais, se dois fatores não viessem, a partir do final do
séc. XIX, deslocar o eixo da questão: a expansão das pesquisas arqueológicas e o
interesse pela natureza da chamada mentalidade primitiva ou arcaica”
Quando Hesíodo descreve os Persas,
há a descrição da cultura oriental com fatos tais como o estudo dos astros
pelos babilônicos, o da matemática pelos egípcios, o dos céus pelos caudeus ou
a criação da moeda pelos fenícios. Platão e Aristóteles insistem que tais
idéias foram apropriadas pelos gregos, poré isto não quer que necessariamente
dizer que a Filosofia é oriental. O primeiro motivo é a idéia de que o Oriente
é um lugar mítico e especial, por ter sido lá que o ser humano apareceu, como
criação direta dos deuses, na metáfora da idade do ouro. O segundo, é que o
pensamento filosófico é perturbador por questionar os deuses e as instituições;
assim, uma idéia de tradição, funciona como uma espécie de salvaguarda contra
possíveis ataques. As cosmogonias orientais são então, retomadas pelas
cosmologias gregas.
As cosmogonias orientais contém,
então, idéias que seriam retomadas pelos cosmologistas. São elas: 1.a ) Unidade
universal e divina que engendra de dentro de si mesma, todos os seres (o uno). 2.a) Passagem do Chaos ao Kósmos; de uma unidade primordial indiferenciada, à diferenciação
dos seres existentes; das trevas à luz. 3.a) Mundo como processo contínuo de
geração e diferenciação dos seres; quer pela força do uno ou por interação de forças inteligentes que discriminam. 4.a)
Conexão ou sympathia que une todos os
seres; daí existir o mundo, enquanto órganon
e kósmos: a ordem. 5.a) Lei e/ou necessidade que governa a geração, a
transformação e a corrupção de todos os seres em movimento circular e cíclico.
6.a) Dualismo entre um corpo mortal e uma alma imortal, que nasceu da
purificação feita pelos gregos, de uma felicidade perene oriental.
Em Homero e Hesíodo, as idéias
orientais se fazem presentes, guardando-se porém, cuidados em fazer as devidas
adaptações ao pensamento helênico: 1.a) Afastamento de monstruosidades e
irracionalidades; fundamentalmente a ausência de uma ordem cósmica em que se
possa confiar. 2.a) Aproximação dos homens e dos deuses, com uma função de
antropomorfização das forças primordiais. A diferença entre os conhecimentos
orientais é, portanto, a própria racionalidade imprimida aos conhecimentos
antigos. O “milagre grego”revela-se, na verdade, como uma organização do
conjunto de conhecimentos empíricos e práticos, em conhecimentos sistemáticos e
lógicos. A matéria prima é oriental, e sobre ela, os gregos aplicaram o gênio do logos. Um conjunto de estudos
(História, Arqueologia, Filosofia, Lingüística) mostraram que uma série de
mitos e cultos religiosos, danças e músicas, poesia, objetos, técnicas e
utensílios; demonstra um contato intenso entre o Ocidente e o Oriente. Fica
então evidente que a simples rejeição da tese oriental é absurda. Se o termo
“milagre” for tomado em sentido de mutação, então tal termo pode ser usado
enquanto mudança qualitativa sobre o material do Oriente.
O Gênio
Grego
O pensamento
do séc. XVIII assume a Filosofia como um fenômeno grego, enquanto espírito do
povo grego. O gênio grego
caracterizar-se-ia pois, pela liberdade e qualidade racional de espírito.
Quando comparada ás demais culturas, a cultura grega explicitaria que na
cultura oriental, falta a liberdade frente a natureza; na cultura cristã, falta
a memória do espírito e do corpo; na cultura muçulmana, falta a harmonia entre
a forma e a matéria e na cultura moderna, que é fruto do cristianismo, os
gregos figuram como o povo da luz, da medida, da proporção e do equilíbrio. A
objetividade pesa pela razão, sobre as paixões; a simplicidade é racional.
Por causa
deste tal gênio grego, enquanto
conseqüência e expressão do caráter racional, a imagem de harmonia orgânica
grega foi questionada no séc. XVIII por Rousseau e no séc. XIX, por Nietzsche.
Para Rousseau, a origem da Filosofia foi a perenidade do conflito entre as
cidades. Nietzsche diz que os gregos criaram a Filosofia, porque temiam aquilo
que sabiam ser: o dilaceramento trágico, o lado cruel e sombrio da natureza
humana. Para Nietzsche, os gregos eram o povo da hýbris, da luta entre os opostos, agonísticos em si, competitivos.
