30 setembro 2006

Os Caminhos da Grande Mãe: a Pré-História



Os Caminhos da Grande Mãe
(Primeira Parte: A Pré-História)


Por Bernardo de Gregório



“A língua é minha Pátria
E eu não tenho Mátria,
Quero Frátria”

Caetano Veloso
“Língua”





Se nosso intuito é o de entender melhor a estrutura social matriarcal, devemos retroceder no tempo até chegarmos a uma época perdida e esquecida, nos primórdio da aventura humana neste planeta. Tempos em que o Ser Humano propriamente dito ainda nem existia... Imagine-se na Pré-História, no período Paleolítico Inferior, há cerca de 500 mil anos passados. Nessas épocas a Terra era habitada por hominídeos, muito mais mamíferos superiores com aparência simiesca, do que humanos. Estes eram os Australopitecos, os Pitecantropos e os Paleantropos. Estes seres já possuíam instrumentos, ainda que extremante toscos e rudimentares, feitos de pedra lascada e troncos de madeira. Viviam em bandos que vagavam pelas estepes e subiam em árvores, habitavam cavernas fugindo de seus predadores[M1] e mudavam constantemente de lugar, em busca de caça e de vegetais comestíveis.

Estes hominídeos ainda estavam sob os comandos da Mãe Natureza e possuíam instintos muito mais gritantes dos que os nossos. Sendo assim, as “fêmeas humanas” (não eram propriamente mulheres) ainda possuíam um período de cio, como qualquer fêmea de mamífero, e somente copulavam nestes períodos. O cio ocorria uma vez por ano, em noites de lua cheia bem no auge do verão. Nestes período de cio havia a cópula em “orgias” de sexo grupal e bissexual. Sendo assim, todas as fêmeas férteis do bando ficavam prenhas e passavam por um longo período gestacional (9 meses) até darem à luz seus filhotes, que nasciam no início da primavera. Amamentavam-nos por cerca de 3 meses, quando voltavam a ovular e entravam em novo período de cio. Este ciclo coincidia exatamente com o ciclo das estações do ano e todas as fêmeas seguiam juntas estes caminhos da Mãe Natureza. Os machos eram relegados a um segundo plano durante todo o ano, com exceção do período do cio, claro. Sendo assim, a homossexualidade entre os machos era extremamente comum, como ocorre com qualquer mamífero. A sexualidade humana era eminentemente animal, instintiva e comandada unicamente por hormônios.

Com o desenvolvimento da consciência humana, houve a associação evidente do ciclo reprodutivo feminino com o ciclo da Natureza. As fêmeas passaram a ser reverenciadas como deusas encarnadas, como representantes vivas da Mãe Natureza, como portadoras dos Mistérios da Criação, da vida e da morte. As tarefas do bando iam sendo aos poucos divididas entre seus membros, de forma que às mulheres cabiam as funções mais sagradas: cuidar da prole, cuidar da alimentação do bando, cuidar da caverna e reverenciar a Deusa Mãe. Os homens ficavam com as tarefas mais arriscadas e difíceis, pois não eram assim tão importantes para a manutenção bando: a caça, a pesca, a segurança e a coleta em locais distantes da caverna. Quando pela primeira vez um humano teve a brilhante idéia de se aproximar de uma árvore que estava em chamas, num incêndio causado talvez por um raio, e empunhar uma tocha, trazendo-a para dentro da caverna, este humano que primeiramente roubou o fogo dos deuses, foi uma mulher. O fogo necessitava ser alimentado e mantido aceso dia e noite, pois não era possível fazê-lo, apenas recolhê-lo da Mãe Natureza. Esta nobilíssima função era invariavelmente delegada a uma nobre mulher. A importância divina da mulher na sociedade crescia com o tempo e aumentava com o ampliar da consciência.

