Nebulae
Por Bernardo de Gregorio
"Enquanto os homens exercem seus podres poderes
Motos e fuscas avançam os sinais vermelhos
E perdem os verdes, somos uns boçais
Queria querer gritar setecentas mil vezes
Como são lindos, como são lindos os burgueses
E os japoneses, mas tudo é muito mais
Será que nunca faremos se não confirmar
A incompetência da América Católica
Que sempre precisará de ridículos tiranos?
Será será que será que será que será
Será que essa minha estúpida retórica
Terá que soar, terá que se ouvir por mais zil anos?
Enquanto os homens exercem seus podres poderes
Índios e padres e bichas, negros e mulheres
E adolescentes fazem o carnaval
Queria querer cantar afinado com eles
Silenciar em respeito ao seu transe, num êxtase
Ser indecente mas tudo é muito mau
Ou então cada paisano e cada capataz
Com sua burrice fará jorrar sangue demais
Nos pantanais, nas cidades, caatingas e nos gerais?
Será que apenas os hermetismos pascoais
Os tons os mil tons, seus sons e seus dons geniais
Nos salvam, nos salvarão dessas trevas e nada mais?
Enquanto os homens exercem seus podres poderes
Morrer e matar de fome, de raiva e de sede
São tantas vezes gestos naturais
Eu quero aproximar o meu cantar vagabundo
Daqueles que velam pela alegria do mundo
Indo mais fundo, Tins e Bens e tais"
Caetano Veloso
Caetano Veloso
É inacreditavelmente espantoso quantas infinitas e sutis armadilhas aguardam sorrateiras por becos escuros do mundo por mais uma vítima ingênua, crédula e inadvertida. Para cada canto que olhamos vemos uma arapuca armada à espera do belo pássaro da alma. Não que ao longo da História o Ser Humano já não tenha provado e comprovado sua capacidade de para ardis da maldade e seus meandros, porém, atualmente, a profusão e a ambigüidade com que manipulações são feitas debaixo de nossos narizes sem que ao menos percebamos, até que já seja tarde demais, é, repito, espantosa.
Contam-nos os antigos gregos que certa vez, tendo já sido roubado o Fogo Divino, todos os deuses se reuniram para ocultar da Humanidade sua Essência de uma vez por todas. Nesta reunião até certo ponto sinistra, cada deus foi sugerindo a Zeus um local que estaria a salvo o suficiente para que a Essência Humana fosse guardada para a eternidade. "Coloquem-na nas profundezas do mar e o Ser Humano jamais a encontrará", gritou Poseidon, o deus dos mares e das águas. "Coloquem-na no fundo da cratera incandescente de um vulcão!", gritou Hefesto, o deus do fogo. "Não! Levem-na para as alturas celestiais", falou Urano, o deus dos céus. E assim, cada deus foi sugerindo os locais que conhecia bem. Apenas Atena, a deusa da sabedoria, permanecia calada em meio ao burburinho. Depois de ouvidos todos os deuses e deusas, Zeus disse: "Atena! Você que é a sabedora e o conhecimento do mundo, não se pronuncia? Gostaria de ouvir sua tão respeitável opinião". E Atena disse em sussurro: "Guardem a Essência Humana no único local onde a Humanidade jamais ousará procurar". "Onde? Onde?", perguntaram todos os deuses. "No fundo da Alma Humana", respondeu Atena. E assim realmente parece que foi feito...
Todas as chaves para o Espírito Humano encontram-se dentro de nós e a Humanidade insiste, após milênios de busca insana, em procurá-lo no exterior. Será que sempre precisaremos de um "mestre"? Será que continuaremos a imaginar que o poder ou o dinheiro nos trará a felicidade? Perseguiremos a fama, as paixões violentas, o amor perfeito e a sensualidade do prazer até quando? Em nome de Deus quantas guerras mais se farão? Permanecerá eternamente o Ser Humano envolto pelas núvens da ilusão? Na Índia Antiga a felicidade era o Nirvana: o esvaziar-se de si mesmo e o Nada que nos liberta do tempo e do espaço. Aristóteles chamava a felicidade de "eudemonia": ser regido por um bom gênio. Epicuro a chamava de "ataraxia": a imobilidade da alma. Buda indicava o caminho do meio, do equilíbrio e da temperança. Cristo simplesmente disse: "olhai os lírios do campo. Eles não trabalham, nem tecem, no entanto, florescem. Se Deus faz isso por eles, o que não faria por vós?". Todos sabemos o caminho. Por que insistimos em fórmulas desgastadas e comprovadamente inúteis que apenas e tão-somente multiplicam os sofrimentos e as agruras deste "vale de lágrimas"? Tão lindo vale este poderia ser se encontrássemos nossa Essência oculta, nosso Espírito. Se reconhecêssemos a divindade no Outro (Namastê) e amássemo-nos uns aos outros. Até quando, Senhor? Até quando?
Contam-nos os antigos gregos que certa vez, tendo já sido roubado o Fogo Divino, todos os deuses se reuniram para ocultar da Humanidade sua Essência de uma vez por todas. Nesta reunião até certo ponto sinistra, cada deus foi sugerindo a Zeus um local que estaria a salvo o suficiente para que a Essência Humana fosse guardada para a eternidade. "Coloquem-na nas profundezas do mar e o Ser Humano jamais a encontrará", gritou Poseidon, o deus dos mares e das águas. "Coloquem-na no fundo da cratera incandescente de um vulcão!", gritou Hefesto, o deus do fogo. "Não! Levem-na para as alturas celestiais", falou Urano, o deus dos céus. E assim, cada deus foi sugerindo os locais que conhecia bem. Apenas Atena, a deusa da sabedoria, permanecia calada em meio ao burburinho. Depois de ouvidos todos os deuses e deusas, Zeus disse: "Atena! Você que é a sabedora e o conhecimento do mundo, não se pronuncia? Gostaria de ouvir sua tão respeitável opinião". E Atena disse em sussurro: "Guardem a Essência Humana no único local onde a Humanidade jamais ousará procurar". "Onde? Onde?", perguntaram todos os deuses. "No fundo da Alma Humana", respondeu Atena. E assim realmente parece que foi feito...
Todas as chaves para o Espírito Humano encontram-se dentro de nós e a Humanidade insiste, após milênios de busca insana, em procurá-lo no exterior. Será que sempre precisaremos de um "mestre"? Será que continuaremos a imaginar que o poder ou o dinheiro nos trará a felicidade? Perseguiremos a fama, as paixões violentas, o amor perfeito e a sensualidade do prazer até quando? Em nome de Deus quantas guerras mais se farão? Permanecerá eternamente o Ser Humano envolto pelas núvens da ilusão? Na Índia Antiga a felicidade era o Nirvana: o esvaziar-se de si mesmo e o Nada que nos liberta do tempo e do espaço. Aristóteles chamava a felicidade de "eudemonia": ser regido por um bom gênio. Epicuro a chamava de "ataraxia": a imobilidade da alma. Buda indicava o caminho do meio, do equilíbrio e da temperança. Cristo simplesmente disse: "olhai os lírios do campo. Eles não trabalham, nem tecem, no entanto, florescem. Se Deus faz isso por eles, o que não faria por vós?". Todos sabemos o caminho. Por que insistimos em fórmulas desgastadas e comprovadamente inúteis que apenas e tão-somente multiplicam os sofrimentos e as agruras deste "vale de lágrimas"? Tão lindo vale este poderia ser se encontrássemos nossa Essência oculta, nosso Espírito. Se reconhecêssemos a divindade no Outro (Namastê) e amássemo-nos uns aos outros. Até quando, Senhor? Até quando?
"Olhai os lírios do campo...
Como são belos
Quando a manhã nasce
No coração dos homens...
Olhai os lírios do campo...
Tão alvos,
Tão castos,
Tão puros,
E procurai imita-los
Em tudo que fizerdes,
Em tudo que virdes,
Em tudo que beijardes...
Olhai os lírios do campo...
Como são felizes
Quando dormem resignados
Nos dias úmidos do inverno triste...
Olhai os lírios do campo...
Como são felizes,
Como são castos,
Como são bons
Quando escrevem na 'Vida'
O poema da 'Inocência'".
Mário Souto
Mário Souto
Uma das razões para a manutenção deste arrastado pesar, é a capacidade inescrupulosa que alguns poucos têm de ludibriar e iludir o semelhante com técnicas cada vez mais certeiras de usar nossa própria busca pela felicidade como isca para nos empurrar goela abaixo as mais estranhas idéias e crenças. Pobres almas essas que se iludem ao iludir... Não percebem que fazem com que se percam almas de semelhantes e, para tal, perdem-se suas próprias? Quem ganha com todo este jogo?
Desejo, Necessidade, Vontade
Um desejo é algo desvinculado da realidade, sem maiores implicações; uma necessidade, justo ao contrário, é uma urgência imperiosa que se impõe como condição de sobrevivência a um indivíduo e uma vontade, típica do Ser Humano, é a livre expressão deliberada na realidade concreta da alma de um indivíduo autoconsciente. Porém, atualmente é dificultoso que se saiba quais destes desejos, destas necessidades e destas vontades são genuínos e quais foram simplesmente implantados em nossa mente através de um sutil mecanismo subliminar de pura e simples propaganda. Isso mesmo: um "desejo", uma "necessidade" ou uma "vontade" totalmente fictícios podem ser implantados em nossa mente, sem que ao menos tenhamos consciência de que isso ocorreu.
Precisamos de água, comida, abrigo e pouco mais. Porém, será que um Ser Humano pode se contentar com a satisfação dessas necessidades? Também não fazem parte destas mesmas necessidades básicas humanas o contato interpessoal, por exemplo, ou uma noção de Espiritualidade ou ainda a possibilidade da expressão? Valendo-se desta área nebulosa que existe na alma humana, o assim chamado Marketing pode criar "necessidades" que antes não existiam ou transformar necessidades reais em necessidades absolutamente fictícias. Igualmente a Propaganda é capaz de direcionar estas pseudo-necessidades e ao redor delas produzir desejos que por fim geram "vontades" que em última análise não refletem a Vontade do próprio indivíduo, mas refletem a vontade de um sistema que as implantou em sua alma.
Este sistema funciona de maneira bem simples: localiza-se inicialmente uma necessidade humana real, digamos: a necessidade de contato interpessoal e, através dele, a necessidade de ser aceito. Partindo-se do pressuposto que o próprio esquema de vida contemporâneo dificulta (não por acaso) que esta necessidade seja atendida, deduz-se que há uma grande população na sociedade que sofre de uma carência afetiva crônica e de uma baixa auto-estima em decorrência (e verifica-se na prática que isto é assim de fato). Caso pudéssemos apresentar a estes indivíduos uma maneira (ainda que enganosa) através da qual eles diminuíssem seu sofrimento, muito provavelmente a aceitariam como forma de aplacar sua dor. Então, se associássemos a idéia de relacionar-se e a de ser aceito a um padrão estético bem definido, por exemplo, teríamos uma grande população perseguindo este padrão estético a qualquer preço (literalmente), mesmo sem se dar conta que este mesmo padrão estético em nada colabora com a satisfação de sua necessidade real. Alguém que está de acordo com estes ditames estéticos será aceito pelo grupo e terá sua auto-estima reforçada (ou assim acreditará ser verdade). Chama-se isso de objeto intermediário: este objeto que se interpõe entre uma necessidade e sua satisfação imediata. Podem-se ainda interpolar outros objetos intermediários nesta equação ad infinitum, isto é: para que se alcance o padrão estético, há que se conseguir antes certo status e, para que se alcance este status há que se conseguir antes... E para que se alcance... Sem fim!
Desta forma, temos atualmente determinados mandatos: o "homem moderno" tem a "obrigação" de ser no mínimo jovial, alto, forte, másculo, com aparência esportiva, potente (sexual e socialmente), bronzeado de sol (como prova de que tem tempo livre), bem sucedido economicamente e socialmente (símbolos de status e poder), superficialmente culto, elegante (segundo os critérios da moda) e, fundamental, ter ao seu lado uma mulher dentro dos padrões sociais. A "mulher moderna" tem a "obrigação" de ser jovem, ter seios fartos, cintura extremamente fina, absolutamente nenhum acúmulo de gordura subcutânea, ausência completa de sinais na pele (tais como rugas, celulite ou varizes), lábios carnudos, olhos marcantes, musculatura rígida, sensualidade (sem escorregar para a sexualidade franca), habilidades domésticas, personalidade infantilizada e ostentar ao seu redor todos os símbolos possíveis de status (como prova do sucesso de seu companheiro). Na falta de qualquer uma destas "qualidades", o exagero das demais, pode levar a uma "compensação". Parece que estes são os paradigmas universalmente aceitos na atualidade: caso alguém se coloque fora destas regras rígidas, terá que enfrentar a rejeição social.