A origem de outra expressão do mesmo gênio
grego é a tragédia, culto a Dionýsos, culto à demésure. A criação e a separação
de todos os seres do uno, traduz-se
dor. O principio do sofrimento, da dor, da paixão e da demésure, é o principio dionisíaco. Em contraponto, há um principio
racional, luminoso e diferenciador, representado por Apólon. A Filosofia nasce como negação do próprio gênio grego. O fim deste movimento,
dá-se com Sócrates, com a vitória apolínea sobre o principio dionisíaco.
Ambas as teses
são igualmente abstratas, porque não são históricas. Ambas referem-se aos
gregos como entidade abstrata e atemporal. A cultura grega, no entanto, possui
efetivamente tais caracterizações, porém tais aspectos estão ligados ás
condições sociais, políticas e culturais determinantes. O ideal de harmonia não
traduz a realidade grega, pelo contrário, a contrapõe.
Filosofia e
Filósofos
Historicamente
temos então, o surgimento da democracia e da sociedade estruturada como Estado,
e não mais como simples clã ou família. Tais gene eram dominados por um patriarca, o despótes, que era senhor absoluto sobre todos os bens e sobre todas
as pessoas de sua família. No entanto, com o crescimento populacional e com o
não equivalente crescimento da produção, o sistema autárquico dos gene tornou-se inviável, pela
generalizada diminuição das rendas familiares. Além disso, a subdivisão
progressiva dos gene em famílias
menores, gerou um enfraquecimento do poder centrado nos laços sanguíneos. Os
bens foram divididos e apareceu a propriedade privada e, com ela, disputas pela
posse e pelo poder. Um período de desordens sociais seguiu-se.
Os
aristocratas, aqueles mais favorecidos cm o fim do sistema de génos, passaram a unirem-se com
finalidade de autoproteção. Apareceram então tribos que acabaram por
fundirem-se em pequenos agrupamentos, mais tarde em vilarejos e, finalmente, em
cidades. Fortificações surgiram e, à volta delas, os primeiros núcleos urbanos.
A polis surgiu daí e a forma
monárquica de poder deu lugar á oligárquica, baseada no comércio e em bens
privados. Apareceu, pela primeira vez na história da humanidade, a idéia de indivíduo e a de individualismo. Isto marca a passagem da poesia épica, que
canta os grandes heróis e os feitos do génos,
para a poesia lírica, que canta o individuo. Estes foram os efeitos básicos que
culminariam com o surgimento da Democracia e da Filosofia; e da união delas
surgiria a Política.
Com o advento
da colonização, ampliaram-se os contatos do mundo grego. Atenas foi
extremamente beneficiada devido sua privilegiada localização geográfica e
transformou-se em importante centro de redistribuição comercial no meio do mar
Egeu. Os comerciantes e artesãos tornaram-se numerosos, ricos e poderosos.
Houve uma crise política e uma luta entre a aristocracia e os novos
comerciantes enriquecidos. Tornou-se imperiosa uma mudança política em Atenas e
surgiram legisladores como resposta à crise que se instalava. Dracon elaborou a
primeira legislação de Atenas, extremamente severa e que impunha a pena de
morte para a maioria dos crimes; mas, no plano político não houve mudanças
substanciais e a aristocracia mantinha para si o poder. A crise continuou,
portanto. Sólon foi nomeado legislador e operou reformas sociais em Atenas:
estimulou o desenvolvimento da indústria e das artes; estabeleceu pesos,
medidas e moeda estável; reviu a legislação de Dracon, amenizando-a e abolindo
a escravização por divida; o poder foi retirado da aristocracia e introduziu um
sistema político com a participação geral, de acordo as riquezas dos cidadãos.
Tais reformas foram feitas no sentido de estabelecer uma justiça correta e
válida para todos, sem que fossem favorecidos nem os aristocratas,nem as
classes em ascensão, nem as reivindicações extremas das camadas empobrecidas.
No entanto as reformas de Sólon não foram totalmente aplicadas, devido aos interesses
que se contrapunham. Houve o aparecimento de homens que tomaram o poder pela
força e à revelia das leis, apareceu a figura do týrannos.
