As Origens
A origem das Olimpíadas data de há aproximadamente dois mil
e quinhentos anos. Pouco se sabe sobre seu começo, envolto na aura de lenda que
sempre cerca os grandes acontecimentos ou façanhas de seus heróis. A mais
famosa tem Hércules como personagem principal. Hércules foi um dos heróis da
mitologia grega, cujo deus supremo, Zeus, era justamente seu pai. Sendo seu
filho, ele nasceu com muita força e muitos poderes. Hércules, num acesso de
loucura, acabou por assassinar sua própria esposa e seus filhos. Para expiar
seus pecados, o herói foi obrigado a executar 12 trabalhos tidos como
impossíveis. Depois de muitas aventuras o herói conseguiu concluir todas as
suas tarefas, e insatisfeito com as recompensas que recebera, resolveu criar os
Jogos Olímpicos para homenagear Zeus e a si mesmo.
Outro
belíssimo mito que nos fala das razões para que os Jogos Olímpicos ocorressem é
o mito de Apolo e Dafne. Apolo, o orgulhoso e pomposo deus do sol, certa vez
estava treinando o arco com suas flechas douradas que simbolizam os raios
solares. Por ali perto passava Eros, o deus do amor, trazendo também
seu arco e suas flechas. Apolo, muito
arrogante, disse a Eros que o melhor seria qu Eros desistisse de usar o arco,
pois todos sabiam que o melhor arqueiro do Olimpo era ele mesmo: o próprio
Apolo. Bastante chateado com a provocação, Eros nem se deu ao trabalho de
responder, mas subiu até o alto de uma colina e de lá mirou bem o corção de
Apolo, flechando-o com uma flechas da paixão. Como passava ao largo uma bela
ninfa chamada Dafne, Apolo por ela imediatamente se apaixonou. Porém, o
ardiloso Eros tomou o cuidado de flechar o coração de Dafne com a flecha da
indiferença. Apolo, vendo-se então rejeitado pela ninfa, passou a persegui-la
por toda a Grécia. Cansada e desesperada com tamanho assédio, Dafne pede à
deusa da Justiça para que pusesse um fim ao seu suplício. Penalizada, a Justiça
transformou Dafne em uma bela árvore: o loureiro (“dafne” em grego significa
“loureiro”). Vendo sua amada irremediavelmente afastada de sua paixão, o grande
Apolo sentou-se à sombra do loureiro e chorou, curvando-se ao poder do amor.
Mais tarde, Apolo colheu algumas folhas de louro e faz para si uma coroa
trançada para levar sempre consigo uma lembrança de Dafne. Ainda ordenou aos
mortais que naquele local, ao redor do loureiro, fossem realizados, a cada
quatro anos, jogos desportivos em honra de Dafne, como era costume que se
fizesse na Grécia Antiga para celebrar os mortos. Aquele local era a cidade de
Olímpia e os jogos a Dafne ficaram conhecidos como Olimpíadas. Os maiores
heróis da Grécia antiga sempre rumaram para Olímpia a fim de testar suas
habilidades esportivas e competir. Aos vencedores era oferecida uma coroa de
louros, os louros da vitória, como símbolo do reconhecimento do deus Apolo.
A História
Existem
indícios de que, durante muito tempo, os Jogos Olímpicos deixaram de ser
disputados. Conta-se que, no ano 884 a.C., algo muito grave ocorreu na região grega
de Élida: uma peste assolou toda a área. Desesperado com o que estava
acontecendo, o rei Ífito foi consultar a sacerdotisa Pítia e foi nesse ponto
que a lenda novamente se confundiu com a história: os deuses só fariam cessar a
peste se voltassem os Jogos Olímpicos. Assim, os jogos retornaram e passaram a
ser realizados regularmente, de quatro em quatro anos. Oficialmente, porém, as
provas se contaram a partir de 776 a.C., quando se iniciou o registro dos nomes
dos campeões.
Quando
se fala em Jogos Olímpicos, é preciso deixar claro que as competições atuais,
com o mesmo nome e realizadas a cada quatro anos, guardam determinadas semelhanças
e diferentes com os eventos gregos de 2.500 anos antes. No primeiro caso, pelo
sistema grego de divisão de tempo, o espaço no calendário entre os jogos era de
quatro anos. Este método de contar o tempo tornou-se comum por volta de 300
a.C. Todos os eventos eram datados a partir de 776 a.C., o início da primeira
olimpíada conhecida. Por volta de 775 a.C., os reis de Pisa, Esparta e Ilía
firmaram um tratado de paz (o Ekeheiria). Esse acordo foi consagrado meses
depois em Olímpia, quando se reuniram os principais atletas dos três feudos.