Os gregos antigos diziam que houve uma vez em que os deuses precisaram escolher qual dentre todas as deusas era a mais bela. As três candidatas que se apresentaram foram Afrodite, que representa o amor, Hera que representa a fama e Atena que representa a sabedoria. Neste mito, a vencedora do "concurso de beleza" foi Afrodite, mas cada um de nós deve na vida escolher entre estas três deusas, ou três objetivos de vida. Há os que se sacrificam pela beleza, outros pela fama e ainda outros pela sabedoria. O grande perigo aqui é que atualmente há caminhos pré-estabelecidos para estes objetivos sejam atingidos, e sabe-se que tais caminhos de cartas marcadas não nos levam a esses mesmos objetivos; mas, com certeza renderão milhões de dólares àqueles que detém os pedágios destas vias. De toda forma, os gregos antigos também diziam que qualquer virtude humana é mortal, como todos nós somos mortais. O mais próximo que podemos chegar da eternidade é através das artes, pois elas sobrevivem em muito aos seus atores.
O Ser Humano tende a considerar belo tudo aquilo que se apresenta aos nossos sentidos como simétrico, harmônico e de certa forma completo. As formas cósmicas dos planetas e estrelas que descrevem suas trajetórias harmônicas pelos céus, nos inspirou a isto. Porém, na evolução histórica dos conceitos estéticos, a busca pela Beleza foi gradativamente sendo substituída pela realidade nua e crua, onde pululam assimetrias, sensações conflitantes, dissonâncias e a aleatoriedade. Este processo chegou a tal ponto que atualmente não mais se tem a noção do que possa vir a ser o artístico e muito menos o belo. O Realismo, o Modernismo, o Desconstrutivismo, a Antropofagia, o Surrealismo, a estética Punk, a estética Gótica incumbiram-se de destroçar estes conceitos e deram lugar a um grande nada. É justamente sobre este nada que atuam a Propaganda e o Marketing.
Vivemos a era Pós-Tudo, onde tudo já foi feito, tudo já foi tentado e tudo já foi descartado. Mesmo no âmbito da religião e da Espiritualidade todos os paradigmas foram sistematicamente demolidos e o que resta hoje é uma profusão de doutrinas religiosas em constante conflito entre si e que nada mais provocam no Ser Humano do que angústia. Resumindo: o Ser Humano vive uma era sem sonhos, sem parâmetros e sem absolutamente nenhum referencial inquestionável. Na falta de um deus para reverenciar, o Inconsciente imediatamente procura qualquer ídolo que o substitua, nem sempre de forma adequada e coerente. Este processo recebe o nome de "idolatria": há os que cultuam o dinheiro, o saber, o poder ou mesmo aqueles que se dignam a cultuar a figura de um astro pop e até mesmo os que idolatram uma religião qualquer que lhes apresente, ainda que psicótica, incoerente e infundada.
É lógico que por trás disto há uma gigantesca mola propulsora, fruto de uma engrenagem social: o consumismo. Os mercados devem ser expandidos a qualquer preço. Cotas de vendas devem ser atingidas unicamente para serem superadas. Cremes de beleza, maquiagem, cirurgias plásticas, procedimentos cosmiátricos, academias de ginásticas, tratamentos corporais, métodos fraudulentos que prometem uma beleza mágica são sustentados por esta busca frenética. Marcas "famosas", etiquetas, material eletrônico de última geração, automóveis, brinquedos aberrantes, jóias, objetos de design, móveis, tapetes, quadros, bolsas, sapatos, vestuário e muitos, muitos acessórios. Álcool, drogas, cigarro, métodos sistemáticos de desconexão da realidade como Internet, realidade virtual, imagem e som, ilusões. Viagra, anabolizantes, anti-depressivos, ansiolíticos, anti-bióticos, anti-inflamatórios, anti-oxidantes, extasy... O que seria de todos estes mercados se de uma hora para outra as pessoas desistissem de procurar objetos? E mais: sempre há um up grade, sempre há uma nova versão, sempre há uma nova tendência, sempre há uma nova meta, novas cotas de venda, novos mercados.
Atentemos para a inutilidade de tudo isso: todos morreremos, mais cedo ou mais tarde. Devemos ter sempre em mente que as coisas são somente aquilo que elas são e não vão nos garantir a satisfação de NENHUMA de nossas necessidades reais. Quem não conhece alguma jovenzinha que sofre de anorexia nervosa? Quem nunca viu aquele halterofilista que continua desesperadamente a recorrer a substâncias químicas para "crescer" ainda mais? Quem jamais cruzou com aquela mulher que não consegue mais mover seus músculos faciais e está inchada com colágeno e arrasta por sobre si uma infinidade de objetos inúteis e caríssimos? Quem já não observou a "alegria" e o "entusiasmo" com que os jovens se entregam a longas "baladas"? Quem nunca viu um adolescente que se torna rapidamente dependente de álcool e de drogas cada vez mais potentes bem debaixo dos olhos desatentos de seus pais? Quem nunca viu as multidões que se aglomeram em torno de um templo que dissemina o preconceito e o ódio. Consumismo, puramente consumismo. Talvez alguém saiba me dizer sobre a indústria bélica, com conseqüências talvez muito mais terríveis. Sabe-se que hoje aproximadamente um terço da Humanidade passa fome e vive em condições de pobreza absoluta. Sabe-se também que outro terço da Humanidade sofre por problemas gerados pela obesidade. Aonde é que o consumismo pretende levar a humanidade, se mesmo aqueles que criam esta rede infinda de desejos, necessidades e vontades acabam por ela escravizados?
Toda idolatria se cura com a tomada de consciência do processo e ao se encarar a verdadeira causa que nos levou a ela: a falta de deuses para serem cultuados. O Ser Humano necessita, como sempre necessitou e continuará a necessitar, de Espiritualidade. A partir do momento em que a Beleza retornar ao seu lugar de origem, ou seja: às artes, ao Bem e à contemplação da Natureza, a verdadeira Espiritualidade ressurgirá e conseqüentemente a idolatria perderá todo seu pseudo-sentido. Mas que se consiga atingir este nível de consciência de forma global é praticamente impossível no momento: contra esta tomada de consciência há forças sociais estabelecidas pelo consumismo capitalista que nos bombardeiam diariamente com inúmeras mensagens subliminares nos meios de comunicação, nos paradigmas aceitos pela opinião da maioria, pelo modus vivendi da sociedade ocidental. Porém, algo necessita ser urgentemente alterado neste modus vivendi para que a Humanidade consiga superar este impasse contemporâneo...
Pânico geral
O Pânico (Ansiedade Paroxística) é uma "super crise de ansiedade", normalmente acompanhada de sintomas físicos (taquicardia, sensação de sufocamento, sudorese, dores musculares, formigamento de mão e pés, desmaios, etc) que acontece sem aviso e sem causa aparente, podendo pegar uma pessoa de surpresa em qualquer situação: dirigindo, trabalhando, em casa ou mesmo dormindo. A sensação é de morte iminente, mesmo que a pessoa não esteja exposta a nenhum risco real. O mal estar é tão grande que provoca no indivíduo um medo intenso de que ele possa se repetir, o que leva a mais ansiedade. Inicialmente, a pessoa tenta correlacionar a crise com algum evento e a tendência geral é a de evitá-lo. Por exemplo: se a crise ocorreu no carro, o paciente procura evitar andar de carro. Porém, com o tempo, as crises passam a ocorrer em inúmeras situações diferentes e a pessoa tende a ter medo de exercer qualquer atividade, até então corriqueira em sua vida. As limitações impostas pela doença aos pacientes são crescentes e progressivamente mais severas. Aparece aquilo que os médicos chamam de "agorafobia": medo intenso de se ver em ambientes abertos ou mesmo de afastar-se de casa e a "fobofobia": medo de ter medo. Neste ponto, em desespero, os pacientes imaginam que possam estar sofrendo de doenças orgânicas, tais como problemas cardíacos ou alterações hormonais e iniciam uma verdadeira peregrinação de especialista em especialista, passando por uma batelada de exames complexos, até se darem conta de que o problema tem uma causa absolutamente psíquica. É neste ponto que muito comumente a depressão se sobrepõe à ansiedade. Um círculo vicioso se instala e temos então uma pessoa limitada, angustiada, depressiva e que não consegue se ver livre de crises de ansiedade recorrentes. Tudo se passa como se a pessoa estivesse enfrentando uma situação de emergência, de pânico, apesar de misteriosamente estar levando uma vida tranqüila e sem nenhum fator estressante aparente.
Mas o que ocorre com uma pessoa que a leva ao Pânico, afinal? Imaginemos inicialmente a vida de uma pessoa comum há uns, digamos, dois ou três séculos passados: um indivíduo vivia em regiões tranqüilas e isoladas, longe dos grandes centros urbanos e tinha a necessidade diária de conviver com seus familiares em constante troca afetiva de ajuda mútua. Havia também a necessidade de exercício físico constante, como por exemplo, para cortar lenha, cuidar de seus animais domésticos e de sua moradia, sem quase nenhuma facilidade tecnológica para auxiliá-lo nestas tarefas. O próprio trabalho rural dos indivíduos era o fator responsável pela integração do Ser Humano à Natureza. A Espiritualidade, seja de qual origem fosse, era a linha mestra das vidas. O acesso à informação era absolutamente restrito e ineficaz, o que obrigava o indivíduo a ignorar os acontecimentos que não estavam rigorosamente ligados à sua vida pessoal e da pequena comunidade a que pertencia. Nosso sistema emocional foi feito, por assim dizer, para este tipo de vida pacata e rural e não para a vida que temos hoje. Nosso sistema cognitivo consegue dar conta desta informação: entendemos facilmente que houve um terremoto no Japão, um atentado terrorista nos Estados Unidos e um bombardeio no Oriente Médio. Mas o que podemos fazer com a carga emocional que cada uma destas notícias contém? Somemos a isto o stress que a pressão da propaganda nos impõe: temos que ter o tal carro do ano, temos que usar a tal roupa de grife e temos que dar a nossos filhos o tal brinquedo eletrônico e computadorizado que ele viu na TV e raramente nossa renda acompanha os gastos destas "necessidades" criadas pelo Marketing. Para piorar, não conseguimos ter o controle de nossas atividades diárias: normalmente exigem-se de cada um mais tarefas do que seriam possíveis nas vinte e quatro horas de um dia. Nos únicos momentos de relaxamento e descontração, dedicamo-nos a receber mais informações cognitivo-emocionais conflitantes, quando nos expomos a um filme de ação cheio de violência e terror ou simplesmente nos anestesiamos com substâncias entorpecedoras (álcool e drogas). O contato interpessoal, vital para qualquer Ser Humano, tornou-se cada vez mais excepcional e de baixíssima qualidade, permeado por stress e ansiedade. O contato frutífero com o Inconsciente através das atividades criativas, artísticas ou através dos sonhos e das estórias mitológicas e folclóricas, perdeu-se em meio à confusão da modernidade. O exercício físico somente é possível mediante compromissos agendados em academias, que acabam trazendo mais informações desnecessárias e mais exigências impostas pela sociedade de consumo. O Pânico, visto sob este prisma, parece-me uma doença social fadada a acometer um número cada vez maior de pessoas, não? Cada indivíduo consegue lidar com uma quantidade "X" de stress: cada um de nós tem seu limiar. Ultrapassado este limiar, o cérebro humano está programado, desde a mais remota antiguidade, para detonar sinais de alerta e declarar, à revelia da consciência, que estamos submetidos a uma situação emergencial, em que devemos lançar mão de mecanismos que possam garantir nossa sobrevivência. Este alerta é o pânico. O pânico, palavra grega que significa "aquilo que atinge a todos indistintamente", é o instinto que faz com que a presa fuja do predador, é aquele sentimento que faz com que cada um aja para defender sua própria vida, rebaixando as funções intelectivas superiores. Os centros neuronais responsáveis por este "decreto de pânico", são os chamados núcleos da base e o sistema límbico. Os núcleos da base são estruturas que foram por nós herdadas dos répteis, por isso são também conhecidas como "cérebro reptiliano". A agressividade, os rompantes emocionais e o preparo do organismo como um todo para o choque, são suas "marcas registradas". Este cérebro reptiliano não tem condições de separar o que é fantasia, do que é realidade. Não há como abstrair quais informações realmente dizem respeito à nossa vida e quais não, não há como classificar quais necessidades são imperiosas e quais são apenas apelos sociais. Quando este cérebro reptiliano toma o poder, mesmo quando não ocorre uma situação em que nossa vida esta sob a ameaça de um perigo real, ocorre uma crise paroxística de ansiedade, que é mediada pelo sistema límbico. A "Síndrome do Pânico" é a situação em que nosso cérebro e nosso corpo reagem como se estivéssemos frente a frente com um tigre de dentes de sabre, mesmo quando este tigre seja tão-somente nossa vida cotidiana contemporânea.