Com o passar do tempo, o Ser Humano se aprimorou física e psiquicamente, transformando seus genes e sua aparência, chegando a se tornar um honrado exemplar do gênero Homo. Aparece então o Homem de Neanderthal, que já usava roupas feitas com peles, possuía vários instrumentos e utensílios domésticos feitos de pedras lascadas, ossos, gravetos e cordas e possuía uma estrutura social muito mais elaborada. Ainda não eram exatamente Humanos, mas já eram bem mais independentes da ditadura hormonal. A sociedade se centralizava ao redor da figura da Matriarca: mulher mais velha e sábia, que provavelmente era a mãe de todos. Esta pequena estrutura familiar, chama-se clã. As funções ainda eram as mesmas, mas às mulheres cabiam agora os poderes divinos de traduzir ao clã os caminhos da Grande Mãe. A Matriarca, como representante maior da Deusa da Terra, orientava os membros do clã, com doçura e firmeza, mostrando a todos os ciclos sagrados da Mãe. No Matriarcado nunca houve leis ou punições. Os desígnios da Mãe eram com candura acatados por todos e ditados pela Matriarca. O que antes era simplesmente o cio, agora já era propriamente um ritual de fertilidade comandado pela Matriarca. A idéia era a mesma, mas a concepção racional de ritualidade era muito mais elaborada. Duas datas eram marcantes nesta visão religiosa pré-histórica: o ritual de fertilidade do verão, a celebração do nascimento dos filhotes. A comemoração da geração da vida, da fertilidade da Mãe e do eterno recomeço. Neste ponto, já estamos há 30 mil anos passados, no início do período Paleolítico Superior.

Caminhavam então sobre a terra, os primeiros Humanos propriamente ditos: Homo sapiens. Apareceram misteriosamente estes Humanos, primos próximos dos Homens de Neanderthal, mas muitíssimo mais habilidosos, inteligentes e elaborados. As primeiras noções de arte apareceram: pinturas nas paredes da cavernas, elaboradas e mágicas, são encontradas em abundância datadas deste período em diante. Os humanos passaram a usar ornamentos e pinturas sobre o corpo, não mais apenas a se agasalharem do frio com peles. As técnicas de caça, pesca e coleta se tornaram muito mais requintadas e organizadas. Infelizmente a agressividade humana também: estes nossos ancestrais exterminaram totalmente as populações de Homens de Neanderthal, saqueando seus acampamentos, capturando-os como escravos, matando-os por prazer e, por fim, levando-os à extinção completa. A noção de religião e espiritualidade que estes Humanos possuíam eram igualmente bem mais requintadas: já havia a noção de morte e rituais funéreos eram feitos com freqüência. A idéia de Magia norteava todos os rituais. A Magia era o poder da Matriarca que encarnava a Grande Mãe. Matriarca, Natureza e a Deusa eram uma só pessoa: divina, eterna e cíclica. Quatro datas do ano passaram a ser reverenciadas: o solstício de verão (dia mais longo do ano[M2] ), data de celebração da fertilidade e do ritual de procriação; o equinócio de outono (dia equivalente em tamanho com a noite no início do outono[M3] ), data da celebração da morte e dos ritos funerais; o solstício de inverno (noite mais longa do ano[M4] ), data da celebração da esperança do renascimento na Natureza; o equinócio de primavera (dia equivalente em tamanho com a noite no início da primavera[M5] ), data da celebração do nascimentos dos bebês e do renascimento da Natureza. A escultura conhecida com “Vênus de Willendorf” (http://witcombe.sbc.edu/willendorf/willendorfdiscovery.html) data deste período e é a representação máxima desta era: arte, religião, Magia, Deusa Mãe, Natureza, Deusa da Terra. Trata-se da representação em pedra de uma figura femina prenha, esférica e maternal, escultura considerada a obra de arte mais antiga de toda a aventura humana. Já estamos então há 18 mil anos passados, no início do período Neolítico.