Num disco de pedra, foram inscritas as regras básicas desse acordo, com a
assinatura dos três reis. E é nessa pedra que é encontrada a frase: “Jogos
Olímpicos de Ekeheiria”. A partir desta data, os demais feudos começaram a
organizar atividades internas, para selecionar seus melhores atletas. Em 724 a.
C., foi programado então, além da corrida a pé, uma prova em dois estádios, ou
seja, duas voltas na pista. Mais tarde, foi organizada uma prova de
resistência, com 24 voltas. Em 708 a. C, o Pentatlo era disputado, consistindo
de uma corrida de velocidade, duas disputas de arremesso de dardo e disco,
salto em distância e uma luta. Em seguida, esses jogos começaram a atrair
atletas de outras colônias da Grécia, da África e das costas do mar
Mediterrâneo. Foi quando os jogos passaram a contar com um programa e conceitos
rigorosos.
Assim, eles passaram a ter uma
cerimônia de abertura, com o juramento dos atletas sobre o sangue do sacrifício
de animais. No segundo dia, eram disputados o Pentatlo, as corridas de
charretes de quatro rodas (puxadas por dois ou quatro cavalos). No terceiro
dia, era a vez das corridas. No quatro, as lutas livres ou com punho. No
quinto, a distribuição dos prêmios durante um banquete.
Inicialmente,
as competições eram estritamente masculinas, mas acabou-se permitindo que as
mulheres passassem a organizar um torneio paralelo, chamado de Heraea, na
metade de cada intervalo de quatro anos. A primeira participação das mulheres
em competições ocorreu em 750 a. C., durante uma festa de casamento. Seis anos
depois, essas mulheres conseguiram autorização para participação integral nos
jogos. Como a participação nos jogos era considerada uma homenagem monumental,
só podiam se inscrever nas provas atletas de passado limpo e de caráter
inabalado. Os escravos e aqueles que tinham uma "marca" negativa em
seu currículo eram impedidos de participar das competições. Os prêmios para os
vencedores eram uma folha de palmeira e uma coroa de ramos trançados de
oliveira: os famosos louros da vitória.
Em
456 a. C., Roma invadiu a Grécia, que perdeu sua independência, mas os romanos
procuraram manter viva a tradição dos jogos e passaram a estimular seus jovens
a desafiarem os helênicos. Foi quando os
Jogos da Paz acabaram se transformando em jogos da discórdia e da corrupção.
Para superar os helênicos, Roma profissionalizou seus atletas e, quando estes
não conseguiam vencer os gregos nas disputas, procuravam subornar seus
adversários. A influência do dinheiro aumentou então a ira entre invasores e
dominados. Em 17 a.C. o imperador Tibério e seu sobrinho Germânicus não
pouparam esforços (inclusive a sedução) para vencerem a quadriga dupla. Em 67
a.C., o louco imperador Nero ganhou o prêmio da quadriga, depois de ter
ameaçado seus adversários. Ele ainda exigiu ganhar o prêmio de poesia. Com
isso, os jogos perderam todo o conceito que tinham de ética e moral.
No
século 6, um terremoto arrasou parte de Olímpia e seu estádio. Depois, uma
avalanche, seguida de inundação, atolou as ruínas embaixo de seis metros de
terra e pedras. Por muitos anos, Olímpia ficou esquecida.
As Olimpíadas Modernas
Em 23 de junho de 1894, foi criado em Paris o COI
(Comitê Olímpico Internacional). Seu objetivo: reviver as competições da
Antigüidade. O principal fator deste renascimento foram as escavações, em 1852,
das ruínas do templo de Olímpia onde aconteciam os Jogos nos tempos ancestrais.
A redescoberta da história das olimpíadas provocou um renascimento dos valores
esportivos do gregos antigos. A iniciativa partira do historiador francês Charles
Louis de Feddy, Barão Pierre de Coubertin. Dois anos depois, 295 atletas de 13
nações disputavam em Atenas os primeiros Jogos Olímpicos da Era Moderna. Tratava-se de uma mistura de
amadores, esportistas de segunda categoria e equipes improvisadas - sem
mulheres. Inicialmente, os Jogos Olímpicos da Era Moderna não foram levados a
sério pelas entidades esportivas nacionais. Mas os jogos seguintes, em Paris e,
sobretudo os de Londres, em 1908, ajudaram a consolidar a competição. A
competição havia sido idealizada anos antes, mas foi necessário transpor uma
série de obstáculos.