A única maneira de revertermos o processo da crescente "epidemia" de Pânico, é a mudança urgente do modo de vida, principalmente o levado pelos habitantes dos grandes centros urbanos. O retorno às atividades artísticas e criativas; a instituição do exercício físico habitual e desvinculado das exigências sociais estéticas e consumistas; o contato pleno com o Inconsciente proporcionado pelos sonhos, pelos mitos e pelo folclore; o contato verdadeiro e afetivo entre os indivíduos e, finalmente, a diminuição do bombardeio diário do excesso de informação, são as saídas conjuntas obrigatórias. A Espiritualidade também impõe-se como fator estabilizador e redutor de pseudo-responsabilidades individuais, re-introduzindo a noção do coletivo e da deidade responsável por esta coletividade, tal qual a Natureza como fator re-equilibrador em seus ciclos eternos. Estes são os verdadeiros desafios a serem superados pela sociedade do Século XXI.
O Pânico (Ansiedade Paroxística) é uma "super crise de ansiedade", normalmente acompanhada de sintomas físicos (taquicardia, sensação de sufocamento, sudorese, dores musculares, formigamento de mão e pés, desmaios, etc) que acontece sem aviso e sem causa aparente, podendo pegar uma pessoa de surpresa em qualquer situação: dirigindo, trabalhando, em casa ou mesmo dormindo. A sensação é de morte iminente, mesmo que a pessoa não esteja exposta a nenhum risco real. O mal estar é tão grande que provoca no indivíduo um medo intenso de que ele possa se repetir, o que leva a mais ansiedade. Inicialmente, a pessoa tenta correlacionar a crise com algum evento e a tendência geral é a de evitá-lo. Por exemplo: se a crise ocorreu no carro, o paciente procura evitar andar de carro. Porém, com o tempo, as crises passam a ocorrer em inúmeras situações diferentes e a pessoa tende a ter medo de exercer qualquer atividade, até então corriqueira em sua vida. As limitações impostas pela doença aos pacientes são crescentes e progressivamente mais severas. Aparece aquilo que os médicos chamam de "agorafobia": medo intenso de se ver em ambientes abertos ou mesmo de afastar-se de casa e a "fobofobia": medo de ter medo. Neste ponto, em desespero, os pacientes imaginam que possam estar sofrendo de doenças orgânicas, tais como problemas cardíacos ou alterações hormonais e iniciam uma verdadeira peregrinação de especialista em especialista, passando por uma batelada de exames complexos, até se darem conta de que o problema tem uma causa absolutamente psíquica. É neste ponto que muito comumente a depressão se sobrepõe à ansiedade. Um círculo vicioso se instala e temos então uma pessoa limitada, angustiada, depressiva e que não consegue se ver livre de crises de ansiedade recorrentes. Tudo se passa como se a pessoa estivesse enfrentando uma situação de emergência, de pânico, apesar de misteriosamente estar levando uma vida tranqüila e sem nenhum fator estressante aparente.
Mas o que ocorre com uma pessoa que a leva ao Pânico, afinal? Imaginemos inicialmente a vida de uma pessoa comum há uns, digamos, dois ou três séculos passados: um indivíduo vivia em regiões tranqüilas e isoladas, longe dos grandes centros urbanos e tinha a necessidade diária de conviver com seus familiares em constante troca afetiva de ajuda mútua. Havia também a necessidade de exercício físico constante, como por exemplo, para cortar lenha, cuidar de seus animais domésticos e de sua moradia, sem quase nenhuma facilidade tecnológica para auxiliá-lo nestas tarefas. O próprio trabalho rural dos indivíduos era o fator responsável pela integração do Ser Humano à Natureza. A Espiritualidade, seja de qual origem fosse, era a linha mestra das vidas. O acesso à informação era absolutamente restrito e ineficaz, o que obrigava o indivíduo a ignorar os acontecimentos que não estavam rigorosamente ligados à sua vida pessoal e da pequena comunidade a que pertencia. Nosso sistema emocional foi feito, por assim dizer, para este tipo de vida pacata e rural e não para a vida que temos hoje. Nosso sistema cognitivo consegue dar conta desta informação: entendemos facilmente que houve um terremoto no Japão, um atentado terrorista nos Estados Unidos e um bombardeio no Oriente Médio. Mas o que podemos fazer com a carga emocional que cada uma destas notícias contém? Somemos a isto o stress que a pressão da propaganda nos impõe: temos que ter o tal carro do ano, temos que usar a tal roupa de grife e temos que dar a nossos filhos o tal brinquedo eletrônico e computadorizado que ele viu na TV e raramente nossa renda acompanha os gastos destas "necessidades" criadas pelo Marketing. Para piorar, não conseguimos ter o controle de nossas atividades diárias: normalmente exigem-se de cada um mais tarefas do que seriam possíveis nas vinte e quatro horas de um dia. Nos únicos momentos de relaxamento e descontração, dedicamo-nos a receber mais informações cognitivo-emocionais conflitantes, quando nos expomos a um filme de ação cheio de violência e terror ou simplesmente nos anestesiamos com substâncias entorpecedoras (álcool e drogas). O contato interpessoal, vital para qualquer Ser Humano, tornou-se cada vez mais excepcional e de baixíssima qualidade, permeado por stress e ansiedade. O contato frutífero com o Inconsciente através das atividades criativas, artísticas ou através dos sonhos e das estórias mitológicas e folclóricas, perdeu-se em meio à confusão da modernidade. O exercício físico somente é possível mediante compromissos agendados em academias, que acabam trazendo mais informações desnecessárias e mais exigências impostas pela sociedade de consumo. O Pânico, visto sob este prisma, parece-me uma doença social fadada a acometer um número cada vez maior de pessoas, não? Cada indivíduo consegue lidar com uma quantidade "X" de stress: cada um de nós tem seu limiar. Ultrapassado este limiar, o cérebro humano está programado, desde a mais remota antiguidade, para detonar sinais de alerta e declarar, à revelia da consciência, que estamos submetidos a uma situação emergencial, em que devemos lançar mão de mecanismos que possam garantir nossa sobrevivência. Este alerta é o pânico. O pânico, palavra grega que significa "aquilo que atinge a todos indistintamente", é o instinto que faz com que a presa fuja do predador, é aquele sentimento que faz com que cada um aja para defender sua própria vida, rebaixando as funções intelectivas superiores. Os centros neuronais responsáveis por este "decreto de pânico", são os chamados núcleos da base e o sistema límbico. Os núcleos da base são estruturas que foram por nós herdadas dos répteis, por isso são também conhecidas como "cérebro reptiliano". A agressividade, os rompantes emocionais e o preparo do organismo como um todo para o choque, são suas "marcas registradas". Este cérebro reptiliano não tem condições de separar o que é fantasia, do que é realidade. Não há como abstrair quais informações realmente dizem respeito à nossa vida e quais não, não há como classificar quais necessidades são imperiosas e quais são apenas apelos sociais. Quando este cérebro reptiliano toma o poder, mesmo quando não ocorre uma situação em que nossa vida esta sob a ameaça de um perigo real, ocorre uma crise paroxística de ansiedade, que é mediada pelo sistema límbico. A "Síndrome do Pânico" é a situação em que nosso cérebro e nosso corpo reagem como se estivéssemos frente a frente com um tigre de dentes de sabre, mesmo quando este tigre seja tão-somente nossa vida cotidiana contemporânea.
A única maneira de revertermos o processo da crescente "epidemia" de Pânico, é a mudança urgente do modo de vida, principalmente o levado pelos habitantes dos grandes centros urbanos. O retorno às atividades artísticas e criativas; a instituição do exercício físico habitual e desvinculado das exigências sociais estéticas e consumistas; o contato pleno com o Inconsciente proporcionado pelos sonhos, pelos mitos e pelo folclore; o contato verdadeiro e afetivo entre os indivíduos e, finalmente, a diminuição do bombardeio diário do excesso de informação, são as saídas conjuntas obrigatórias. A Espiritualidade também impõe-se como fator estabilizador e redutor de pseudo-responsabilidades individuais, re-introduzindo a noção do coletivo e da deidade responsável por esta coletividade, tal qual a Natureza como fator re-equilibrador em seus ciclos eternos. Estes são os verdadeiros desafios a serem superados pela sociedade do Século XXI.
O Medo do Diferente
"Misoneísmo" é o termo que designa o medo irracional expresso sob forma de preconceito e resistência ao que é novo. Tudo o que é novo é aquilo que nos é diferente. Podem reparar: aquelas coisas que nunca vimos antes, invariavelmente, à primeira vista, nos parecem estranhas e aterrorizantes, mesmo que no fundo nos causem um certo fascínio. Até certo ponto este sentimento misoneista é absolutamente natural: até este ponto em que ele se situa entre a curiosidade e o medo, a atração e a aversão. Quando este misoneísmo se mistura à moral e, pior, quando deles nasce um comportamento discriminatório e segregacionista, podendo chegar aos horrores sociais da xenofobia declarada, do nacionalismo, do racismo, do apartheid, da escravidão ou do genocídio; do misoginismo, do sexismo ou da homofobia; da segregação religiosa, do fundamentalismo ou das assim chamadas "guerras santas", o que era natural, assume aspecto monstruoso e muda rapidamente de figura.
Quando se tem consciência deste processo, da existência do misoneísmo e de seus perigos potenciais, pode-se refletir sobre o próprio medo e, a partir de uma postura racional, combatê-lo de forma declarada, com coragem e compreensão de que o que nos é diferente não necessariamente é ruim. Este movimento de consciência racional reflexiva mostra-nos invariavelmente a diversidade humana e revela-nos, nesta diversidade, que o que é diferente é exatamente aquilo que vem enriquecer nossa visão, até então parcial, do existir humano. Afastados interesses políticos, sociais e econômicos de cunho escuso e tortuoso, este caminho é o único que se apresenta racional e propriamente humano, superando aos poucos um primeiro impulso instintivo, primitivo e animal, representado pelo misoneísmo.
A coisa já começa por um aparentemente inocente jogo de futebol, onde somos "nós" contra "eles". Deste confronto podem aparecer do fundo da alma humana, oriundos de tempos pré-históricos, sentimentos extremamente destrutivos que podem jogar um grupo contra o outro, até níveis absolutamente selvagens, como não raro se vê em espetáculos bárbaros de brigas entre torcidas ou mesmo antagonismos entre cidades, países ou povos inteiros, que, a priori, deveriam ser grupos irmãos unidos pelo esporte. A espécie humana é uma raça muitíssimo agressiva e acaba "aproveitando-se" de desculpas coletivas como estas para dar vazão à toda agressividade contida. É exatamente por esta razão que povos tradicionalmente mais contidos é que serão aqueles que mais belicosos se apresentarão em situação de "exceção", tais como os Hulligans. A aparição destes sentimentos selvagens se dá normalmente de forma insidiosa e lentamente progressiva, solapando aos poucos as defesas psíquicas e distorcendo gradativamente o verniz civilizado. Isto é eximiamente apresentado no filme "O Senhor das Moscas" ou na estória do "Médico e do Monstro". Este lado oculto e reprimido de nossa existência, é conhecido como "Sombra". Inevitavelmente a Sombra se aproveita de nossa tendência natural ao misoneísmo para manifestar-se: há que se cuidar para não ser por ela dominado.
Tudo fica muito pior quando existe um contexto social, histórico ou geopolítico que venha a corroborar racionalmente, ainda que de forma falaciosa, este sentimento primitivo e selvagem que emerge a partir do misoneísmo. Quando há séculos ou mesmo há milênios existe uma tendência generalizada de uma sociedade como um todo em apoiar a discriminação e quando para tal usam-se leis morais ou religiosas, a Sombra ganha plenos poderes para manifestar-se em seu lado mais doentio e feroz. A opressão contra a mulher, o racismo contra os negros, a crítica à homossexualidade e os confrontos religiosos são exemplos desta magnitude. As sociedades arbitrárias e neuróticas necessitam de um "bode expiatório" para justificar seus desacertos e desventuras. Eleitos tais "bodes expiatórios", dificilmente serão esquecidos e deixados de lado, pois, para que isto aconteça, haveria a necessidade da eleição de novos para seu lugar. Todo este mecanismo acontece em um nível inconsciente coletivo e é automaticamente transmitido de geração para geração através dos costumes e da educação. Mesmo pessoas que individualmente têm consciência destes processos, acabam por se flagrarem em atitudes preconceituosas "aqui e ali", quando impulsionadas pelo coletivo. Nestes casos, o medo de que a aceitação do que é diferente e novo venha a transformar o status quo e a colocar em risco a própria existência de todo o grupo parece absoluto e imperioso, sobrepujando a própria racionalidade e dela se utilizando para sustentar uma argumentação equivocada em nome do misoneísmo.