Um novo
movimento de reforma do sistema político surgiu em Atenas com Clístenes. Este
legislador reorganizando os espaços físicos e geográficos, aproveitou-se da
situação para criar a democracia. Clístenes estabeleceu direitos iguais de
participação no poder para os cidadãos, isto é, homens gregos, nascidos na polis, adultos e livres. Apareceu a
idéia de demos, com o agrupamento de
antigos gene em povos de acordo com
sua região de origem na península Ática. Estava instituída de forma estável, a
democracia ateniense. Desta forma, a política era exercida pelos cidadãos que
se reuniam em assembléia, a ekklesia,
para discutir e resolver os problemas políticos. Da necessidade de discussão e
de debate, surgiu a oratória, a retórica e o pensamento político grego. Pouco a
pouco, a Filosofia que originalmente voltava-se somente para questões
cosmológicas e perseguia a idéia de natureza, isto é, a unidade que garante a
ordem do mundo; voltou-se para questões ligadas ao individuo e á cidade,
fundando a Antropologia e a Política. Nesta fase antropológica da Filosofia
grega, temos como expoentes máximos e antagônicos, em um extremo Sócrates e em
outro, os sofistas, já aqui, uma Filosofia absolutamente grega e ocidental, não
mais guardando resquícios das cosmogonias orientais.
A palavra
“política” tem origem na palavra grega politiké,
guardando, enquanto substantivo masculino, o significado de homem do Estado; enquanto substantivo
neutro, os de cidadania, negócios
públicos, política; enquanto substantivo feminino, o de ciência ou arte dos
negócios do Estado e enquanto adjetivo, os sentidos de cívico, civil; composto
de cidadãos; político, público, do Estado. Por sua vez, são as formas genitivas
da palavra, que designa cidade,
imediações da cidade, região habitada; reunião dos cidadãos, Cidade-Estado;
também refere-se ao Estado e,
finalmente, à democracia. Isto quer
dizer que o idioma grego associa, de maneira inseparável, a idéia de “cidade”,
dupla entidade, tanto física quanto social, à de Estado, e é desta associação
que emerge a idéia de “ciência política”.
Da necessidade
da discussão em assembléia e do afã de fazer prevalecer uma idéia sobre as
demais, nasceu a sofistica. A controversa figura do sofista, correspondia então
aquele que se propunha a ensinar e a definir conhecimentos gerais,
principalmente a arte da oratória e da retórica; isto, mediante remuneração. A
palavra grega designava originalmente apenas sábio, sem cunho filosófico, tendo sido inclusive aplicada a
legisladores e políticos (os Sete Sábios). Mas, com o advento da Filosofia e da
Democracia, passou a ser sinônimo de homem
que sobressai em alguma coisa, engenhoso;mestre de eloqüência e no
vocabulário de Sócrates, assumiu caráter pejorativo, significando impostor, charlatão, sofista. Apareceu
então, um duplo sentido para a idéia de Sophia:
conhecimento, saber ciência; prudência e penetração, persuasão; sagacidade, astúcia.
Escreve Abbagnano: Os sofistas não podem relacionar-se com as investigações
especulativas dos filósofos jônicos, mas com a tradição educativa dos poetas, a
qual se desenvolvera ininterruptamente de Homero e Hesíodo, a Sólon e a
Píndaro. Todos eles orientaram a sua reflexão para o homem, para a virtude e
para o seu destino e retiraram, de tais reflexões, conselhos e ensinamentos.
Tal função de exegetés, desempenha pelos sofistas,
reconhecedores do valor formativo e educacional do saber, atraiu sobre si a
critica de Sócrates, que viu na paidéia
a elevada função de acordar a psyché
para o conhecimento, a partir da admissão do não conhecer. Ensinar é pois
lembrar a alguém, inicialmente, de que nada sabe, para exercer uma função
destrutiva e libertadora, anulação de qualquer saber fictício e preconceituoso.
Mais tarde, há que se lembrar, como quem faz um parto, aquilo que já se sabia;
fazendo vir á luz a ânsia pelo saber e o interesse pela pesquisa. Assim ninguém
pode ensinar ou proferir doutrina, não é possível o conhecimento e, por isso,
não se deve escrever para que não se crie a falsa idéia de que existam tais
coisas: Sócrates limitava-se a nada saber. Escreve Abbagnano: aqueles que dele
(Sócrates) se aproximam, a principio parecem completamente ignorantes, mas
depois a sua pesquisa torna-se fecunda, sem que todavia nada recebam dele.