Uma tremenda mudança estava então para acontecer: o domínio da agricultura e o domínio definitivo sobre o fogo. Alguém conseguiu pela fricção de bastões de madeira, criar o fogo, sem haver mais a necessidade de roubá-lo na Natureza. Esta pessoa foi uma Matriarca. Alguém tomou o cuidado de observar que algumas plantas cresciam perto dos locais onde os restos de comida eram jogados fora. Esta pessoa com certeza foi uma Matriarca. A Magia da Mãe dava sinais de que o renascimento era possível também com os grãos e sementes. Toda a idéia da agricultura surgiu daí: se entregarmos à Deusa nossas sementes e confiarmos no Ciclo da Mãe, Ela nos recompensará com novas plantas e novos grão. Aparece a idéia de sacrifício (ofício sagrado[M6] ). Quando fizermos nossas colheitas, uma parte das dádivas da Mãe será separada para o sacrifício: o melhor grão para a Grande Mãe. Este melhor grão não poderá ser tocado por mãos humanas e não servirá de alimento, mas será devolvido à Terra, como prova de confiança e como esperança de um renascimento no futuro. E assim era feito, no final do outono. Durante todo o inverno o clã sobrevivia dos grãos estocados (aveia, sevada e trigo), das frutas secas ou tornadas compotas (maçãs, cerejas e morangos) e dos líquidos sagrados da Mãe (leite, mel e sangue). Na primavera a Magia da Mãe se fazia ver no nascimento dos bebês e no crescimento dos campos verdejantes, nas temperaturas amenas que se sucederam à era glacial e no florescimento dos vegetais. Os verdes campos davam lugar durante o verão aos campos dourados da mãe que aguardavam a ceifa. No equinócio de outono, numa noite de lua nova, quando a Lua tomava o aspecto da foice em tons avermelhados no céu logo após o por do sol, o trigo era ceifado e o grão para o próximo sacrifício era separado pela Matriarca. Eis os Mistérios da Mãe, eis o Ciclo Mágico da Vida, eis os trabalhos da Deusa!

Com o passar do tempo, a agricultura proporcionou ao homem uma possibilidade dele se tornar sedentário e se fixar em um só lugar: sua terra, como reflexo da Deusa da Terra. As cavernas, há tantos milênios usadas como proteção, já não eram tão necessárias. Pequenas aldeias com construções de palha e argila era edificadas surgiam aqui e ali, nos agrupamentos mais evoluídos. Formas circulares se faziam notar por todos os lados, reproduzindo o Ciclo Sagrado. Apareceu a roda, apareceram os instrumentos agrícolas, apareceram as artes da cerâmica, apareceram adornos corporais mais elaborados, apareceu a pedra polida. Esta nova estrutura social recebe o nome de tribo. Apareceriam ainda, porém muitas outras novidades para o espanto da Matriarca...

Foi numa noite quente de verão, quando a lua cheia iluminava a escuridão e tornava as estrelas mais pálidas, que uma mulher atingiu um nível de consciência tal que lhe permitiu dizer uma palavra mágica, a mais mágica de todas as palavras: “não!”. Esta mulher que disse “não”, recusou-se a participar do ritual de fertilidade do solstício de verão. Ela era independente, ousada e auto-suficiente. Disse “não”, enfrentou a Matriarca e a Deusa Mãe e realmente se afastou dos gemidos que preenchiam a noite quente. Ficou lá, solitária na floresta a observar a Lua. Exatamente 14 dias após este evento, algo sobrenatural ocorreu a esta mulher insubordinada: ela menstruou. Jamais em bilhões de anos de História deste planeta, havia se visto algo semelhante. Nenhuma Fêmea de mamífero menstrua, pois os animais não conseguem dizer “não” aos desígnios da Mãe. Mas esta mulher, por livre e espontânea vontade, negou-se à fertilidade, desafiou a Deusa e foi por ela punida: o sangue era a marca da maldição da Mãe. A mulher foi expulsa da tribo e condenada a viver só, na floresta. Esta mulher, sinistra e marcada pela maldição, abandonou para sempre os Ciclos da Mãe Terra e passou a seguir os Ciclos da Mãe Lua. Filha da Lua ela era e a cada 28 dias, a cada lua, sob as sombras da foice da lua negra, ela sangrava. E a esta altura, já estamos nós há 7 mil anos passados, no início do período Agropastoril.