Um triste exemplo pode ser visto num texto publicado por um renomado professor universitário do Rio de Janeiro contra a homossexualidade: Prof. Dr. Olavo de Carvalho. Nele, este senhor demonstra claramente todo seu esforço em afastar de si seu pânico irracional frente às práticas homossexuais de diversos níveis. O único intuito de um texto assim, aliás bem articulado e elaborado, me parece ser a auto-afirmação de que sua própria sexualidade está longe de ser classificada como homossexual, apesar de deixar claro nas entrelinhas, que na infância e/ou adolescência deva ter havido algumas experiências sexuais entre ele e indivíduos do mesmo sexo. Práticas homossexuais são absolutamente comuns na infância e adolescência. O ataque aos homossexuais e à homossexualiade justificar-se-ia apenas por uma negação de sua própria homossexualidade, como extravasamento do medo e da culpa contidas nas lembranças destas práticas homossexuais do passado. O homossexual do presente seria uma espécie de "reencarnação" das culpas do sujeito cometidas num passado distante e, como tal, seria eleito o "bode expiatório" perfeito para uma auto-afirmação e para um processo catártico. Não há impedimento que, apesar de ter tido relações homo e/ou heterossexuais, uma pessoa se autoclassifique como heterossexual. O problema está em não permitir que outras pessoas se autoclassifiquem como bissexuais ou homossexuais.
Não me parece que a pura existência de homossexuais assumidos ou da homossexualidade coloque em risco a da heterossexualidade ou a de heterossexuais, bem como a de qualquer outro tipo de sexualidade. Imagino que a aceitação do diferente, não o genitalmente diferente, mas o que é comportamentalmente diverso demonstra tão-somente uma segurança plena em relação às próprias convicções do heterossexual. Deduz-se que a não aceitação do que lhe é diverso, demonstra claramente a insegurança pessoal que o homofóbico tem em relação à própria sexualidade, gerando, como o nome indica, um medo irracional e patológico àquele comportamento que colocaria neuroticamente em risco suas idéias pouco fundamentadas sobre seus titubeantes impulsos sexuais. O verdadeiro heterossexual jamais se sentiria ameaçado pela existência do homossexual ou do bissexual. Igualmente, a homossexualidade não coloca em risco a sobrevivência da espécie humana, como afirma o prof. Olavo de Carvalho em seu texto. Primeiro, por sempre haver existido ao longo de milênios em todas as culturas conhecidas. Segundo, por existir em uma proporção que sempre girou em torno dos 10% de qualquer população, o que está longe de impedir a reprodução humana, tão comum e freqüente. Pelo contrário: a Humanidade alastra-se como uma praga por sobre este planeta! Mesmo em épocas em que estes valores foram ligeiramente maiores, a espécie jamais foi ameaçada de extinção. A fantasia da ameaça à própria existência da espécie, fundamenta-se no medo da destruição dos valores tidos como indispensáveis à sobrevivência psíquica do homofóbico, projetado por continuidade em toda a humanidade. Em outras palavras: se um homofóbico aceita a homossexualidade no outro, deve inexoravelmente aceitar a própria homossexualidade e vê nisso a ameaça à sua própria sobrevivência enquanto indivíduo, sem se dar conta que sua homofobia confirma sua homossexualidade latente.
Igual mecanismo ocorre na mente do machista inveterado: ao rejeitar a mulher, pensa reafirmar sua própria masculinidade, sem ao menos perceber que tamanha rejeição ao por ele chamado "sexo frágil" é fruto do medo devastador que sente de ser derrotado por uma liberdade do feminino em si mesmo e na sociedade. Este medo, absolutamente irracional, é fruto de épocas muito antigas, desde há mais de 10 mil anos, quando a sistema predominante na humanidade era o matriarcado. Nestas épocas, todo o poder político e social cabia à mulher e os homens eram sistematicamente usados somente para trabalhos braçais, tidos como menores, e para a guerra. Relegados a um plano de inferioridade social, os homens resolveram se rebelar. O matriarcado, origem e base das sociedades primitivas, somente foi derrotado com o uso da força bruta por parte dos homens e com a instituição de tabus, regras e leis, claramente discriminatórias contra a mulher. O patriarcado se apóia então sobre o medo para existir: o medo do homem em ser dominado (mais uma vez) pela mulher e o medo imposto de volta do homem contra a mulher, garantindo a primazia daquele sobre esta. A personificação deste medo pode ser facilmente notada em figuras mitológicas de diversas origens, tais como personagens no estilo de Medeia, Fedra, Circe, na figura da bruxa ou na encarnação máxima deste medo: Lilith. O primoroso livro de Roberto Cicuteri, "Lilith, A Lua Negra", explora muitíssimo bem este tema, em diversos campos projetivos. Igualmente o tema patriarcado versus matriarcado pode ser visto na coletânea de textos de Erich Neumann, "Pais & Mães" ou no livro de Sigmund Freud "Totem e Tabu". Esta imensa discriminação contra a mulher, somente começou a ser corrigida há menos de 50 anos com o aparecimento dos movimentos de "liberação feminina" e das primeiras feministas e, na prática de muitos países e culturas, ainda espera uma redenção eficaz. Quem não se choca com a agressividade contra a mulher infelizmente ainda tão comum em nosso meio e em culturas patriarcais extremistas?
Há quem se justifique dizendo que "a mera expressão de condenação moral não é discriminação; é exercício da liberdade de consciência". Como é possível que a moral seja expressão da liberdade??? A moral é fruto da separação entre a Luz e a Sombra, o Bem e o Mal, assumidos como tais de forma arbitrária e absolutamente variável de cultura para cultura, de época para época. Em essência: discriminatória. A moral é inevitavelmente dada e relativa, maniqueísta e ilógica, sempre a serviço de determinados interesses sociais, oligarquias e visões parciais do mundo. O mesmo já não acontece com a Ética que se pretende uma dedução lógica da maneira do agir, procurando o que poderia ser a idéia do Bem Universal. Mesmo a Ética ainda se apresenta por vezes contraditória e pouco concludente. O que não se diria da pura e simples moral... É verdade que um indivíduo, ainda que contra a Ética, tenha o direito de ser discriminatório e moralista, mas este direito per se não legitima sua posição ou a moral por ele adotada. Igualmente Simone de Beauvoir, ainda que com argumentos totalmente diversos, concordaria com esta colocação. Kant pode aplicar seus Imperativos Categóricos a todos os seres racionais, como por ele é definido, desde que exclua deste conjunto os Seres Humanos, muito mais complexos e compostos que puramente racionais e pensantes.
Também é possível que se diga que "o preconceito mesmo, por irracional e fanático que seja, não é discriminação, desde que não se expresse em atos agressivos ou danosos". Absolutamente de acordo. Infelizmente, na prática, o que ocorre é que o preconceito leva, na maioria das vezes, a tais atos agressivos ou danosos. Ou seja: um indivíduo somente teria o direito de permanecer preconceituoso, ainda que contra a Ética (repito), apenas se jamais agisse de acordo com tais preconceitos contra indivíduos que exercem atos contrários às suas idéias pré-concebidas ou ainda, sem que jamais agisse contra as ações por eles praticadas. O que equivale dizer que qualquer um tem o direito de ser misoneista, contanto que permita que todos se expressem livremente (inclusive em atos) e que a pluralidade humana seja uma possibilidade viável em qualquer local ou momento.
Quando estes preconceitos milenares estão a serviço da manutenção da hegemonia política e/ou de um determinado grupo, as proporções mais catastróficas deste processo se apresentam. Pois não era de extremo interesse das classes dominantes que os negros continuassem a ser considerados seres inferiores para que a mão de obra escrava pudesse continuar a ser utilizada nas Américas? O belíssimo filme de Steven Spielberg, "Amistad", demonstra isto claramente na narrativa dramática e realista de uma história real. Exatamente da mesma forma o regime de apartheid na África do Sul e nos Estados Unidos não era extremamente confortável para as elites que dele tiravam proveito econômico e político? O mesmo não ocorre com o sistema de castas na Índia? Não se poderia dizer que a segregação social, tão comum no Brasil, não está a serviço das elites que se beneficiam com a perpetuação da existência de uma massa inculta, sem consciência política e manipulável? Pois não é vantajoso para os chamados países do "Primeiro Mundo" a existência de países pobres que por eles são explorados? Pois não foi então o dinheiro e os bens usurpados da população judaica da Europa que financiou a Alemanha Nazista na Segunda Guerra Mundial? Todos estes sistemas segregacionistas de igual maneira se beneficiam de um pseudo-sentimento misoneista para um ganho secundário de enorme tamanho, mantido disfarçado por sob uma capa de simples preconceito étnico, religioso ou social. Nestes casos, são manobrados e manipulados tanto os preconceituosos quanto os discriminados.
Mesmo nos casos em que aparentemente as partes do jogo estão claramente delimitadas, pode-se perceber uma manipulação dos fatos e da opinião pública em favor de determinadas elites. No recente acontecimento da tragédia do World Trade Center em Nova York, apesar do inegável horror dos acontecimentos por todos testemunhados, poucos foram aqueles que se questionaram sobre a legitimidade da resposta arbitrária e extremamente agressiva dos Estados Unidos contra uma população pobre e já tão sofrida com inúmeras guerras anteriores, como a do Afeganistão. O que o infeliz povo do Afeganistão tem a ver com os atentados terroristas de 11 de setembro de 2001? Qual o direito que o país mais rico do mundo tem de interferir drasticamente na cultura de um outro povo que contra ele jamais fez um ato de guerra? E o Iraque? Onde estão as armas de destruição em massa? Onde está a libertação do Iraque que deu nome à guerra? É liberdade uma guerra civil? Será possível que ninguém tenha noção de que com o valor de um único míssil jogado sobre uma população civil indefesa seria possível que se alimentasse todo um povo por um mês inteiro? Qual a relação existente entre os árabes e muçulmanos de todo o planeta (inclusive do Brasil) com os atos de uma pequena minoria fundamentalista e fanática? Por que todo um povo deve ser segregado como "bode expiatório" de uma "meia-dúzia" de terroristas absolutamente insanos? Ou será que ninguém notou a arbitrariedade com que os árabes e muçulmanos em geral foram e estão sendo tratados por agentes americanos e pela opinião pública por eles manipulada? Pensar sobre isso é vital neste momento.
Em Grego existem três formas distintas para se dizer "amor". A primeira, normalmente traduzida por "amizade" é a palavra "philia". Philia é o sentimento que expressa a união de "nós" (amigos) contra "eles" (inimigos). A philia está na base do misoneísmo. A segunda é a palavra "eros", traduzida como "amor complementaridade", "amor entre os opostos". Eros expressa a idéia de que no diferente reside a complementação em busca da totalidade e da harmonia, fruto da pluralidade. No entanto, na Bíblia toda vez que se lê a palavra "amor" na tradução em Português, não é a nenhuma destas palavras que se refere no original grego. É à terceira palavra a que faz referência: "agápe". Agápe é o "amor incondicional". Amor que une todos os seres sob o céu. Amor que ama a tudo indistintamente e que reúne em si o Universo, sem se importar com diferenças ou semelhanças. É exatamente a este agápe ("caritas", em latim) que Cristo se refere em sua frase: "amai-vos uns aos outros". Há possibilidade mais abrangente ou sentimento mais nobre que este? Por que não amar o que é diferente?
"Misoneísmo" é o termo que designa o medo irracional expresso sob forma de preconceito e resistência ao que é novo. Tudo o que é novo é aquilo que nos é diferente. Podem reparar: aquelas coisas que nunca vimos antes, invariavelmente, à primeira vista, nos parecem estranhas e aterrorizantes, mesmo que no fundo nos causem um certo fascínio. Até certo ponto este sentimento misoneista é absolutamente natural: até este ponto em que ele se situa entre a curiosidade e o medo, a atração e a aversão. Quando este misoneísmo se mistura à moral e, pior, quando deles nasce um comportamento discriminatório e segregacionista, podendo chegar aos horrores sociais da xenofobia declarada, do nacionalismo, do racismo, do apartheid, da escravidão ou do genocídio; do misoginismo, do sexismo ou da homofobia; da segregação religiosa, do fundamentalismo ou das assim chamadas "guerras santas", o que era natural, assume aspecto monstruoso e muda rapidamente de figura.