Coubertin por pensar numa medição de
força corporal no estilo da Olimpíada grega, ele era ridicularizado e, na
maioria da vezes, ignorado. O jovem barão era um patriota profundamente
preocupado com a situação de sua "grande nação". Na sua opinião, a
França, no final do século 19, estava enfraquecida pelas constantes trocas de
governo e derrotas militares. Seu objetivo, portanto, era "arrancar os
jovens indolentes dos botecos e torná-los pessoas de caráter e fisicamente em
forma". Ele almejava um equilíbrio entre treino corporal e formação
intelectual. Para concretizar suas idéias, o Barão de Coubertin criou um Comitê
de Propagação dos Exercícios Físicos na Educação. Ele procurou patrocinadores,
sob o argumento de que o futuro da França estava em jogo. Para o historiador, o
cenário ideal para incentivar o fisiculturismo seria uma competição à moda dos
Jogos Olímpicos, que já não eram mais realizados há 1500 anos. Longe dos
nacionalismos mesquinhos, os povos deveriam participar de uma competição
pacífica, como na Grécia Antiga. É daí que vem a máxima "o importante é
competir", ou seja, o importante é que países que se odeiam, raças que se
discriminam, aceitem os mesmos critérios de excelência física, de rivalidade
corporal. A Bandeira Olímpica, desenhada pelo Barão de Coubertin em 1913, com
os cinco círculos coloridos entrelaçados, simboliza os cinco continentes em
uma harmonia global: o azul representa a Europa, o amarelo Ásia, o preto a
África, o verde a América e o vermelho a Oceania. O fundo branco, bem como o
símbolo da pomba, representam a paz.
O
poder do esporte e, principalmente, das Olimpíadas foi logo reconhecido pelos
nazistas. Os Jogos de 1936, em Berlim, transformaram-se em instrumento de
propaganda. Nos anos seguintes, passaram a ser meio de pressão política. Hoje o
espetáculo conserva apenas tênues lembranças da filosofia olímpica original, de
confraternização entre os povos. Em 1896, pensou-se que guerras, conflitos,
rivalidades e uso da violência seriam deixados de lado durante as Olimpíadas.
Imaginava-se que, durante a competição, reinariam o entendimento, a cooperação,
o conhecimento mútuo e a solidariedade. Justo ao contrário do imaginado, foram
os Jogos Olímpicos que foram cancelados por 3 vezes, devido aos acontecimentos
da Primeira e da Segunda Grandes Guerras. Igualmente lastimável e anti-olímpica
foi a iniciativa dos Estados Unidos de boicotar os Jogos de Moscou em 1980.
O
mercantilismo, como sempre, tomou conta dos Jogos Olímpicos, que se tornaram um
negócio multimilionário: a publicidade dos acessórios esportivos transformam os
atletas em homens-sanduíche, cobertos por anúncios. O marketing associa, descaradamente, o consumo de certos produtos aos
Jogos. O olimpismo era sinônimo de
amadorismo, uma espécie de amor pelo esporte. Contudo, o profissionalismo dos
competidores virou regra geral. As "fraudes" contra o amadorismo
remontam aos tempos da Guerra Fria. No bloco soviético, os atletas eram
funcionários do Estado. Do lado americano, o atleta recebia uma bolsa de uma
universidade qualquer e também se dedicava integralmente ao esporte. O idealismo
e a pureza que o Barão de Coubertin desejava imprimir à competição, no mesmo
espírito da Olimpíada grega que, além do caráter competitivo, possuía também um
significado religioso, mas a ideia morreu ao
longo dos anos.
Oficialmente a partir de 5 de Agosto de 2016 estão abertos os 31º Jogos
Olímpicos da Era Moderna no Rio de Janeiro, Brasil. Os próximos Jogos Olímpicos
ocorrerão em Tóquio, Japão, em 2020. Os Jogos Paralímpicos envolvendo pessoas
com deficiência, incluem atletas com deficiências físicas (de mobilidade,
amputações, cegueira ou paralisia cerebral), além de deficientes mentais.
Realizados pela primeira vez em 1960 em Roma, Itália, têm sua origem em Stoke
Mandeville, na Inglaterra, onde ocorreram as primeiras competições esportivas
para deficientes físicos, como forma de reabilitar militares feridos na Segunda
Guerra Mundial. Atualmente ocorrem em seguida aos Jogos Olímpicos e sua 15ª
edição terá início em 7 de Setembro, no Rio de Janeiro, Brasil. Os Jogos
Olímpicos de inverno são também disputados a cada quatro anos desde 1924 e os
próximos a se realizarem, serão os 23º Jogos Olímpicos de inverno em
Pyeongchang, Coréia do Sul, em 2018. As Paralimpíadas de Inverno de 2018 serão
celebradas no mesmo local.