A Agricultura se expandiu, animais foram domesticados e o cão, o gato, a cabra, o carneiro e a vaca[M7] se tornaram aliados inseparáveis da Humanidade. Utensílios domésticos e ferramentas eram feitas não só de pedra polida, mas também de cerâmica finamente trabalhada, de madeira entalhada e polida e cordas e tecidos bem mais elaborados eram feitos nos teares das Matriarcas. A aldeia e a tribo passou a ser definitivamente o local onde os humanos habitavam. As cavernas foram para sempre esquecidas e espíritos maus passaram a habitá-las. A religião tornava-se cada mais complexa, mas a Deusa Mãe ainda era o centro do mundo. No verão, rituais de fertilidade encontravam lugar nas noites de lua cheia. No outono, a colheita e o plantio seguiam o ofíco sagrado. A idéia de que o sacrifico do grão necessitava de um sacrifico maior para acompanhá-lo, levou as Matriarcas a adotarem neste período o sacrifico humano como regra. Sob a foice vermelha da lua negra, um homem forte e robusto, o melhor grão da tribo, entregava-se à foice da Matriarca em sacrifico à Deusa. Suas carnes eram o alimento da tribo. Seu sangue fecundava os campos e seu coração era pela Matriarca devorado, para que ele, tal quel o trigo nos campos, pudesse dela renascer na primavera. No inverno, o recolhimento de toda a tribo em torno do fogo, marcava a celebração da esperança por tempos melhores. Na primavera toda a tribo se alegrava com as flores, com o nascimento dos bebês e com o renascimento do filho da matriarca. Os Caminhos da Mãe eram seguidos à risca.

Longe dali, porém, uma mulher marcada pelo sangue não participava de nada disto. Concentrava-se em sua vida solitária, em suas ervas medicinais, em suas poções e ungüentos, em seu contato com os animais silvestres[M8] e reverencia a Lua como Deusa. Suas companhias era o gato. Não foram poucas vezes que homens tentaram seduzir estas mulheres enigmáticas da floresta, mas elas sempre preferia a companhia de outras mulheres e da Deusa Lua. Alguns desses homens submeteram-se às bruxas e lá com elas ficaram, tornando-se magos. Outros foram simplesmente por elas mortos. Muito comum era o hábito destas mulheres raptarem bebês para criá-los como filhos ou para com eles elaborarem poções mágicas. Igualmente não foram poucas as vezes que as Matriarcas se aproximaram destas mulheres-bruxas, para pedir-lhes conselhos de magia, para implorar-lhes a cura de males, para consultar-lhes a sabedoria. Com o passar do tempo, o culto à Lua e o culto à Terra se reunificaram em uma única religião matriarcal. Existiram sociedades matriarcais compostas exclusivamente por mulheres, e outras mistas, nas quais os homens eram vistos sempre como seres inferiores. As mulheres eram todas deusas e a Matriarca era a Deusa Terra, enquanto a bruxa era a Deusa Lua. O Matriarcado chegava a seu apogeu há aproximadamente 6 mil anos passados, no início do período urbano.