Quando se tem consciência deste processo, da existência do misoneísmo e de seus perigos potenciais, pode-se refletir sobre o próprio medo e, a partir de uma postura racional, combatê-lo de forma declarada, com coragem e compreensão de que o que nos é diferente não necessariamente é ruim. Este movimento de consciência racional reflexiva mostra-nos invariavelmente a diversidade humana e revela-nos, nesta diversidade, que o que é diferente é exatamente aquilo que vem enriquecer nossa visão, até então parcial, do existir humano. Afastados interesses políticos, sociais e econômicos de cunho escuso e tortuoso, este caminho é o único que se apresenta racional e propriamente humano, superando aos poucos um primeiro impulso instintivo, primitivo e animal, representado pelo misoneísmo.
A coisa já começa por um aparentemente inocente jogo de futebol, onde somos "nós" contra "eles". Deste confronto podem aparecer do fundo da alma humana, oriundos de tempos pré-históricos, sentimentos extremamente destrutivos que podem jogar um grupo contra o outro, até níveis absolutamente selvagens, como não raro se vê em espetáculos bárbaros de brigas entre torcidas ou mesmo antagonismos entre cidades, países ou povos inteiros, que, a priori, deveriam ser grupos irmãos unidos pelo esporte. A espécie humana é uma raça muitíssimo agressiva e acaba "aproveitando-se" de desculpas coletivas como estas para dar vazão à toda agressividade contida. É exatamente por esta razão que povos tradicionalmente mais contidos é que serão aqueles que mais belicosos se apresentarão em situação de "exceção", tais como os Hulligans. A aparição destes sentimentos selvagens se dá normalmente de forma insidiosa e lentamente progressiva, solapando aos poucos as defesas psíquicas e distorcendo gradativamente o verniz civilizado. Isto é eximiamente apresentado no filme "O Senhor das Moscas" ou na estória do "Médico e do Monstro". Este lado oculto e reprimido de nossa existência, é conhecido como "Sombra". Inevitavelmente a Sombra se aproveita de nossa tendência natural ao misoneísmo para manifestar-se: há que se cuidar para não ser por ela dominado.
Tudo fica muito pior quando existe um contexto social, histórico ou geopolítico que venha a corroborar racionalmente, ainda que de forma falaciosa, este sentimento primitivo e selvagem que emerge a partir do misoneísmo. Quando há séculos ou mesmo há milênios existe uma tendência generalizada de uma sociedade como um todo em apoiar a discriminação e quando para tal usam-se leis morais ou religiosas, a Sombra ganha plenos poderes para manifestar-se em seu lado mais doentio e feroz. A opressão contra a mulher, o racismo contra os negros, a crítica à homossexualidade e os confrontos religiosos são exemplos desta magnitude. As sociedades arbitrárias e neuróticas necessitam de um "bode expiatório" para justificar seus desacertos e desventuras. Eleitos tais "bodes expiatórios", dificilmente serão esquecidos e deixados de lado, pois, para que isto aconteça, haveria a necessidade da eleição de novos para seu lugar. Todo este mecanismo acontece em um nível inconsciente coletivo e é automaticamente transmitido de geração para geração através dos costumes e da educação. Mesmo pessoas que individualmente têm consciência destes processos, acabam por se flagrarem em atitudes preconceituosas "aqui e ali", quando impulsionadas pelo coletivo. Nestes casos, o medo de que a aceitação do que é diferente e novo venha a transformar o status quo e a colocar em risco a própria existência de todo o grupo parece absoluto e imperioso, sobrepujando a própria racionalidade e dela se utilizando para sustentar uma argumentação equivocada em nome do misoneísmo.
Um triste exemplo pode ser visto num texto publicado por um renomado professor universitário do Rio de Janeiro contra a homossexualidade: Prof. Dr. Olavo de Carvalho. Nele, este senhor demonstra claramente todo seu esforço em afastar de si seu pânico irracional frente às práticas homossexuais de diversos níveis. O único intuito de um texto assim, aliás bem articulado e elaborado, me parece ser a auto-afirmação de que sua própria sexualidade está longe de ser classificada como homossexual, apesar de deixar claro nas entrelinhas, que na infância e/ou adolescência deva ter havido algumas experiências sexuais entre ele e indivíduos do mesmo sexo. Práticas homossexuais são absolutamente comuns na infância e adolescência. O ataque aos homossexuais e à homossexualiade justificar-se-ia apenas por uma negação de sua própria homossexualidade, como extravasamento do medo e da culpa contidas nas lembranças destas práticas homossexuais do passado. O homossexual do presente seria uma espécie de "reencarnação" das culpas do sujeito cometidas num passado distante e, como tal, seria eleito o "bode expiatório" perfeito para uma auto-afirmação e para um processo catártico. Não há impedimento que, apesar de ter tido relações homo e/ou heterossexuais, uma pessoa se autoclassifique como heterossexual. O problema está em não permitir que outras pessoas se autoclassifiquem como bissexuais ou homossexuais.
Não me parece que a pura existência de homossexuais assumidos ou da homossexualidade coloque em risco a da heterossexualidade ou a de heterossexuais, bem como a de qualquer outro tipo de sexualidade. Imagino que a aceitação do diferente, não o genitalmente diferente, mas o que é comportamentalmente diverso demonstra tão-somente uma segurança plena em relação às próprias convicções do heterossexual. Deduz-se que a não aceitação do que lhe é diverso, demonstra claramente a insegurança pessoal que o homofóbico tem em relação à própria sexualidade, gerando, como o nome indica, um medo irracional e patológico àquele comportamento que colocaria neuroticamente em risco suas idéias pouco fundamentadas sobre seus titubeantes impulsos sexuais. O verdadeiro heterossexual jamais se sentiria ameaçado pela existência do homossexual ou do bissexual. Igualmente, a homossexualidade não coloca em risco a sobrevivência da espécie humana, como afirma o prof. Olavo de Carvalho em seu texto. Primeiro, por sempre haver existido ao longo de milênios em todas as culturas conhecidas. Segundo, por existir em uma proporção que sempre girou em torno dos 10% de qualquer população, o que está longe de impedir a reprodução humana, tão comum e freqüente. Pelo contrário: a Humanidade alastra-se como uma praga por sobre este planeta! Mesmo em épocas em que estes valores foram ligeiramente maiores, a espécie jamais foi ameaçada de extinção. A fantasia da ameaça à própria existência da espécie, fundamenta-se no medo da destruição dos valores tidos como indispensáveis à sobrevivência psíquica do homofóbico, projetado por continuidade em toda a humanidade. Em outras palavras: se um homofóbico aceita a homossexualidade no outro, deve inexoravelmente aceitar a própria homossexualidade e vê nisso a ameaça à sua própria sobrevivência enquanto indivíduo, sem se dar conta que sua homofobia confirma sua homossexualidade latente.
Igual mecanismo ocorre na mente do machista inveterado: ao rejeitar a mulher, pensa reafirmar sua própria masculinidade, sem ao menos perceber que tamanha rejeição ao por ele chamado "sexo frágil" é fruto do medo devastador que sente de ser derrotado por uma liberdade do feminino em si mesmo e na sociedade. Este medo, absolutamente irracional, é fruto de épocas muito antigas, desde há mais de 10 mil anos, quando a sistema predominante na humanidade era o matriarcado. Nestas épocas, todo o poder político e social cabia à mulher e os homens eram sistematicamente usados somente para trabalhos braçais, tidos como menores, e para a guerra. Relegados a um plano de inferioridade social, os homens resolveram se rebelar. O matriarcado, origem e base das sociedades primitivas, somente foi derrotado com o uso da força bruta por parte dos homens e com a instituição de tabus, regras e leis, claramente discriminatórias contra a mulher. O patriarcado se apóia então sobre o medo para existir: o medo do homem em ser dominado (mais uma vez) pela mulher e o medo imposto de volta do homem contra a mulher, garantindo a primazia daquele sobre esta. A personificação deste medo pode ser facilmente notada em figuras mitológicas de diversas origens, tais como personagens no estilo de Medeia, Fedra, Circe, na figura da bruxa ou na encarnação máxima deste medo: Lilith. O primoroso livro de Roberto Cicuteri, "Lilith, A Lua Negra", explora muitíssimo bem este tema, em diversos campos projetivos. Igualmente o tema patriarcado versus matriarcado pode ser visto na coletânea de textos de Erich Neumann, "Pais & Mães" ou no livro de Sigmund Freud "Totem e Tabu". Esta imensa discriminação contra a mulher, somente começou a ser corrigida há menos de 50 anos com o aparecimento dos movimentos de "liberação feminina" e das primeiras feministas e, na prática de muitos países e culturas, ainda espera uma redenção eficaz. Quem não se choca com a agressividade contra a mulher infelizmente ainda tão comum em nosso meio e em culturas patriarcais extremistas?
Há quem se justifique dizendo que "a mera expressão de condenação moral não é discriminação; é exercício da liberdade de consciência". Como é possível que a moral seja expressão da liberdade??? A moral é fruto da separação entre a Luz e a Sombra, o Bem e o Mal, assumidos como tais de forma arbitrária e absolutamente variável de cultura para cultura, de época para época. Em essência: discriminatória. A moral é inevitavelmente dada e relativa, maniqueísta e ilógica, sempre a serviço de determinados interesses sociais, oligarquias e visões parciais do mundo. O mesmo já não acontece com a Ética que se pretende uma dedução lógica da maneira do agir, procurando o que poderia ser a idéia do Bem Universal. Mesmo a Ética ainda se apresenta por vezes contraditória e pouco concludente. O que não se diria da pura e simples moral... É verdade que um indivíduo, ainda que contra a Ética, tenha o direito de ser discriminatório e moralista, mas este direito per se não legitima sua posição ou a moral por ele adotada. Igualmente Simone de Beauvoir, ainda que com argumentos totalmente diversos, concordaria com esta colocação. Kant pode aplicar seus Imperativos Categóricos a todos os seres racionais, como por ele é definido, desde que exclua deste conjunto os Seres Humanos, muito mais complexos e compostos que puramente racionais e pensantes.
Também é possível que se diga que "o preconceito mesmo, por irracional e fanático que seja, não é discriminação, desde que não se expresse em atos agressivos ou danosos". Absolutamente de acordo. Infelizmente, na prática, o que ocorre é que o preconceito leva, na maioria das vezes, a tais atos agressivos ou danosos. Ou seja: um indivíduo somente teria o direito de permanecer preconceituoso, ainda que contra a Ética (repito), apenas se jamais agisse de acordo com tais preconceitos contra indivíduos que exercem atos contrários às suas idéias pré-concebidas ou ainda, sem que jamais agisse contra as ações por eles praticadas. O que equivale dizer que qualquer um tem o direito de ser misoneista, contanto que permita que todos se expressem livremente (inclusive em atos) e que a pluralidade humana seja uma possibilidade viável em qualquer local ou momento.
Quando estes preconceitos milenares estão a serviço da manutenção da hegemonia política e/ou de um determinado grupo, as proporções mais catastróficas deste processo se apresentam. Pois não era de extremo interesse das classes dominantes que os negros continuassem a ser considerados seres inferiores para que a mão de obra escrava pudesse continuar a ser utilizada nas Américas? O belíssimo filme de Steven Spielberg, "Amistad", demonstra isto claramente na narrativa dramática e realista de uma história real. Exatamente da mesma forma o regime de apartheid na África do Sul e nos Estados Unidos não era extremamente confortável para as elites que dele tiravam proveito econômico e político? O mesmo não ocorre com o sistema de castas na Índia? Não se poderia dizer que a segregação social, tão comum no Brasil, não está a serviço das elites que se beneficiam com a perpetuação da existência de uma massa inculta, sem consciência política e manipulável? Pois não é vantajoso para os chamados países do "Primeiro Mundo" a existência de países pobres que por eles são explorados? Pois não foi então o dinheiro e os bens usurpados da população judaica da Europa que financiou a Alemanha Nazista na Segunda Guerra Mundial? Todos estes sistemas segregacionistas de igual maneira se beneficiam de um pseudo-sentimento misoneista para um ganho secundário de enorme tamanho, mantido disfarçado por sob uma capa de simples preconceito étnico, religioso ou social. Nestes casos, são manobrados e manipulados tanto os preconceituosos quanto os discriminados.
