04 fevereiro 2011

Cuidado com medicina baseada em RÓTULOS!






Há atualmente uma forte e nefasta tendência na Psiquiatria, principalmente nos Estados Unidos, em rotular as pessoas e esconder suas peculiaridades por detrás de diagnósticos, por vezes inexistentes. O pior destes casos é sem dúvida o famigerado Transtorno de Deficit de Atenção e Hiperatividade, que levou milhões de crianças e adultos pelo mundo a usar a tal da "Ritalina", a meu ver, de forma desnecessária e prejudicial. Outras medicações mais suaves ou mesmo abordagens psicoterápicas e psicopedagógicas poderiam ter sido usadas com os mesmos ou melhores resultados!

PORÉM, o mesmo raciocínio NÃO é válido para o Transtorno Afetivo Bipolar. Quando bem diagnosticado, o que acaba sendo difícil de ocorrer, descobre-se uma condição comprovadamente genética, cujo gene causador já foi localizado pelo Projeto Genoma no final do Século XX. Existe um Espectro Bipolar que inclui a antiga Psicose Maníaco-Depressiva, a Hipomania, a Depressão Recorrente, a Ciclotimia e certos tipos de Distimia e até mesmo alguns tipos de Transtornos Obssessivo-Compulsivos, Transtornos Alimentares eTranstornos de Ansiedade Generalizada. A melhor parte de se fazer este diagnóstico bem feito é que hoje em dia existem vários tratamentos altamente eficazes e que conseguem em pouco tempo trazer o paciente de um nível altíssimo de sofrimento, para uma vida feliz e normal. Os resultados que tenho obtido beiram o "milagre" e reforçam a importância de um diagnóstico bem feito.

NO ENTANTO, já vi muitas vezes (muitas MESMO) colegas psiquiatras rotularem de forma leviana pacientes que mal viram em uma entrevista rápida como portadores de TAB. É preciso que se acompanhe um paciente por meses (ou anos) até que se tenha certeza do diagnóstico de TAB!!! O Uso indiscrimidado de medicação depõe contra o diagnóstico, contra a classe médica em geral e, em especial, contra a classe dos psiquiatras.