Nesse tempo, com certas variações de um lugar para outro, de uma sociedade para outra, ocorreu a maior revolução social de que se tem notícia até hoje: a revolução sexual masculina. Os homens, cansados de serem relegados a um segundo plano e à inferioridade social, resolveram “virar a mesa”. Para tal, usaram aquilo a que vinham se dedicando com afinco há centenas de milhares de anos: a força bruta. Acostumados que estavam com os instrumentos de caça e de guerra, usaram a força para subjugar a Matriarca. Muitas mulheres foram dizimadas, mutiladas, violentadas e escravizadas pelos homens enfurecidos. Passado o calor desta primeira manifestação de cólera contra a tirania feminina, a razão falou mais alto e os novos senhores da tribo, os Patriarcas, depararam-se com um problema de ordem prática: se as mulheres são divinas porque são mães, como será possível a um homem adquirir o mesmo status ? Somente sendo ele pai. Mas como um homem pode se tornar pai se não é ele que gera os filhos? Obrigando as mulheres a serem absolutamente fiéis e celibatárias. A sexualidade feminina foi então massacrada. “Toda mulher somente poderá ter um homem”[M9] . “Toda mulher deverá se conservar virgem para ser aceita por seu esposo”[M10] . “Toda mulher é propriedade de seu pai, quem deverá decidir com ela deve se casar”[M11] . “É proibido que as mulheres tenham sexo com seus filhos e irmãos (únicos machos a quem elas teriam acesso, mesmo assim, restrito)”[M12] . “Toda mulher é um ser inferior e, como ser desprovido de pensamento, deve absoluta obediência aos homens”. Estas foram as primeiras leis da Humanidade. Leis cuja desobediência era invariavelmente punida com a morte.

As religiões matriarcais foram perseguidas e combatidas com violência. As matriarcas e as bruxas eram assassinadas em nome do Patriarcado. O medo irracional do homem pelo retorno a uma condição inferiorizada num possível Matriarcado renascido, fez com que o Patriarcado abominasse qualquer coisa que o lembrasse dos tempos esquecidos da Grande Mãe. A homossexulidade era mal vista, principalmente a masculina[M13] . A Deusa Mãe foi substituída pelo Deus Pai. Os Ciclos da Terra e os Ciclos da Alma Humana foram relegados a um plano puramente biológico e o tempo se tornou linear, marcado por eventos eminentemente masculinos: guerras, conquistas, reis, poder, opressão e violência. Rituais de iniciação passaram a ser impostos aos jovens rapazes, para que eles fossem aceitos na sociedade como homens e se diferenciassem das mulheres[M14] . O falo ereto passou o símbolo máximo da cultura desta época e mantém-se até hoje ereto, sob forma de obeliscos, torres, bandeiras, estandartes, cetros e cajados. O amor à Pátria e o temor a Deus são as conseqüências deste falo ereto e opressor.

Qual o destino dos Caminhos da Grande mãe? Jamais a Mãe foi esquecida, mesmo tendo sido pela Humanidade repudiada, temida e execrada. Seus Eternos Ciclos continuaram e continuarão a reger o mundo. “Oh Fortuna, Imperatrix Mundi !”[M15] . As datas da Grande Mãe[M16] foram incorporadas às religiões patriarcais, bem como seus ritos. O solstício de verão, com suas danças rituais de fertilidade em torno do fogo eterno, deu origem às festas folclóricas de roda (como as festas juninas, por exemplo). O equinócio de outono, com os festejos da colheita, deu origem às comemoração da Natureza e da Vindima, bem como os sacrifícios da semeadura originaram as festas de “Halloween”e as celebrações do dia dos mortos. O ritual do sacrifício humano da semeadura, originou toda a liturgia católica da Missa, com o sacrifício do Filho de Deus, a distribuição de sua carne, transubstanciada em pão e de seu sangue, transubstanciado em vinho. A celebração da esperança no inverno originou os festejos do Natal cristão e da Hanukah hebraica. A celebração do renascimento da Natureza na primavera e os festejos da chegada dos rebentos, deu origem à Páscoa cristã e ao Pessach hebraico. O ano romano se iniciava em Aprile[M17] , marcando o renascer do Ciclo da Mãe, bem como até hoje o ano chinês.