Mesmo nos casos em que aparentemente as partes do jogo estão claramente delimitadas, pode-se perceber uma manipulação dos fatos e da opinião pública em favor de determinadas elites. No recente acontecimento da tragédia do World Trade Center em Nova York, apesar do inegável horror dos acontecimentos por todos testemunhados, poucos foram aqueles que se questionaram sobre a legitimidade da resposta arbitrária e extremamente agressiva dos Estados Unidos contra uma população pobre e já tão sofrida com inúmeras guerras anteriores, como a do Afeganistão. O que o infeliz povo do Afeganistão tem a ver com os atentados terroristas de 11 de setembro de 2001? Qual o direito que o país mais rico do mundo tem de interferir drasticamente na cultura de um outro povo que contra ele jamais fez um ato de guerra? E o Iraque? Onde estão as armas de destruição em massa? Onde está a libertação do Iraque que deu nome à guerra? É liberdade uma guerra civil? Será possível que ninguém tenha noção de que com o valor de um único míssil jogado sobre uma população civil indefesa seria possível que se alimentasse todo um povo por um mês inteiro? Qual a relação existente entre os árabes e muçulmanos de todo o planeta (inclusive do Brasil) com os atos de uma pequena minoria fundamentalista e fanática? Por que todo um povo deve ser segregado como "bode expiatório" de uma "meia-dúzia" de terroristas absolutamente insanos? Ou será que ninguém notou a arbitrariedade com que os árabes e muçulmanos em geral foram e estão sendo tratados por agentes americanos e pela opinião pública por eles manipulada? Pensar sobre isso é vital neste momento.
Em Grego existem três formas distintas para se dizer "amor". A primeira, normalmente traduzida por "amizade" é a palavra "philia". Philia é o sentimento que expressa a união de "nós" (amigos) contra "eles" (inimigos). A philia está na base do misoneísmo. A segunda é a palavra "eros", traduzida como "amor complementaridade", "amor entre os opostos". Eros expressa a idéia de que no diferente reside a complementação em busca da totalidade e da harmonia, fruto da pluralidade. No entanto, na Bíblia toda vez que se lê a palavra "amor" na tradução em Português, não é a nenhuma destas palavras que se refere no original grego. É à terceira palavra a que faz referência: "agápe". Agápe é o "amor incondicional". Amor que une todos os seres sob o céu. Amor que ama a tudo indistintamente e que reúne em si o Universo, sem se importar com diferenças ou semelhanças. É exatamente a este agápe ("caritas", em latim) que Cristo se refere em sua frase: "amai-vos uns aos outros". Há possibilidade mais abrangente ou sentimento mais nobre que este? Por que não amar o que é diferente?
O Ovo da Serpente
Muito além de todas estas manipulações, ardis e esquemas francamente malignos de desencaminhar o propriamente Humano de sua verdadeira busca por si mesmo, estão as mais altas formas de usurpação da liberdade Humana. Cuidado com os que convidam para mundos secretos que contém a chave para todo o universo! Somente para os que já percorreram todas as exigências do mundo atual, para os "escolhidos" abrem-se estas estreitas passagens. Muito atrás de si já devem estar os conceitos e padrões, o pânico e a depressão, os medos corriqueiros. Almas evoluídas podem se ver fisgadas por golpes requintados...
Todo mundo sabe que existem as tais "organizações secretas" que agora já são temas de filmes de terceira classe. A Maçonaria, os Templários, o Illuminati, a Gnose, a Eubiose, a Tulipa Negra e quantas mais. Mas existem mesmo essas organizações secretas? Se são secretas, como todo mundo sabe que elas existem? Ai está a ilusão maior: ao se banalizar esses conceitos, ao tornarem-se algum universo paralelo entre a ficção e a realidade, elas se camuflam novamente e encobrem suas ações. Quem acreditaria que uma destas organizações controla o mundo? Estas ordens atualmente são tão críveis quanto o Super-Homem e a Branca-de-Neve. Todo mundo conhece, ninguém acredita. Mas elas existem e elas controlam o mundo. Elas dividem entre si as cabeças coroadas da Humanidade. Elegem governos, depõe reis, fazem prosperar Estados, criam e derrubam impérios. Sempre por subterfúgios, sempre por entre as sombras seguras do anonimato e dos pactos de silêncio.
A ascensão do Nazismo foi a última tentativa de uma tomada de poder ostensiva e clara. Depois da derrocada, infiltrar-se é a ordem. Infiltrar-se sob o título de "A Nova Ordem Mundial". Um governo único é o sonho. A paz mundial, o lema. O poder absoluto, o objetivo... Usando as falsas esperanças de felicidade incutidas nas almas da massa, valendo-se da ambição dos grandes chefes e criando em seu ninho as serpentes que dominarão o mundo em seu nome, estas organizações alcançam todos os lugares, todas as pessoas. O plano é seguinte: se todas as mentes privilegiadas do mundo forem trazidas para o seio destas organizações desde a mais tenra idade, se nelas forem implantados indelevelmente os conceitos e a visão de mundo de modo certo, em poucas gerações as grandes personalidades do mundo não passarão de autômatos em suas mãos. "A mão que balança o berço controla o mundo".
Até que ponto isto é um puro delírio paranóide de perseguição e até que ponto refletem a verdade? Quais organizações existem e quais não? Qual, das ordens existentes, representa um perigo real para a Humanidade?
" Gary Allen, o comentarista chefe da sociedade John Birch, acredita que a URSS é secretamente controlada pela família Rockefeller." Carl Oglesby, ex-presidente do novo grupo de esquerda americano Estudantes para uma Sociedade Democrática, afirma que os assassinatos políticos dos anos sessenta e a crise de Watergate fizeram parte de uma luta gigantesca pelo controle do E.U.A. entre os banqueiros de Nova Iorque e os petroleiros do Texas." Nesta H. Webster, a escritora dos anos 20 que originou muito das teorias de conspiração modernas, alegou que movimentos revolucionários modernos são manipulados por uma conspiração oculta de séculos de idade que se origina com os medievais Cavaleiros Templários e a Ordem dos Assassinos." Walter Bowart, um jornalista americano, acredita que a CIA controla os E.U.A. por meio de um exército secreto de agentes zumbi que foram submetidos operações de controle da mente." O autor anônimo de The Gemstone File, uma alegada história secreta da América moderna distribuída por livrarias underground aqui e nos E.U.A., alega que a guerra de Vietnã foi lutada para preservar o monopólio do mercado mundial de heroína por Aristóteles Onassis.
A história das teorias de conspiração começa na década de 1790. A Revolução francesa, por causa de sua natureza totalmente sem precedente, teve um impacto difícil de conceber hoje. De repente, por toda parte na Europa toda estrutura da sociedade parecia ameaçada e idéias existentes pareciam inadequadas para explicar o que tinha acontecido. Na Inglaterra os resultados incluíram repressão oficial e um crescimento súbito de cultos baseados nas passagens apocalípticas da Bíblia.
Illuminati, plural do latim Illuminatus (aquele que é iluminado), é o nome dado a diversos grupos, alguns históricos outros modernos, poucos verdadeiros muitos fictícios. Mais comumente, contudo, o termo Illuminati tem sido empregado especificamente para referir-se aos Illuminati da Baviera, a menos secreta de todas as sociedades secretas do mundo, descrita abaixo. Usos alegados e fictícios do termo referem-se a uma organização conspiracional que controlaria os assuntos mundiais secretamente, normalmente como versão moderna ou como continuação dos Illuminati bávaros. O nome Illuminati é algumas vezes empregado como sinônimo de "Nova Ordem Mundial". Dado que Illuminati significa literalmente "os iluminados" em latim, é natural que diversos grupos históricos, não relacionados entre si, se tenham autodenominados de Illuminati. Frequentemente faziam isso alegando possuir textos gnósticos ou outras informações arcanas (secretas) não disponíveis ao grande público. A designação Illuminati esteve em uso também desde o século XIV pelos Brethren of the Free Spirit (Irmãos do Espírito Livre), e no século XV o título foi assumido por outros entusiastas que argumentavam que a luz da iluminação provinha, não de uma fonte autorizada mas secreta, mas de dentro, como resultado de um estado alterado de consciência, ou "iluminismo", ou seja, esclarecimento espiritual e psíquico. Na Espanha, os Alumbrados pertencem ao último grupo mencionado. O historiador Marcelino Menéndez y Pelayo encontrou registro do nome já em 1492 (na forma iluminados, 1498), mas ligou-os a uma origem gnóstica, e julgou que seus ensinamentos eram promovidos na Espanha por influências vindas da Itália. Um de seus mais antigos líderes, nascido em Salamanca, foi a filha de um trabalhador conhecida como a "Beata de Piedrahita", que chamou a atenção da Inquisição em 1511, por afirmar que mantinha diálogos com Jesus Cristo e a Virgem Maria. Foi salva de uma investigação rigorosa por padrinhos poderosos (fato citado pelo mencionado historiador espanhol em seu livro "Los Heterodoxos Españoles", 1881, Vol. V). Inácio de Loyola, o fundador da Companhia de Jesus, ordem religiosa da Igreja Católica cujos membros são conhecidos como jesuítas, na época em que estudava em Salamanca em 1527, foi trazido perante uma comissão eclesiástica acusado de simpatia com os alumbrados, mas escapou apenas com uma advertência. Outros não tiveram tanta sorte. Em 1529, uma congregação de ingênuos simpatizantes em Toledo foi submetida a chicoteamento e prisão. Maior rigor foi a conseqüência e por cerca de um século muitos alumbrados foram vítimas da Inquisição, especialmente em Córdoba. O movimento com o nome de Illuminés parece ter alcançado a França em 1623, proveniente de Sevilha, Espanha, e teve início na região da Picardie francesa, quando Pierce Guérin, pároco de Saint-Georges de Roye, juntou-se em 1634 ao movimento. Seus seguidores, conhecidos por Gurinets, foram suprimidos em 1635. Um século mais tarde, outro grupo de Illuminés, mais obscuro, contudo, apareceu no sul da França em 1722 e parece ter atuado até 1794, tendo afinidades com o grupo conhecimento contemporaneamente no Reino Unido como French Prophets (Profetas Franceses), um ramo dos Camisards. Uma classe diferente formam os Rosacruzes, que alegam ter origem em 1422, mas cujo primeiro registro data de 1537. Constituem uma sociedade secreta, que afirma combinar com os mistérios da alquimia a posse de princípios esotéricos de religião. Suas posições estão incorporadas em três tratados anónimos de 1614, mencionados no "Dictionnaire Universel des Sciences Ecclésiastiques", de Richard and Giraud, Paris 1825. Os Rosacruzes também alegam serem herdeiros dos Cavaleiros do Templo, ou Templários. Mais tarde, o título Illuminati foi aplicado aos Martinistas Franceses, cuja fundação data de 1754, por Martinez Pasqualis, e a seus imitadores, os Martinistas Russos, chefiados por volta de 1790 pelo Professor Schwartz, de Moscovo. Ambos os grupos eram cabalistas ocultistas e alegoristas, absorvendo idéias de Jakob Boehme e Emanuel Swedenborg.
