Palavras Maduras
na Boca do Ator
Poema de Ailson Leite
Primeiro Ato
Primeiro Movimento
Palavras.
Dançando vazias, plenas,
Procurando poesia em si ,
Por si e para si.
Palavras que na boca têm o som do que foi dito,
Apenas, sujas palavras.
Mas não apenas isso:
Porque na boca a palavra soa,
Quando bem dita,
Como a memória da alma,
Para além do escrito.
Está dito.
Mas nem tudo está dito:
Eis o infinito.
Segundo Movimento
Ah seu eu tivesse a arte
E se ela me fosse generosa e viesse morar comigo,
Eu diria a ela, me ensina!
Curta. Objetiva. Gaga. Epilética gramática machadiana.
E de Drummond, oh mon Dieu, na letra exata.
A cara da forma e da palavra descarada,
Escancarada.
Mas como fazê-lo se nem estabelecido se está
Na casa da palavra?
Quando se mora na rua solitária, a rua é só,
A palavra é só. Só para ler. Só para ver. Só para ser,
Solidão.
Na rua a solidão é praça.
A palavra é rodovia que atravessa o país.
Na rua, a palavra é curta.
A praça é curta.
A rua é longa,
A vida é longa
E a lida é dura,
A palavra lida, dura de ouvir
Dura vida.
Pedra de quintal no mato
Pedra de querer...
Na rua a palavra é arma apontada pra cabeça.
E é preciso descer do pedestal,
Andar e crescer.
É preciso, insistir!
2 comentários:
Vc conhece Ailson Leite?
Olá FERNANDA!
Sim, eu conheço o Ailson leite. Quero dizer: conheço virtualmente!
Bernardo.
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