Milênios de opressão Patriarcal se passaram em variadíssimas expressões de violência não só contra a mulher, mas contra tudo e todos que pudessem se opor às idéias do Patriarca ou que pudessem incitar seus medos trancafiados no Inconsciente Coletivo. Mas, um renascimento, como sempre faz a Mãe, estava por vir... Somente nos anos 60 do século passado, mais de 6 mil anos após a instauração do Patriarcado, as mullheres cansadas de opressão se rebelaram. À elas se somaram muitos jovens que reinvidicavam liberdade[M18] . Quebraram os grilhões da ditadura machista e clamaram por novos tempos de paz, amor e igualdade. Todos os símbolos ligados ao Pai foram destruídos sistematicamente e mulher resgatou sua condição de cidadã livre e auto-suficiente. Infelizmente esta batalha ainda está apenas em seus primórdios e na Terra ainda existem inúmeras sociedades machistas e repressoras, enquanto mesmo as sociedades tidas como mais liberais, ainda mantém em si uma configuração claramente patriarcal.

Qual o melhor caminho a se seguir? Uma volta plena ao Matriarcado? Talvez isso seja um retrocesso e há que se lembrar que foram exatamente os excessos do Matriarcado que deram origem ao Patriarcado e seus excessos ainda piores. A alternativa é uma sociedade igualitária, onde não haja nem Matriarcas, nem Patriarcas, mas onde todos sejam irmãos e livres, onde o sentimento supremo seja a fraternidade. Esta sociedade, ainda num plano utópico, chamar-se-ia Fratriarcado[M19] . Se não temos Mátria, temos Pátria, mas queremos Frátria, devemos lutar contra os preconceitos que nos aprisionam, tornando-nos mais abertos, aceitando em nós a Deusa Mãe e o Deus Pai, em uma perfeita e plena harmonia.

[M1]O mais importante predador humano foi o Tigre de Dentes de Sabre, mas havia muitos animais que gostavam de incluir humanos em seu cardápio de rotina.

[M2]No Hemisfério Norte, dia 21 de Junho.

[M3]No Hemisfério Norte, dia 21 de Setembro.

[M4]No Hemisfério Norte, dia 21 de Dezembro.

[M5]No Hemisfério Norte, dia 21 de Março.

[M6]Do Latim: Sacro Oficium, trabalho sagrado, ofício sagrado.

[M7]Os animais foram domesticados nesta ordem. O Cão, pelo homem, durantes suas excursões noturnas de caça, o gato, pela mulher, durantes os frios dias de inverno nas cavernas e, mais tarde, a cabra, o carneiro e a vaca. O cavalo e os demais animais domésticos somente foram incorporados à rotina humana muito mais tarde, nos períodos patriarcais.

[M8]É conhecido o uso do sapo, da salamandra e do veneno de animais peçonhentos em poções mágicas em diversas épocas e em diversas regiões do globo.

[M9]Notar que o homem pode ter quantas mulheres quiser!

[M10]Notar que o homem não tem necessidade alguma de ser virgem ao casar-se!

[M11]Notar que os homens são sempre livres e senhores de si mesmo!

[M12]Notar que não há impedimentos sobre um homem ter relações sexuais com suas filheas. Não se permitia porém que um homem mantivesse relações sexuais com suas irmãs, por estas serem propriedades dos pais.

[M13]Evidentemente por ter símbolo de centenas de milhares de anos de Matriarcado.

[M14]Antes destes rituias de iniciação, os rapazes eram visto como mulheres e a pedofilia era comum, corriqueira e até mesmo insentivada, como uma espécie de treinamento para os futuros homens.

[M15]“Oh Fortuna, Senhora do Universo!”. Título e parte da letra do movimento de abertura da Ópera “Carmina Burana”( “Cantos Profanos”) do autor Alemão do Século XX, Carl Orf.

[M16]Há que se lembrar que todos estas datas se referem às estações do ano no Hemisfério Norte, origem da Humanidade.

[M17]Mais tade, na Idade Média, o calendário foi alterado para ter seu início em janeiro, desvinculando-se dos resquícios matriarcais e associando-se ao nascimento de Jesus. Para ser específico, o ano cristão se inicia 7 dias após o Natal, comemorando-se a circuncisão de Jesus.

[M18]Movimentos de contra-cultura: como os “hippies”, por exemplo.

[M19]Ou como a chamavam os gregos antigos: philadelphia. Amor entre os irmãos.