Um movimento de curta duração de republicanos livre-pensadores, o ramo mais radical do Iluminismo - a cujos seguidores foi atribuído o nome de Illuminati (mas que a si mesmos chamavam de "perfectibilistas" ou "perfeccionistas") - foi fundado a 1 de Maio de 1776 pelo ex-sacerdote jesuíta e professor de lei canónica Adam Weishaupt, falecido em 1830, e pelo barão Adolph von Knigge, na cidade de Ingolstadt, Baviera, atual Alemanha. O grupo foi fundado com o nome de Antigos e Iluminados Profetas da Baviera (Ancient and Illuminated Seers of Bavaria, AISB), mas tem sido chamado de Ordem Illuminati, a Ordem dos Illuminati e os Illuminati bávaros. Na conservadora Baviera, onde o progressista e esclarecido Eleitor Maximiliano José III de Wittelsbach foi sucedido em 1777 pelo seu conservador herdeiro Karl Theodor, e que era dominada pela Igreja Católica Romana e pela aristocracia, tal tipo de organização não durou muito até ser suprimida pelo poder político. Em 1784, o governo bávaro baniu todas as sociedades secretas incluindo os Illuminati e os maçons. A estrutura dos Illuminati desmoronou logo, mas enquanto existiu, muitos intelectuais influentes e políticos progressistas se contaram entre os seus membros. Eles eram recrutados principalmente dentre os maçons e ex-maçons, juravam obediência a seus superiores e estavam divididos em três classes principais: a primeira, conhecida como Berçário, compreendia os graus ascendentes ou ofícios de Preparação, Noviciado, Minerval e Illuminatus Minor; a segunda, conhecida como a Maçonaria, consistia dos graus ascendentes de Illuminatus Major e Illuminatus dirigens, esse último algumas vezes chamado de Cavaleiro Escocês; a terceira, designada de Mistérios, estava subdividida nos graus de Mistérios Menores (Presbítero e Regente) e Mistérios Maiores (Magus e Rex). Relações com as lojas maçônicas foram estabelecidas em Munique e Freising, em 1780. A ordem tinha ramos na maior parte dos países europeus, mas o número total de membros parece nunca ser sido superior a 2.000. O esquema teve a sua atração para os literatos, como Goethe e Herder, e mesmo para os duques reinantes de Gotha e Weimar. Rupturas internas precederam o desmoronamento da organização, que foi efetivado por um édito do governo bávaro em 1785. A ordem foi encerrada oficialmente em 1790. Diz-se que sua doutrina está baseada numa mistura de misticismo islâmico (sufistas), dos segredos maçônicos e da disciplina mental do Hatha Yôga. Para alcançar um estado iluminado da mente, os seus integrantes fariam uso moderado de drogas tais como haxixe. Apesar de sua curta duração, os Illuminati da Baviera lançaram uma longa sombra na história popular, graças aos escritos de seus opositores. As sinistras alegações de teorias conspiratórias que têm colorido a imagem dos maçons-livres têm praticamente ofuscado a dos Illuminati. Em 1797, o Abade Augustin Barruél publicou o livro "Memórias ilustrativas da história do Jacobinismo", delineando uma vívida teoria conspiratória envolvendo os Cavaleiros Templários, os Rosacruzes, os Jacobinos e os Illuminati. Simultânea e independentemente, um maçom escocês e professor de História Natural, chamado John Robison, começou a publicar "Provas de uma conspiração contra todas as religiões e governos da Europa", em 1798. Quando viu o livro sobre semelhante tema escrito por Barruél, incluiu extensas citações dele em seu próprio livro. Robinson alegava apresentar evidências de que uma conspiração dos Illuminati estava dedicada a substituir todas as religiões e nações com o humanismo e um governo único mundial, respectivamente. Mais recentemente, Antony C. Sutton sugeriu que a sociedade secreta Skull and Bones foi fundada como o ramo norte-americano dos Illuminati. Outros pensam que a Scroll and Key também tem origem nos Illuminati. Robert Gillete defende que esses Illuminati pretendem, em última instância, estabelecer um governo mundial por meio de assassinatos, corrupção, chantagem, controle dos bancos e outras entidades financeiras, infiltração nos governos, e causando guerras e revoluções, com a finalidade de colocar seus próprios membros em posições cada vez mais altas da hierarquia política. Thomas Jefferson, por outro lado, defendeu que eles pretendiam espalhar informação e os princípios da verdadeira moralidade. Ele atribuiu o caráter secreto dos Illuminati ao que chamou de "a tirania de um déspota e dos sacerdotes". Ambos parecem concordar que os inimigos dos Illuminati foram os monarcas da Europa e a Igreja. Barruél afirmou que a Revolução Francesa (1789) foi planeada e controlada pelos Illuminati através dos jacobinos, e mais tarde os adeptos de teorias conspiratórias também alegaram a responsabilidade deles na Revolução Russa (1917), embora a Ordem tenha sido oficialmente extinta em 1790. De fato, muito poucos historiadores dão crédito a essas opiniões, que consideram resultado de mentes excepcionalmente fantasiosas. Diversas fontes sugerem que os Illuminati da Baviera sobreviveram, e talvez existam mesmo até hoje. Os teóricos de conspirações ressaltam a relação entre os Illuminati e a Franco-Maçonaria. Também sugerem que os fundadores dos Estados Unidos da América - sendo alguns deles franco-maçons - estavam "influenciados" por corrupção pelos Illuminati. Frequentemente o símbolo da pirâmide que tudo vê no Selo de Armas dos Estados Unidos é citado como exemplo do olho sempre presente dos Illuminati sobre os americanos. Bem pouca evidência confiável pode ser encontrada para apoiar a hipótese de que o grupo de Weishaupt tenha sobrevivido até o século XIX. Contudo, diversos grupos têm usado a fama dos Illuminati desde então para criar seus próprios ritos, alegando serem os Illuminati, incluindo a Ordo Illuminatorum, Die Alten Erleuchteten Seher Bayerns, The Illuminati Order, e outros. Os Illuminati históricos tiveram variadas influências na cultura popular, muitas delas de forma satírica, humorística ou simplesmente de pura ficção. Alguns exemplos de obras: "Illuminatus!" de Robert Shea e Robert Anton Wilson é uma trilogia de ficção científica publicada na década de 1970, que é considerada um clássico de culto pela comunidade hacker. Dois jogos de Steve Jackson Games são baseados no mito: Illuminati e sua versão como jogo de cartões Illuminati: New World Order. O livro de Umberto Eco, "O Pêndulo de Foucault" é uma novela labiríntica sobre todo tipo de sociedades secretas, incluindo os Illuminati e os Rosacruzes. "Deus Ex", um vídeo-game, apresenta os Illuminati. Sua sequência, "Deus Ex: Invisible War" apresenta os Illuminati num papel mais ativo. O livro de Dan Brown, "Angels and Demons" (título em alemão: "Illuminati" , em holandês: "Het Bernini Mysterie"), é sobre uma ordem dos Illuminati que planeja um golpe contra a Igreja Católica Romana. O livro cita o movimento dos Illuminati como tendo sido fundado por Galileo Galilei e outros, como uma reação do Iluminismo contra suposta perseguição da Igreja Católica. Os Illuminati foram apresentados em alguns episódios da série "Gargoyles", dos Estúdios Walt Disney, nos quais desempenham um papel secundário. O "Principia Discórdia", o infame livro sagrado do discordianismo, inclui os Illuminati como uma das forças Greyface que se opõem aos discordianos. Um pequeno grupo de crentes acredita que os Illuminati são um grupo de alienígenas que mantém a humanidade sob controle, dirigindo absolutamente todas as coisas. Esse movimento assemelha-se muito a uma novela de ficção científica e provavelmente deriva de uma. O filme de Simon West "Lara Croft: Tomb Raider" (2001) apresenta um grupo de maus elementos da alta sociedade que se intitulam Illuminati e que desenvolveram um plano para governar o mundo. Eles e o pai de Lara Croft afirmam que os Illuminati existiram por milénios com essa finalidade. A trama de "Street Fighter III" gira em torno de uma organização que se auto-intitula Illuminati e que pretende criar uma nova utopia.
Tudo está totalmente envolto em névoas... A grande questão é: se lhe aparecesse um "mestre" dizendo que possuía as chaves para os segredos do Universo e para a felicidade e lhe convidasse para fazer parte de um grupo secreto de pessoas altamente capacitadas para o qual você foi escolhido entre milhares por seu elevado nível de consciência e para entrar neste paraíso perdido de poder absoluto você precisasse somente se submeter às rígidas regras desta sociedade que, antes de tudo, exige um pacto de segredo, você aceitaria? Lembre-se no entanto, que mais cedo ou mais tarde, o preço a se pago por isso será sua liberdade, sua alma e sua felicidade.
Muito além de todas estas manipulações, ardis e esquemas francamente malignos de desencaminhar o propriamente Humano de sua verdadeira busca por si mesmo, estão as mais altas formas de usurpação da liberdade Humana. Cuidado com os que convidam para mundos secretos que contém a chave para todo o universo! Somente para os que já percorreram todas as exigências do mundo atual, para os "escolhidos" abrem-se estas estreitas passagens. Muito atrás de si já devem estar os conceitos e padrões, o pânico e a depressão, os medos corriqueiros. Almas evoluídas podem se ver fisgadas por golpes requintados...
Todo mundo sabe que existem as tais "organizações secretas" que agora já são temas de filmes de terceira classe. A Maçonaria, os Templários, o Illuminati, a Gnose, a Eubiose, a Tulipa Negra e quantas mais. Mas existem mesmo essas organizações secretas? Se são secretas, como todo mundo sabe que elas existem? Ai está a ilusão maior: ao se banalizar esses conceitos, ao tornarem-se algum universo paralelo entre a ficção e a realidade, elas se camuflam novamente e encobrem suas ações. Quem acreditaria que uma destas organizações controla o mundo? Estas ordens atualmente são tão críveis quanto o Super-Homem e a Branca-de-Neve. Todo mundo conhece, ninguém acredita. Mas elas existem e elas controlam o mundo. Elas dividem entre si as cabeças coroadas da Humanidade. Elegem governos, depõe reis, fazem prosperar Estados, criam e derrubam impérios. Sempre por subterfúgios, sempre por entre as sombras seguras do anonimato e dos pactos de silêncio.
A ascensão do Nazismo foi a última tentativa de uma tomada de poder ostensiva e clara. Depois da derrocada, infiltrar-se é a ordem. Infiltrar-se sob o título de "A Nova Ordem Mundial". Um governo único é o sonho. A paz mundial, o lema. O poder absoluto, o objetivo... Usando as falsas esperanças de felicidade incutidas nas almas da massa, valendo-se da ambição dos grandes chefes e criando em seu ninho as serpentes que dominarão o mundo em seu nome, estas organizações alcançam todos os lugares, todas as pessoas. O plano é seguinte: se todas as mentes privilegiadas do mundo forem trazidas para o seio destas organizações desde a mais tenra idade, se nelas forem implantados indelevelmente os conceitos e a visão de mundo de modo certo, em poucas gerações as grandes personalidades do mundo não passarão de autômatos em suas mãos. "A mão que balança o berço controla o mundo".
Até que ponto isto é um puro delírio paranóide de perseguição e até que ponto refletem a verdade? Quais organizações existem e quais não? Qual, das ordens existentes, representa um perigo real para a Humanidade?
" Gary Allen, o comentarista chefe da sociedade John Birch, acredita que a URSS é secretamente controlada pela família Rockefeller." Carl Oglesby, ex-presidente do novo grupo de esquerda americano Estudantes para uma Sociedade Democrática, afirma que os assassinatos políticos dos anos sessenta e a crise de Watergate fizeram parte de uma luta gigantesca pelo controle do E.U.A. entre os banqueiros de Nova Iorque e os petroleiros do Texas." Nesta H. Webster, a escritora dos anos 20 que originou muito das teorias de conspiração modernas, alegou que movimentos revolucionários modernos são manipulados por uma conspiração oculta de séculos de idade que se origina com os medievais Cavaleiros Templários e a Ordem dos Assassinos." Walter Bowart, um jornalista americano, acredita que a CIA controla os E.U.A. por meio de um exército secreto de agentes zumbi que foram submetidos operações de controle da mente." O autor anônimo de The Gemstone File, uma alegada história secreta da América moderna distribuída por livrarias underground aqui e nos E.U.A., alega que a guerra de Vietnã foi lutada para preservar o monopólio do mercado mundial de heroína por Aristóteles Onassis.
A história das teorias de conspiração começa na década de 1790. A Revolução francesa, por causa de sua natureza totalmente sem precedente, teve um impacto difícil de conceber hoje. De repente, por toda parte na Europa toda estrutura da sociedade parecia ameaçada e idéias existentes pareciam inadequadas para explicar o que tinha acontecido. Na Inglaterra os resultados incluíram repressão oficial e um crescimento súbito de cultos baseados nas passagens apocalípticas da Bíblia.
Illuminati, plural do latim Illuminatus (aquele que é iluminado), é o nome dado a diversos grupos, alguns históricos outros modernos, poucos verdadeiros muitos fictícios. Mais comumente, contudo, o termo Illuminati tem sido empregado especificamente para referir-se aos Illuminati da Baviera, a menos secreta de todas as sociedades secretas do mundo, descrita abaixo. Usos alegados e fictícios do termo referem-se a uma organização conspiracional que controlaria os assuntos mundiais secretamente, normalmente como versão moderna ou como continuação dos Illuminati bávaros. O nome Illuminati é algumas vezes empregado como sinônimo de "Nova Ordem Mundial". Dado que Illuminati significa literalmente "os iluminados" em latim, é natural que diversos grupos históricos, não relacionados entre si, se tenham autodenominados de Illuminati. Frequentemente faziam isso alegando possuir textos gnósticos ou outras informações arcanas (secretas) não disponíveis ao grande público. A designação Illuminati esteve em uso também desde o século XIV pelos Brethren of the Free Spirit (Irmãos do Espírito Livre), e no século XV o título foi assumido por outros entusiastas que argumentavam que a luz da iluminação provinha, não de uma fonte autorizada mas secreta, mas de dentro, como resultado de um estado alterado de consciência, ou "iluminismo", ou seja, esclarecimento espiritual e psíquico. Na Espanha, os Alumbrados pertencem ao último grupo mencionado. O historiador Marcelino Menéndez y Pelayo encontrou registro do nome já em 1492 (na forma iluminados, 1498), mas ligou-os a uma origem gnóstica, e julgou que seus ensinamentos eram promovidos na Espanha por influências vindas da Itália. Um de seus mais antigos líderes, nascido em Salamanca, foi a filha de um trabalhador conhecida como a "Beata de Piedrahita", que chamou a atenção da Inquisição em 1511, por afirmar que mantinha diálogos com Jesus Cristo e a Virgem Maria. Foi salva de uma investigação rigorosa por padrinhos poderosos (fato citado pelo mencionado historiador espanhol em seu livro "Los Heterodoxos Españoles", 1881, Vol. V). Inácio de Loyola, o fundador da Companhia de Jesus, ordem religiosa da Igreja Católica cujos membros são conhecidos como jesuítas, na época em que estudava em Salamanca em 1527, foi trazido perante uma comissão eclesiástica acusado de simpatia com os alumbrados, mas escapou apenas com uma advertência. Outros não tiveram tanta sorte. Em 1529, uma congregação de ingênuos simpatizantes em Toledo foi submetida a chicoteamento e prisão. Maior rigor foi a conseqüência e por cerca de um século muitos alumbrados foram vítimas da Inquisição, especialmente em Córdoba. O movimento com o nome de Illuminés parece ter alcançado a França em 1623, proveniente de Sevilha, Espanha, e teve início na região da Picardie francesa, quando Pierce Guérin, pároco de Saint-Georges de Roye, juntou-se em 1634 ao movimento. Seus seguidores, conhecidos por Gurinets, foram suprimidos em 1635. Um século mais tarde, outro grupo de Illuminés, mais obscuro, contudo, apareceu no sul da França em 1722 e parece ter atuado até 1794, tendo afinidades com o grupo conhecimento contemporaneamente no Reino Unido como French Prophets (Profetas Franceses), um ramo dos Camisards. Uma classe diferente formam os Rosacruzes, que alegam ter origem em 1422, mas cujo primeiro registro data de 1537. Constituem uma sociedade secreta, que afirma combinar com os mistérios da alquimia a posse de princípios esotéricos de religião. Suas posições estão incorporadas em três tratados anónimos de 1614, mencionados no "Dictionnaire Universel des Sciences Ecclésiastiques", de Richard and Giraud, Paris 1825. Os Rosacruzes também alegam serem herdeiros dos Cavaleiros do Templo, ou Templários. Mais tarde, o título Illuminati foi aplicado aos Martinistas Franceses, cuja fundação data de 1754, por Martinez Pasqualis, e a seus imitadores, os Martinistas Russos, chefiados por volta de 1790 pelo Professor Schwartz, de Moscovo. Ambos os grupos eram cabalistas ocultistas e alegoristas, absorvendo idéias de Jakob Boehme e Emanuel Swedenborg.