Radicalmente
contrário a qualquer presunção de sabedoria, Sócrates via nos sofistas,
indivíduos que pretendiam-se detentores de um saber; saber este, fictício,
desprovido de verdade e corruptor em sua prepotência. Filosofar é o exame
incessante de si mesmo e dos outros, de si próprio em relação aos outros e dos
outros em relação a si. Se a profissão sofística apoiava-se na sabedoria e no
ensinamento, a profissão socrática erguia-se da própria ignorância e fazia ver à psyché, a verdade contida no pneûma. Ambas igualmente
antropocêntricas, ambas em busca da areté,
ambas uma paidéia em si, é certo.
Entretanto, em extremos opostos localizavam-se: uma na ânsia de conhecer-se a
si mesmo e saber o dever ser e a verdade, outra na ânsia pelo sucesso na
discussão através do influenciar e da persuasão. Há que se dizer ainda que, por
todos estes motivos, Sócrates, ao contrário dos sofistas, identificava a areté á sabedoria e á ciência e nunca á
opinião, á aparência ou á fama.
Ainda em
Abbagnano encontramos: O homem não pode ver claro por si só. A investigação de
que se ocupa não pode começar e acabar no recinto fechado da sua
individualidade: pelo contrário, só pode ser o fruto de um dialogar contínuo
com os outros, como consigo mesmo. É aqui que reside, verdadeiramente, a sua
antítese polêmica em relação à sofística. A sofística é um individualismo
radical. O sofista não se preocupa com os outros a não ser para arrancar a todo
custo, e sem se preocupar com a verdade, o consenso que lhe assegura o sucesso;
mas nunca chega à sinceridade consigo próprio e com os outros. Jaeger comenta:
Na época dos sofistas, a paidéia
converte-se pela primeira vez em um problema consciente e situa-se no centro do
interesse geral, sob a pressão da própria vida e da evolução do espírito, que
sempre colaboram. Surge uma cultura superior e aparece e desenvolve-se, como
sua representante, uma profissão especial: a dos sofistas, que abraçam como
missão o ensino da virtude. Mas agora põe-se manifesto que, apesar de todas as
meditações sobre os métodos pedagógicos e as formas de ensino e apesar da
riqueza vertiginosa da matéria didática de que dispõe esta cultura superior,
ninguém tem uma idéia clara sobre suas premissas. Sócrates não teve a pretensão
de educar aos homens como Protágoras (...) Mas mesmo que estivéssemos
instintivamente convencidos desde o primeiro momento, como estavam todos seus
discípulos, de que Sócrates é o verdadeiro educador que sua época busca, Platão
põe em destaque no “Protágoras” que sua pedagogia não se baseia somente em
outros métodos de natureza distinta ou no mero poder misterioso da
personalidade; mas sim, fundamentalmente no feito de que, ao reduzir o problema
moral a um problema de saber, assenta pela primeira vez aquela premissa que á
pedagogia sofística faltava. O postulado da primazia da formação do espírito
proclamado pelos sofistas não pode justificar-se pelo simples fato de triunfar
na vida. Esta época vacilante em seus fundamentos reclama o conhecimento de uma
norma suprema que obrigue e vincule a todos, por ser expressão da natureza mais
íntima do homem, e apoiando-se nela, que possa a educação enfrentar sua tarefa
suprema: formar ao homem para sua verdadeira arete. A este resultado não podem conduzir os conhecimentos e o training dos sofistas, mas aquele saber
profundo sobre que versa o problema de Sócrates.
Considerações Finais
Concluamos
então, com o próprio Vernant: “Como a Filosofia se desenvolve do mito, como o
filósofo deriva do mago, assim também a Cidade se constitui a partir da
organização social: ela a destrói, mas ao mesmo tempo conserva o quadro;
transpõe a organização tribal em uma forma que implica um pensamento mais
positivo e abstrato.
Deste eterno
transformar do pensamento humano: do mito oriental ao mito ocidental, da
religião à Filosofia e da Filosofia á ciência, a psyché humana processa sua jornada rumo a Sophia, a Mnemósine, numa metempsicose
que faz revelar a verdade em meio a conflitos e paradoxos impostos pelo próprio
pensamento. Assim como o poeta, o adivinho possui o privilégio de ver a
realidade imutável e permanente, põe-no em contato com o seu original, do qual
o tempo, na sua marcha, só descobre uma ínfima parte aos humanos, e para a
ocultar logo após.
Um dia chegará
em que Nix retirará de sobre tal
verdade seu manto e em um apokalypsis
o divino aither, de que são formadas
as estrelas, mostrará sua face mais brilhante ao ser humano.
Um comentário:
Amei! Lindo e instrutivo. Já recomendei. Célia Regina
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