Um movimento de curta duração de republicanos livre-pensadores, o ramo mais radical do Iluminismo - a cujos seguidores foi atribuído o nome de Illuminati (mas que a si mesmos chamavam de "perfectibilistas" ou "perfeccionistas") - foi fundado a 1 de Maio de 1776 pelo ex-sacerdote jesuíta e professor de lei canónica Adam Weishaupt, falecido em 1830, e pelo barão Adolph von Knigge, na cidade de Ingolstadt, Baviera, atual Alemanha. O grupo foi fundado com o nome de Antigos e Iluminados Profetas da Baviera (Ancient and Illuminated Seers of Bavaria, AISB), mas tem sido chamado de Ordem Illuminati, a Ordem dos Illuminati e os Illuminati bávaros. Na conservadora Baviera, onde o progressista e esclarecido Eleitor Maximiliano José III de Wittelsbach foi sucedido em 1777 pelo seu conservador herdeiro Karl Theodor, e que era dominada pela Igreja Católica Romana e pela aristocracia, tal tipo de organização não durou muito até ser suprimida pelo poder político. Em 1784, o governo bávaro baniu todas as sociedades secretas incluindo os Illuminati e os maçons. A estrutura dos Illuminati desmoronou logo, mas enquanto existiu, muitos intelectuais influentes e políticos progressistas se contaram entre os seus membros. Eles eram recrutados principalmente dentre os maçons e ex-maçons, juravam obediência a seus superiores e estavam divididos em três classes principais: a primeira, conhecida como Berçário, compreendia os graus ascendentes ou ofícios de Preparação, Noviciado, Minerval e Illuminatus Minor; a segunda, conhecida como a Maçonaria, consistia dos graus ascendentes de Illuminatus Major e Illuminatus dirigens, esse último algumas vezes chamado de Cavaleiro Escocês; a terceira, designada de Mistérios, estava subdividida nos graus de Mistérios Menores (Presbítero e Regente) e Mistérios Maiores (Magus e Rex). Relações com as lojas maçônicas foram estabelecidas em Munique e Freising, em 1780. A ordem tinha ramos na maior parte dos países europeus, mas o número total de membros parece nunca ser sido superior a 2.000. O esquema teve a sua atração para os literatos, como Goethe e Herder, e mesmo para os duques reinantes de Gotha e Weimar. Rupturas internas precederam o desmoronamento da organização, que foi efetivado por um édito do governo bávaro em 1785. A ordem foi encerrada oficialmente em 1790. Diz-se que sua doutrina está baseada numa mistura de misticismo islâmico (sufistas), dos segredos maçônicos e da disciplina mental do Hatha Yôga. Para alcançar um estado iluminado da mente, os seus integrantes fariam uso moderado de drogas tais como haxixe. Apesar de sua curta duração, os Illuminati da Baviera lançaram uma longa sombra na história popular, graças aos escritos de seus opositores. As sinistras alegações de teorias conspiratórias que têm colorido a imagem dos maçons-livres têm praticamente ofuscado a dos Illuminati. Em 1797, o Abade Augustin Barruél publicou o livro "Memórias ilustrativas da história do Jacobinismo", delineando uma vívida teoria conspiratória envolvendo os Cavaleiros Templários, os Rosacruzes, os Jacobinos e os Illuminati. Simultânea e independentemente, um maçom escocês e professor de História Natural, chamado John Robison, começou a publicar "Provas de uma conspiração contra todas as religiões e governos da Europa", em 1798. Quando viu o livro sobre semelhante tema escrito por Barruél, incluiu extensas citações dele em seu próprio livro. Robinson alegava apresentar evidências de que uma conspiração dos Illuminati estava dedicada a substituir todas as religiões e nações com o humanismo e um governo único mundial, respectivamente. Mais recentemente, Antony C. Sutton sugeriu que a sociedade secreta Skull and Bones foi fundada como o ramo norte-americano dos Illuminati. Outros pensam que a Scroll and Key também tem origem nos Illuminati. Robert Gillete defende que esses Illuminati pretendem, em última instância, estabelecer um governo mundial por meio de assassinatos, corrupção, chantagem, controle dos bancos e outras entidades financeiras, infiltração nos governos, e causando guerras e revoluções, com a finalidade de colocar seus próprios membros em posições cada vez mais altas da hierarquia política. Thomas Jefferson, por outro lado, defendeu que eles pretendiam espalhar informação e os princípios da verdadeira moralidade. Ele atribuiu o caráter secreto dos Illuminati ao que chamou de "a tirania de um déspota e dos sacerdotes". Ambos parecem concordar que os inimigos dos Illuminati foram os monarcas da Europa e a Igreja. Barruél afirmou que a Revolução Francesa (1789) foi planeada e controlada pelos Illuminati através dos jacobinos, e mais tarde os adeptos de teorias conspiratórias também alegaram a responsabilidade deles na Revolução Russa (1917), embora a Ordem tenha sido oficialmente extinta em 1790. De fato, muito poucos historiadores dão crédito a essas opiniões, que consideram resultado de mentes excepcionalmente fantasiosas. Diversas fontes sugerem que os Illuminati da Baviera sobreviveram, e talvez existam mesmo até hoje. Os teóricos de conspirações ressaltam a relação entre os Illuminati e a Franco-Maçonaria. Também sugerem que os fundadores dos Estados Unidos da América - sendo alguns deles franco-maçons - estavam "influenciados" por corrupção pelos Illuminati. Frequentemente o símbolo da pirâmide que tudo vê no Selo de Armas dos Estados Unidos é citado como exemplo do olho sempre presente dos Illuminati sobre os americanos. Bem pouca evidência confiável pode ser encontrada para apoiar a hipótese de que o grupo de Weishaupt tenha sobrevivido até o século XIX. Contudo, diversos grupos têm usado a fama dos Illuminati desde então para criar seus próprios ritos, alegando serem os Illuminati, incluindo a Ordo Illuminatorum, Die Alten Erleuchteten Seher Bayerns, The Illuminati Order, e outros. Os Illuminati históricos tiveram variadas influências na cultura popular, muitas delas de forma satírica, humorística ou simplesmente de pura ficção. Alguns exemplos de obras: "Illuminatus!" de Robert Shea e Robert Anton Wilson é uma trilogia de ficção científica publicada na década de 1970, que é considerada um clássico de culto pela comunidade hacker. Dois jogos de Steve Jackson Games são baseados no mito: Illuminati e sua versão como jogo de cartões Illuminati: New World Order. O livro de Umberto Eco, "O Pêndulo de Foucault" é uma novela labiríntica sobre todo tipo de sociedades secretas, incluindo os Illuminati e os Rosacruzes. "Deus Ex", um vídeo-game, apresenta os Illuminati. Sua sequência, "Deus Ex: Invisible War" apresenta os Illuminati num papel mais ativo. O livro de Dan Brown, "Angels and Demons" (título em alemão: "Illuminati" , em holandês: "Het Bernini Mysterie"), é sobre uma ordem dos Illuminati que planeja um golpe contra a Igreja Católica Romana. O livro cita o movimento dos Illuminati como tendo sido fundado por Galileo Galilei e outros, como uma reação do Iluminismo contra suposta perseguição da Igreja Católica. Os Illuminati foram apresentados em alguns episódios da série "Gargoyles", dos Estúdios Walt Disney, nos quais desempenham um papel secundário. O "Principia Discórdia", o infame livro sagrado do discordianismo, inclui os Illuminati como uma das forças Greyface que se opõem aos discordianos. Um pequeno grupo de crentes acredita que os Illuminati são um grupo de alienígenas que mantém a humanidade sob controle, dirigindo absolutamente todas as coisas. Esse movimento assemelha-se muito a uma novela de ficção científica e provavelmente deriva de uma. O filme de Simon West "Lara Croft: Tomb Raider" (2001) apresenta um grupo de maus elementos da alta sociedade que se intitulam Illuminati e que desenvolveram um plano para governar o mundo. Eles e o pai de Lara Croft afirmam que os Illuminati existiram por milénios com essa finalidade. A trama de "Street Fighter III" gira em torno de uma organização que se auto-intitula Illuminati e que pretende criar uma nova utopia.
Tudo está totalmente envolto em névoas... A grande questão é: se lhe aparecesse um "mestre" dizendo que possuía as chaves para os segredos do Universo e para a felicidade e lhe convidasse para fazer parte de um grupo secreto de pessoas altamente capacitadas para o qual você foi escolhido entre milhares por seu elevado nível de consciência e para entrar neste paraíso perdido de poder absoluto você precisasse somente se submeter às rígidas regras desta sociedade que, antes de tudo, exige um pacto de segredo, você aceitaria? Lembre-se no entanto, que mais cedo ou mais tarde, o preço a se pago por isso será sua liberdade, sua alma e sua felicidade.
"Temos que erradicar da alma todo medo e terror do que o futuro possa trazer ao homem.
Temos que adquirir serenidade em todos os sentimentos e sensações a respeito do futuro.
Temos que olhar para frente com absoluta equanimidade para com tudo que possa vir.
E temos que pensar somente que tudo o que vier nos será dado por uma direção mundial plena de sabedoria.
Isto é parte do que temos de aprender nesta era, a saber: viver em pura confiança.
Temos que adquirir serenidade em todos os sentimentos e sensações a respeito do futuro.
Temos que olhar para frente com absoluta equanimidade para com tudo que possa vir.
E temos que pensar somente que tudo o que vier nos será dado por uma direção mundial plena de sabedoria.
Isto é parte do que temos de aprender nesta era, a saber: viver em pura confiança.
Sem qualquer segurança na existência; confiança na ajuda sempre presente do Mundo Espiritual.
Em verdade, nada terá valor se a coragem nos faltar.
Disciplinemos nossa vontade e busquemos o despertar interior todas as manhãs e todas as noites".
Rudolf Steiner (Bremen 27.11.1910)
Em verdade, nada terá valor se a coragem nos faltar.
Disciplinemos nossa vontade e busquemos o despertar interior todas as manhãs e todas as noites".
Rudolf Steiner (Bremen 27.11.1910)
Um comentário:
Oi Be!
Que legal descobrir o seu blog, gostei muito!
Eu nem sabia que vc tinha blog... engracado, aparentemente vc comecou a escreve-lo há pouco mais de um ano, exatamente no dia do meu aniversario de 35 anos... honrada coincidência.
Vou acompanhar seus textos sempre que possível.
Eu tenho um blog aqui, que comecei faz um mês, mas está longe da riqueza intelectual do seu, o meu é apenas um relato do dia a dia e do que passa pela minha cabeça mesmo, nada mais, nada menos, mas se vc quiser saber como eu tenho passado, já sabe onde me encontrar. :-)
beijo, Carlos
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